sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

ÓCIO COMO FIM EM SI MESMO

 

 

Preâmbulo

 

A organização da vida moderna está sendo engendrada em torno do trabalho. Assim, até o ócio ficou atrelado ao quadro referencial da atividade produtiva. Como o trabalho é pensado para um ciclo da vida, o antes e o depois, permitem a suposição de que possam ser de muito ócio.

 No entanto, é possível separar o ócio do mundo do trabalho? E quem tem todo o seu tempo como tempo livre, geralmente aborrecedor – como é o caso de tantos aposentados – podem eles vivenciar mais ócio? Não necessariamente, dado que o ócio ficou delimitado ao campo do consumo. Assim, o ócio pode revelar-se altamente alienante e manipulador para interesses e fins econômicos.

O ócio, entendido como um fim, abre uma perspectiva importante para ser assimilado, não como gratificação pelo trabalho e nem, tampouco, com qualquer tipo de ocupação pessoal ou a induzida por organizadores para o tempo posterior ao período de trabalho. Poderá envolver uma postura por qualidade de vida, não somente na dimensão pessoal, individualista e de desfrute, mas, de corresponsabilidade pelo bem-estar do entorno e que contribui para a elevação da vida social e cultural.

Nossa abordagem é constituída por uma pequena reflexão sobre o tema, aquém dos rigores acadêmicos, porquanto existe uma infinidade de informações eruditas sobre o assunto. Pretende, tão somente, constituir-se em noção introdutória a um aspecto relevante do tema, que é o de ócio não ser assimilado estritamente pela capacidade de consumo. Neste alargamento de informações, o leitor poderá encontrar alguma motivação importante para as atividades cotidianas.

 

1 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DE ÓCIO

 

Muito já foi dito e escrito sobre o ócio, e, desde muito tempo. Conforme mudanças culturais se efetuam, o conceito de ócio vai adquirindo outras conotações, e, desta diferenciação, nasce a grande dificuldade de se abordar o assunto. Assimila-se o ócio sob qual pressuposto cultural? Seria mera preguiça e indolência, ou algo restrito ao tempo livre? É a mesma coisa que lazer e passatempo? E como se relaciona ócio com trabalho?

A definição pode estar atrelada a ideologias diversas e a óticas de diferentes áreas do conhecimento, tais como Pedagogia, Filosofia, Antropologia, Psicologia, Ética, e, até da Geografia. Muda também, de uma sociedade para outra, a conceituação mais comum, e mais aceita sobre o ócio. Para um índio, ócio não representa a mesma coisa que representa para um empresário capitalista.

Ainda outro elemento que ajuda a embrulhar mais a definição de ócio está ligada aos contextos culturais, como o da sociedade industrial. Se por exemplo, pensarmos sob o quadro pós-industrial, poderia esta imensidão humana pensar em ócio, quando sequer consegue acesso ao trabalho, tão ardorosamente valorizado pela sociedade industrial e que restringe ócio ao tempo livre não relacionado ao trabalho?[1]

 

1.1 – Origem do conceito “ócio”

 

Dada à grande polissemia de significados atribuída à palavra ócio, não se consegue afirmar categoricamente quando começou, sobretudo, pelas muitas possibilidades de conceituação diferente. Positivamente, pode significar, estudo, escola, discipulado, leveza, tranquilidade e paz. Nas apreciações negativas da palavra, pode significar lentidão, inatividade, dolência, demora, indecisão, etc. De forma geral, a origem da aplicação do termo ócio se reporta ao período clássico grego e romano.

“Para o mundo grego o ócio era consubstancial à condição de cidadão e ao exercício da política.  O trabalho era atividade vinculada à escravidão e, as atividades políticas, entre as quais se encontram o exercício físico e o treinamento destinado a formar parte do exército, não eram considerados trabalho. Resulta especialmente interessante descobrir que a palavra que os gregos utilizavam para designar o ócio, deu lugar ao vocábulo latino ‘escola’ (schola,ae), que, enquanto ócio consagrado ao estudo, acabaria dando nome ao lugar onde se estudava”.[2]

Tanto no mundo helênico, quanto no romano, o que hoje entendemos por ócio, era pensado para mínima parcela da população. Mais tarde, na sociedade feudal, a produção de bens era escassa e não supria as necessidades sociais.

