O constante migracionismo,
Na busca de estabilidade,
Não alivia o psiquismo,
De sorrateira fatalidade.
Quando tantos se acostumam,
Ao diário e intenso agitamento,
Tensões internas se avolumam,
E roubam todo o contentamento.
A intensa estetização do cotidiano,
Impõe o gostoso, bonito e divertido,
Só que impõe processo desumano,
E deixa o mundo interior preterido.
Sob o “realiza-te a ti mesmo”,
Rompe os laços familiares,
E ejeta ao perdido esmo,
As tradições milenares.
Sem a percepção interior,
Dos valores do passado,
Assume força superior,
Apenas o engraçado.
Quando os distúrbios de adaptação,
Não evadem os surtos depressivos,
Nem os psicóticos ensejam satisfação,
Por que descurar passos progressivos?
Emerge, então, o comércio tentador,
Que explora o sofrimento à exaustão,
Mas seu lenitivo nada amenizador,
Tampouco alivia a interna combustão.
Se o sentimento vazio da existência,
Inviabiliza algo essencial ao
sentido,
Também não encontra na convivência,
As riquezas do vasto mundo preterido.
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