sábado, 5 de abril de 2014

Músicas



Oh! Saudade dos tempos de antanho,
Em que músicas eram potencializadas,
Pela vibração do ar que saía do pulmão,
E o volume maior do som, nada estranho,
Criava ambiente de rara e efusiva comoção.

Dos microfones aos potentes amplificadores,
Para muito além das proporções suportáveis,
Entrou a disputa pelos maiores potencializadores,
Com volumes os mais infernais e desagradáveis.

Muitos rapazes, ao desejarem esnobar seu brio,
Nem se reportam à expressão da virilidade corporal;
Usam tão somente velhos carros de aspecto sombrio,
Para amealhar do intenso volume uma aparente moral.

Distantes das músicas de harmônicas melodias,
Repete-se exaustivamente o tom de duas teclas,
E se as letras já não exaltam os belos e bons dias,
Proliferam nelas, os besteiróis de muitos asseclas.

Nas saudades também anelam amplos desejos,
Das exuberantes melodias de ondulados sons,
Capazes de encher a alma dos melhores ensejos,
E fazê-la transbordar cheia de melodiosos tons.

Que bom seria com belas músicas poder inebriar-se,
E no embalo das sonoras ondas nem ferir o ouvido,
E ainda divagar por mundos viáveis até extasiar-se,
Sem a nojenta exploração de um tema já denegrido.


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