“A sociedade feudal que chegou até quase nossos dias, como sociedade estamental, viveu submetida a crises periódicas de produção e manutenção (fomes, pragas, epidemias, etc.), incapaz de criar grandes excedentes para lhe permitir vislumbrar o futuro com certa segurança, porque o valor do trabalho dominava todos os espaços físicos e temporais nos quais os indivíduos se desenvolviam nas ditas sociedades”.[3]

Por isso, a emergência da sociedade industrial, que instaurou o sistema de classes, no lugar da sociedade estamental, ensejou um nível de excedentes suficiente, até mesmo para cruzar os ciclos de crises. Desde as primeiras fábricas até as avançadas tecnologias dos dias atuais, incrementou-se extraordinariamente a produção. Neste fenômeno, o pano de fundo da segunda guerra mundial, por exemplo, pode ser visto sob um aspecto, como um desejo de ajuste da acumulação dos bens produzidos, o que também acabou proporcionando horário maior para o tempo livre.

 Naturalmente, a maior produção de bens estava a requerer maior capacidade de consumo. E, na medida que as necessidades básicas de alimentação vinham sendo supridas, abriu-se espaço no tempo, para outras atividades, sobretudo, de consumo e recreação. Todo o contexto não delineado do tempo livre ajudou a interferir e a dificultar uma assimilação consensual para o ócio. No entanto, algumas balizas se afiguraram como importantes: quanto ao tempo que se manifesta o ócio; quanto à atitude da pessoa que vive o ócio; e, da atividade que é considerada ócio.

 

1.2 – Conotações do termo “ócio”

 

A palavra “ócio” vem sendo usada para enormidade de situações diferentes: poderia ser algo para todos os humanos, ou somente para alguns, ou para certas faixas de idade? Muitas pessoas relacionam o ócio ao trabalho; outras, o enquadram no modo de ocupar o tempo livre, e, outros ainda, o delimitam a estado de espírito. Dali decorre mais uma implicância: que condições econômicas são necessárias para o ócio?

Desfruta de larga aceitação a definição do sociólogo francês Jofre Dumazedier, para quem o ócio é “um conjunto de ocupações, às quais o indivíduo se entrega livremente seja para descansar, para divertir-se ou para desenvolver sua formação desinteressada, sua participação voluntária ou sua livre capacidade criadora, depois de ter cumprido suas obrigações profissionais, familiares e sociais”[4]

Numa perspectiva parecida, encontra-se a definição do Dicionário da Língua Espanhola de 1992, que apresenta quatro acepções para a palavra ócio: cessação do trabalho, inatividade ou total omissão de atividade; tempo livre de uma pessoa; diversão e ocupação repousada (descanso de outras tarefas); atividade inteligente, fora das principais ocupações.[5]

Decorre, destas ponderações, uma primeira inquietação: ócio é algo somente para tempo livre, ou fora do trabalho?

Percebe-se, de imediato, que um pressuposto se torna evidente: a principal atividade é a do trabalho. Então, ócio fica enquadrado aos momentos de lazer, folga, passatempo e ocupações de tempo livre. Geralmente, ócio é assimilado como mero sinônimo para o que se faz depois do trabalho. Equivale ao oposto do trabalho, ou mesmo ao modo como se preenche este tempo para que se possa trabalhar melhor e com mais motivação. É nesta dimensão que se situa o entendimento comum das férias. Nesta direção, o ócio equivale a uma atitude pessoal para que o tempo fora do trabalho não prejudique as boas condições para o trabalho.

Na perspectiva de boa ocupação do tempo, fora do horário de trabalho, o ócio dependeria da liberdade de encantar-se e de contemplar algo que ajude a alargar a experiência de auto-realização, para tornar-se mais vibrante na execução e no rendimento do trabalho.

Vivenciamos ainda velhos resquícios do tempo clássico, tanto grego quanto romano. Na Grécia o ócio significava contemplação criadora para uma vida oposta à do trabalho. Trabalho era pensado para escravo e pobre. Para os romanos, ócio constituía sinônimo de descanso para o corpo e recreação do espírito, a fim de poder dedicar-se melhor ao trabalho e ao serviço público.

Da noção grega, Aristóteles situava o ócio num âmbito independente do trabalho, da produção e da utilidade, e o enquadrava no campo vinculado ao desenvolvimento pessoal e da busca da felicidade por pessoas e comunidades. Esta capacidade auto-superadora permitiria assimilar o ócio como não atrelado e nem confinado ao tempo livre, mas, à busca de felicidade.

Atualmente o sentido mais comum atribuído ao ócio é o de diversão, desenvolvimento, lazer, e, este equivale a turismo e recreação. No entanto, persistem ainda noções negativas sobre o ócio: “A palavra ócio resguarda valores negativos apregoados pela influência religiosa puritana, pela própria história da industrialização e da modernização brasileira, ao longo da qual se pode observar, claramente, o surgimento de uma nova ordem entre empresários e empregados, operários e patrões e necessidade de controle social no tempo fora do trabalho, para garantir a ordem numa sociedade elitista, herdeira de valores colonialistas”.[6]

Bem sabemos como a revolução industrial centralizou o trabalho e incutiu no sujeito moderno sua dependência ao trabalho. A atividade lúdica antes da revolução industrial tinha vínculo estreito com os cultos, as tradições e as festas. O lazer sequer existia por si mesmo, e, até o trabalho envolvia ludicidade e prazer criativo. Isto trouxe enormes dificuldades para que grupos humanos se adaptassem à organização da produção industrial.

