Quando o bezerro de ouro,
Aponta o paraíso extasiante,
Da felicidade sem desdouro,
Deixa todo mundo delirante.
Para melhor cuidar os bens,
E vê-los mais encantadores,
Briga-se por poucos vinténs,
Em torno de saldos e valores.
O desejo de cuidados seguros,
Faz administrar com destreza,
Para aproveitar até monturos,
Capazes de gerir mais riqueza.
A lida diuturna relega a amizade,
E no lugar da valiosa vizinhança,
Impõe-se a mais vil deslealdade,
Com vistas à polpuda poupança.
Ajuntar volumosos bens e isolar-se,
Como magno caminho da adoração,
Mais confortável do que realizar-se,
Induz à mais depravada enfunação.
Na sofisticada e rigorosa burocracia,
Dana-se ao ralo a relação benfazeja,
Pois o que tão ilusoriamente delicia,
Não preenche o que o coração almeja.
Mais do que eficiente administração,
Cabe auscultar o que sobra da lida,
Já que sem a linguagem do coração,
Fecha-se valioso caminho para a vida.
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