Embora o ócio seja tão antigo quanto o trabalho, o efeito da revolução industrial o enquadrou no tempo livre. Diante da exploração do capital, mais tempo livre representou uma conquista, mas, paulatinamente foi sendo separado trabalho, e, tempo livre para lazer e múltiplas atividades não vinculadas ao tempo de trabalho. Segundo Requixa, este tempo de lazer recebeu, aqui no Brasil, a forte influência do sociólogo francês Dumazedier, como algo pessoal para o bom aproveitamento pós-trabalho.

 Portanto, lazer ficou restrito à margem das obrigações sociais. E o ócio, através da revolução industrial, passou a ser entendido - pelo contrário da noção do ócio grego, -  como sendo o causador de todos os vícios. Em contrapartida, o trabalho foi enaltecido como fonte de virtudes. Algo que se evidencia como suporte do ócio, deixa transparecer que “em nossa sociedade pós-industrial e tecnológica o ócio é um importante pilar de desenvolvimento que se relaciona cada vez mais com mais força a conceitos como progresso, bem-estar e qualidade de vida”.[7]

Por isso, o assunto prossegue polêmico em nossos dias. E um agravante a mais para a conceituação de ócio está relacionado ao processo manipulador que relaciona ócio ao processo consumista, através da criação de necessidades materiais, pois, se alguém consegue muito dinheiro, destaca-se como superior aos outros.

 

1.3 – Delimitação de significado

 

Em razão do que desejamos enfatizar em nossa reflexão, deixaremos de lado a associação do ócio ao tempo livre e tudo quanto isto implica em termos pedagógicos, educacionais ou de técnicas para motivar ocupações fora do horário de trabalho. Se entendemos que o tempo livre e o ócio fazem parte de um mesmo fenômeno, deixamos de perceber que sua natureza pode ser bem distinta.

Ademais, conceituar o tempo livre, pode trazer equívocos devido o adjetivo “livre”. O tempo pós-trabalho é realmente livre? Do que se está livre nestes momentos posteriores ao trabalho? Diante da concepção moderna do trabalho, subjaz um caráter impositivo, além de implicar em questões relacionadas ao mapeamento do tempo, que acaba estabelecendo pressão para atividades tão intensas quanto aquelas do horário de trabalho, já extenuantes pelo excesso de ação.

Antes do tempo moderno e industrial, a consideração do tempo livre podia ser equivalente a ócio, mas, atualmente parece estar numa posição contrária:

O trabalho livre, a partir do seu viés industrial dá passo também ao surgimento da compreensão do lazer, que passa a ser concebido como uma atividade que tem sua base ancorada na existência de um tempo livre, fomentado e reconhecido legalmente e que poderia ser exercido autonomamente pelos trabalhadores, tendo por base sua condição sócio-econômica e seus valores sociais”.[8]

Ocorre que o lazer fica submisso ao valor da atividade. Enquanto que no ócio não há conotação de atividade que persiga outro fim, pois o ócio traz, em si, a razão do seu fim, e isto não se concilia com um conceito determinista do tempo. Convém, pois, que se relacione a questão que envolve ócio e a velocidade do tempo.

 

2 – TEMPO, ESPAÇO E VELOCIDADE

 

O sociólogo italiano, Domênico de Masi, diz que somos os seres mais lentos do planeta, se comparamos as possibilidades do corpo humano com a velocidade máxima de carros, trens, aviões, foguetes, mísseis (de velocidades supersônicas).[9]

Os humanos conquistaram lentamente a condição de deslocar-se com maior velocidade. Mesmo assim, até poucos séculos atrás, a velocidade máxima era a do cavalo, e, se alguém quisesse ir de Paris a Roma levava algumas semanas andando a pé; já a cavalo, levava apenas uma semana. Pensar nisso, nos interpela: seríamos hoje capazes de suportar aquela lentidão? Atualmente, este mesmo trajeto é feito em poucas horas.

Como a velocidade é apreciada e adorada, as pessoas vivem a queixar-se da falta de tempo, até mesmo para eventual atividade não atrelada ao trabalho.

Domênico de Masi ilustra tal noção com a significação de epidemia, que procede de ‘epidemos” (o dia em que deus chega à cidade) atormentada pela velocidade: “antes que o coronavírus chegasse à cidade do homem, a cidade atingida pela mosca da velocidade, produzia cada vez mais rápido para consumir e consumia cada vez mais rápido para produzir.[10]

Um cacique indígena da Ilha de Samoa, teria feito, no início do século passado, uma viagem pela Europa e observou algo muito peculiar e estranho desta gente branca que visualizou por todo lado: “correm desesperados como se estivessem possuídos pelo demônio e, por onde passam, levam a desgraça e o pavor por terem perdido o seu tempo. Essa loucura é um estado horrível, uma doença que não há remédio que cure, que contagia muita gente e leva à ruína”.[11]

A sociedade industrial levou a um aceleramento fora do comum, tanto nas velocidades de deslocamento, - quanto nos ritmos de vida das pessoas, - a tal ponto que a maioria das pessoas se sente em ritmo frenético e turbulento de atividades; e apresenta reais dificuldades para vivenciar um ritmo mais lento. Para um eventual ritmo de vida mais lento, grande parte das pessoas teria que ser treinada por período prolongado. No entanto, menos obsessão pela pressa na vida, com certeza, seria algo benéfico à condição humana, especialmente, para livrá-la da obstinação pelo trabalho e pela hiper-aceleração das atividades. Crianças muito pequenas, já se revelam hiperativas e não permitem sossego por onde andam.

No contexto desta aceleração das atividades, também o tema do ócio, passou a ser entendido dentro do parâmetro das atividades econômicas, e representa uma necessária exigência que requer TV, esporte, cultura, viagens, férias, música, distração e espetáculo. Neste quadro, o ser humano se torna um grande e agitado espectador de realidades irreais, produzidas para entretê-lo. Desta forma, o tempo chamado de ‘livre’, já não é mais para cada indivíduo fazer o que quer; e, ócio virou sinônimo de consumo ou de alienação fora do tempo de trabalho regular. Basta conferir o quanto de tempo as pessoas passam mexendo no celular a qualquer hora do dia.

Toda a ocupação do tempo livre está colonizada pelo consumo e, portanto, vem alienando as pessoas de fazer o que elas livremente gostariam de fazer. O que poderia permitir uma experiência de ócio, já está apropriado por calendários, programas, ocupações, agendas e atividades de quem se vale deste tempo, para haurir rendas e lucros, como hotéis, praias, viagens, turismo, academias, e tantos outros meios. Não obstante, a paisagem urbana mostra a convivência de antigos hábitos e de costumes, os mais variados, de lugares distantes e distintos, e mistura tudo isso nas vitrines, junto com invenções velhas e novas, em meio a uma frenética ciranda de reprodução e acumulação:

“Subsistem conversas de botequim, o almoço do domingo, o circo tradicional, o salão de dança do bairro, a festa junina, a folia de reis, o futebol de várzea, a brincadeira de peão, o soltar pipa, a roda de samba, o churrasco depois do mutirão, o passeio e o namoro na praça, etc., embora avancem também a prática da ginástica de academia, o espetáculo esportivo, os grandes shows de música, a audiência da TV, a locação de fitas de vídeo, o acesso à internet, as viagens de turismo, os passeios no shopping, os jogos eletrônicos, as pistas de caminhada, o esporte de aventura, o domingo no parque temático”.[12]

A este quadro, ainda se pode acrescentar a chamada “cultura das saídas”, com pacotes de saídas para todo tipo de gosto, com fast-food, com self-service, e com muito “mix” de ofertas associadas entre hotéis, restaurantes e pontos turísticos. Embora este mundo de possibilidades se torne cada dia mais visível, já não visa mais o cidadão ou a cidadã, mas, somente um contribuinte e consumidor. O sistema movedor destas incontáveis ofertas, por um lado, exclui, mas, ao mesmo tempo, inclui; porém, de modo precarizado e subalterno.

“Sem perspectivas fora da vida implacável e selvagem da competição e do consumismo, resta ao sujeito contabilizar a quantidade de dor e prazer que acompanha na caminhada rumo ao ‘salve-se quem puder’ do individualismo que contamina o ‘pedaço’”.[13]

Percebe-se, pois, que o tempo e o espaço, como categorias que estabelecem um tempo para trabalho, e, nestes processos, a sociedade se estrutura e dá significados a tudo quanto se produz. “No Brasil, os princípios positivistas que influenciaram o nascer da república, reforçaram o mito da racionalidade iluminista e destacaram a educação como um poderoso instrumento de reprodução e adestramento sociais. Este contexto estreitou relações entre o Estado republicano, a escola e o modo do trabalho capitalista, influenciando a incorporação da recreação ao cotidiano brasileiro”.[14] Deste modo, a história humana vem construindo e desconstruindo a noção do tempo. Para Santo Agostinho de Hipona, por exemplo, o tempo era assimilado como um dom divino, não controlável pelos humanos.

Já na Idade Média, a Igreja entendia o tempo como um processo linear que se direcionava para um fim específico: o tempo novo inaugurado por Jesus Cristo. E, sob esta perspectiva, foi sacralizado o tempo natural, cíclico, cotidiano, ligado a ritmos da natureza como as estações, os fenômenos físicos e a interferência dos astros. A sucessão do conjunto destes movimentos foi assimilada como mediação para a causa de Jesus Cristo. Bastava ver que a sequência de dias estava relacionada à noção da criação do universo em seis dias. Como Deus teria descansado no sétimo dia, o domingo ficou identificado como dia de descanso.

Nos dias atuais o mapeamento do tempo, cada vez mais acelerado para produzir e render ao máximo, faz com que haja outra valoração do tempo: é o do trabalho, do social, do organizacional, o dos eventos sociais e o dos pequenos grupos de associação. Impôs-se uma hierarquia valorativa em que o topo é o do trabalho; que é buscado, e, para que este topo se mantenha estável, pelo menos durante oito horas diárias, as outras dezesseis também acabam divididas em sub-tempos para refeições, lidas domésticas, repouso e tempo para entretenimento. Até se indica que as 24 horas de um dia sejam divididas em três partes: oito para trabalho; oito para lazer; e, mais oito para refeições e sono.[15]

Sob este mapeamento, o ócio acaba enquadrado como algo possível para um dos tempos, que é o do lazer. Isso, no entanto, rouba a condição essencial da liberdade para que possa ser ócio. Ademais, este ócio depende de uma decisão racional, ou depende das decisões do mercado? Ócio procede, certamente, de outro âmbito do que o daquele que se reserva ao período de tempo livre. Na verdade, ócio deve impregnar não apenas o tempo livre, mas, todo o tempo, e também o do trabalho.

Diante de um modelo de ocupação e preenchimento do tempo que idolatra o trabalho e a competitividade, tudo quanto é atribuído ao ócio, acaba repercutindo em certo desconforto e mal-estar. Por isso, Domênico de Masi indica o sentido teleológico do ócio e convida a uma postura libertadora da ideia tradicional de trabalho, visto como obrigatório (e o que dizer daqueles que não tem acesso ao trabalho?). Faz-se necessário, pelo menos, sonhar com uma possibilidade que permita um sistema de atividades, em que o trabalho possa inteirar-se com o tempo livre e as atividades nele desenvolvidas. Seria, por conseguinte, um ócio criativo.

O referido sociólogo italiano teve, em longa parte de sua vida, uma agitação frenética de extraordinária atividade. Por longas décadas dormia no máximo quatro horas por noite, e, o resto do tempo era preenchido com aulas, palestras, entrevistas e muita atividade acelerada. Chegou a adoecer por causa desta hiperatividade, pois, sentia literal incapacidade de negar algum pedido ou convite.

 De repente constatou e reconheceu que tal limitação se devia à infância pobre, e a precoce morte do pai. Da longa overdose trabalhista, a reflexão o levou a constatar os infinitos absurdos e que causaram angústia devido a um tipo de organização de trabalho nas empresas.

 Diante disso, não viu solução na indolência ou vadiagem, mas, intuiu a possibilidade do ócio criativo. Lembrava um texto do Evangelho de Mateus, que convidava a olhar os lírios do campo que não tecem e nem fiam... e, que a questão não era tanto trabalhar e ficar vago: muitas coisas mecânicas podem ser delegadas às máquinas, para deixar mais tempo para coisas apreciadas como atividade cerebral e criativa.

Quando uma atividade é criativa, sem o atrelamento ao ter que render e produzir ao máximo no trabalho, permite-se uma unidade no que está separado: atividade criativa, lúdica, e, de aprendizado. Ele entende tal síntese como “ócio criativo”.

Historicamente a espécie humana já teria passado por estágios ascendentes, como os da atividade física à intelectual; da intelectual repetitiva para a criativa; e do trabalho labutado, bem distinto do tempo livre, para o ócio criativo, que funde trabalho, estudo e jogo.

Então ócio já não pode ser pensado como um tempo liberado, porque tal noção é sequela da concepção industrial: “A sociedade industrial fez com que milhões de pessoas trabalhassem só com o corpo, sem liberdade de expressar-se pela mente”. (Movimento de mãos e pés, sem cabeça).[16]

Requer-se uma outra liberdade em relação à da sociedade industrial, porque, então, os operários se salvavam do tédio, pensando em brigas, ou em namorados (as). No entanto, persistem hábitos advindos de longo tempo da fase industrial, que ainda levarão tempo razoável para serem relegados (é mais fácil perder o trono do que o hábito). Afinal, vale à pena estudar 15 ou 20 anos num ritmo intenso, para depois trabalhar 30 anos e fazer pouco ou nada antes de morrer? E como o sistema capitalista se move pelo baluarte eterno de que tudo deve levar a crescimento, vive, cada dia mais, a contingência de que falta tempo.

Masi salienta que: “Não é tanto do trabalho que nasce a civilização: ela nasce do tempo livre e do jogo”.[17]

O atual confinamento devido à COVID-19, nos acorda para o espaço que falta no âmbito da casa. Os poucos segundos para ir de uma parede para outra, toda a frenética velocidade perdeu seu status de valor: “A pausa não é mais um luxo, e só quem possui o dom da lentidão, pode ser salvar com a ajuda de sabedoria, mantendo-se equidistante da paranoia das idas e vindas lotadas e da depressão da solidão sedentária”.[18]

Já na antiga Grécia, Aristóteles debochava da vida dos comerciantes devido à sua vida sem pausas.  “Agora, na sociedade industrial, aceleramos tantos os nossos ritmos de vida a ponto de considerarmos lentos aqueles guerreiros e aqueles comerciantes que pareciam frenéticos aos gregos. Mas, depois, chegou o coronavírus exterminador e nos prendeu a meses de súbita e inevitável lentidão. Nada de trens, nada de aviões”.[19]

Assim a imensidão humana de atarefados, já acostumados a exercer turbulentas atividades materiais, vê-se forçada a pensar o tempo integral e o cultivo da lentidão para lidar com as recalcitrâncias subjetivas e interiores. E, lentidão, tanto quanto o ócio, constituem assuntos estranhos, e, que requerem treinamento a fim de que a serenidade possa propiciar um espírito criativo.

“A reclusão e a calma impostas pelo vírus nos forçam a exercitar aquela reflexão que a convulsiva sociedade secularizada nos fizeram desaprender e que agora se revela aos nossos olhos e nos obriga a admitir a diferença entre o necessário e o supérfluo, consistente e fútil, adulto e pueril. Quanto mais o olhar se acalma, mais sentido ele capta nas coisas que vê, e que, antes, às pressas ficavam indiferentes. Assim, aquelas ideias, aqueles objetos finalmente dotados de sentido oferecem ao nosso pensamento mais espaço para relaxar porque somente a lentidão é capaz de nos fazer captar e amar até mesmo as coisas mínimas”.[20]

O ócio depende do como valorizamos o tempo integral e do sentido que lhe damos. Portanto, é mais do que prática ociosa, com descanso, férias, diversão e espetáculo.

 

3 – DO ÓCIO COMO “PRÁTICA OCUPACIONAL”

AO “ÓCIO VALIOSO”

 

Existe praticamente um consenso de que ócio, em nossos dias, seja equivalente a descanso, férias, diversões e espetáculos. Esta identificação já arraigada no imaginário coletivo, ignora, e, passa à margem de outra dimensão mais ampla de entendimento do ócio.

Manuel Cuenca Cabeza[21] ao justificar o ócio valioso, salienta três outras concepções de ócio para melhor delinear o específico sentido do ócio valioso: ócio; ócio autotélico; e ócio humanista.

a) Prática sem compromisso - Um conceito de ócio bastante consensual equivale à noção relativa do que é feito de modo livre e sem finalidade utilitarista. Faz-se algo simplesmente pelo desfrute e pela realização pessoal que proporciona. Significa mais um tempo, do que atividade pessoal ou comunitária, executado a partir de motivações e vontade correspondente.

Por isso, já não se pressupõe a noção do ócio como descanso, ou tempo disponível depois do trabalho, mas, em passar um tempo em uma ocupação livre e gostosa. Quando se entende o ócio como prática de atividades, acaba-se inserindo-o num grande negócio internacional, que apresenta planos cada dia mais audazes e massivos para entretenimentos sociais, favoráveis a interesses econômicos e comerciais.

A preocupação pelo bem-estar na sociedade afetou intensamente a noção do ócio, criando uma pressão obrigatória para mais atividades ocupacionais e, por isso, proliferam centros esportivos, culturais, museus, lugares de turismo, de férias, de passa-tempo: “Desgraçadamente todas essas bondades, que favoreceram e ampliaram a vivência do ócio, não tem sido para todos e nem para todos os lugares”.[22]

E como o ócio predominante a nível mundial é o do consumo, significa assimilá-lo na dimensão passiva e atrelada à capacidade organizadora de pessoas espertas para grandes negócios, porque constitui um ócio eminentemente atrelado ao rendimento econômico.

Assim, a diversão de aparente ausência de compromisso com nada, pode constituir uma alienação induzida pelo grande processo de consumismo.

b) O ócio autotélico -  implica em processo consciente de desenvolvimento. Por isso, pressupõe, como suporte, a livre escolha, o fim em si mesmo (autotelismo) e uma sensação gratificante.

É um entendimento de ócio na dimensão lúdica, sensível ao ambiente ecológico, criativo, festivo e solidário. Distingue-se, pois, das práticas recreativas. E valoriza a ocupação, mais do que a satisfação. Consiste também em aprofundar uma experiência e uma postura positiva em função do que se faz. Portanto, foge, do campo de consumo, de educação, de ociosidade e de negócio, porque, neste horizonte, o ócio depende de outros interesses, e, assim se torna um processo alienador de quem supostamente pratica atividades assimiladas como ócio.

As cidades andam cheias de padronizações para a massificação das pessoas. Os estádios, por exemplo, destinam-se a um tipo específico de consumidores e os mobiliza em torno da imagem e da fama de certos ídolos, mais produzidos do que reais. E ainda se estimula intensamente a vinculação do consumidor à fama da celebridade. Com muita facilidade o uso social das mediações de ócio vem sendo impostos de fora para dentro, a partir de indivíduos e de grupos que arrastam a coletividade. Simultaneamente, constitui uma diversão que despersonaliza tanto quanto o trabalho.

Quando Aristóteles se referia à “eudaimonia”, ele supunha condição que produz felicidade e o ‘bem viver’, como muitos falam hoje. Felicidade, mais do que satisfação, abarca autonomia, auto-aceitação, e, até mesmo a sensação de vitalidade. É, portanto, um entendimento que remete para o sentido da vida, e o aprimoramento humano (muito mais do que diversão e descanso). Assim, Aristóteles já dissociava o ócio do trabalho, porquanto seria viável apenas para uma pessoa livre. Em razão desta condição, o ócio não poderia resultar de causas, mas, deveria ser efetuado numa perspectiva gratuita que amadurece a pessoa e a torna mais genuína no que é.

c) Ócio humanista - é aquele que sustenta a dignidade da pessoa. Trata-se de um ócio positivo que tem a virtualidade de melhorar a qualidade da pessoa e sua influência na comunidade, pois, tem seu suporte nos valores, como o da liberdade, da satisfação, da gratuidade e da identidade de quem se supera e se torna mais justo.

Percebe-se, por conseguinte, que o ócio humanista implica em desenvolvimento da pessoa e que implica num efeito que repercute positivamente na comunidade social. Nesta ótica, o ócio já não é uma atividade espontânea, mas, decorre de uma experiência estruturada a partir de formação.

d) Ócio valioso“É a afirmação de um ócio com valores positivos para pessoas e comunidades, baseado no reconhecimento da importância de experiências satisfatórias e seu potencial de desenvolvimento social”.[23]

Enquanto a noção de ócio humanista já apresenta o valor de ser algo cultivado com vistas a uma finalidade boa, para a pessoa e o seu entorno, o adjetivo “valioso” acrescentado ao ócio, salienta a repercussão social da prática de uma atividade como ócio. Este potencial de desenvolvimento humano, não exclui a economia, mas, não a torna absoluta.

O ócio valioso, “enquanto necessidade humana de satisfação, desfrute, distanciamento da realidade ou realização pessoal e comunitária, adota diferentes modos de satisfação, em função das mentalidades, tradições, e culturas dos diferentes povos”.[24]

Este, evidentemente, não é o perfil do ócio da sociedade de consumo. Fazer experiência do ócio valioso, não significa fazer experiências repetitivas, porque a noção do ócio depende do grau da iniciação de quem o experimenta, e ainda mais, leva a realizar algo sem exigências ou cobranças especiais. E leva a imergir receptivamente na capacidade contemplativa, que produz sensação intensa, catártica e inesquecível. Em suma, ócio valioso, equivale a desenvolvimento humano.

Separado da mera noção de passatempo, o ócio adquire outra significação para a vida:

“Tradicionalmente o ócio foi considerado um aspecto residual da vida, uma parte pouco significativa, secundária, um luxo, algo periférico. Atualmente começa a ser considerado um elemento central, algo que pode ser experimentado pela maioria das pessoas”. [25]

Pressupõe, igualmente um exercício de liberdade e, que constitua direito de qualquer pessoa humana, como Cuenca bem salienta:

“Frente a todo este mundo de evasão, distração e espetáculo que nos rodeia, a pessoa é progressivamente um ser mais limitado, mais dependente da máquina, mais expectador de uma realidade que não se sabe se foi, se será, ou se é simplesmente irreal. Falar de ócio hoje, em não poucas ocasiões, é um questionamento direto a cada um consigo mesmo, de como ser um pouco mais livre para fazer o que quer e o que gosta de fazer”. [26]

Para tanto, convém não atrelar o ócio somente a descanso, mas, a uma ocupação livre e gostosa.[27] Tal noção evidentemente implica em experiência enriquecedora, gratuita e também solidária e que deve constituir-se num marco, dentro de um compromisso social, para superar a dimensão utilitarista e tornar-se gratificante a partir das múltiplas dimensões, como a lúdica, a criativa, a festiva, ambiental ecológica e solidária que é peculiar e própria em cada etapa da vida humana; e, que, igualmente, requer ser pensada, desejada, participativa, social. Ao mesmo tempo, age beneficamente na cultura.[28] Evidencia-se, pois, a necessidade de vínculo a um mundo de valores, distintos dos valores da economia e da indústria que tendem a destruir povos e comunidades.

 

Epílogo

 

O fio condutor desta reflexão foi o delinear o entendimento do ócio numa amplitude maior do que a costumeira conotação que o identifica com lazer, tempo livre, consumo, e descanso decorrente das motivações da sociedade industrial.

Se o ócio fica muito atrelado ao trabalho, descaracteriza-se na sua significação mais valiosa de fazer algo não motivado pela ótica produtiva, que vincula a ocupação do tempo para mera fruição hedonista decorrente da condição de ter, comprar e consumir. Ócio, numa perspectiva mais livre, envolve algo desejado pela satisfação de fazê-lo, sem expectativa de retorno econômico ou de vantagem para auto-afirmação.

Enfim, o ócio pode apontar para uma dimensão de desenvolvimento pessoal, para mais qualidade de vida, maior clareza de identidade, acesso à cultura e turismo, não como exclusividade de uma elite de esnobe, mas, como direito e condição para quaisquer pessoas. Pode, então, alargar um âmbito de encontro, de respeito, capaz de desencadear bem-estar, que faz bem à convivência humana.

O ritmo frenético de ação e consumo, induzido pela sociedade industrial, leva a intuir que um ritmo mais lento permitirá mapear os dias e as noites para atividades mais prazerosas do que as desgastantes jornadas de trabalho, quando a existência humana se revela tão frágil, curta e fugaz.

 

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[1]  A noção de lazer pode confundir-se com a de trabalho, mas, geralmente, se atribui à esfera do lazer, com a identificação de prazer e felicidade. “Enquanto o trabalho remete ao indesejável, espaço da aparência e do público, fica a promessa de que o lazer, apresentando-se como um outro do trabalho, constitui-se com o tempo e o espaço da experiência privada, lugar da autonomia”. MASCARENHAS, Fernando. Entre o ócio e o negócio – teses acerca da anatomiza do lazer, p. 9.

[2] JUBLE, Juan Alberto Belloch. Rducación y ócio. Espanha: Zaragoza, 2009, p. 15.

[3] Idem, ibidem.

[4] DUMAZEDIER, Jofre. (1964, p 93), citada por Eloísa Lopez Franco em O ócio – perspectiva pedagógica. [Link]

[5]  Segundo FRANCO, Eloísa López, em O ócio – perspectiva pedagógica. (Universidad Complutense de Madrid [Link].

[6] AQUINO, Cássio Adriano Braz et alii. Ócio, lazer e tempo livre na sociedade de consumo e do trabalho. [Link]

[7] CAPDEVILA, Luísa Sarrate. Ócio y tempo libre en los centros educativos. Dialnet-OcioYTiempoLibreEnLosCentroseducativos-2912271(2). Pdf [Link]

[8] AQUINO, Cássio Adriano Braz et alii. Ócio, lazer e tempo livre na sociedade do consumo e do trabalho. [Link]

[9] MASI, de Domênico. A lentidão que nos faltava. In: <ihu.unisinos.br/605830-a lentidão-que-nos-faltava-artigo-de-domenico-masi > Aces. 03/01/2021

 

[10] Idem, ibidem.

[11] Idem, ibidem.

[12] MASCARENHAS, Fernando. Op. cit. p. 27.

[13] Idem, p. 53.

[14] GOMES, Cristiane; PINTO, Leila. O lazer no Brasil – analizando práticas culturais, cotidianas, acadêmicas e políticas. P. 70

[15] A ditadura militar, entre 1964 e 1973, enfatizou o trabalho e levou os setores hegemônicos a considera-lo como pré-requisito para que a economia do país pudesse avançar e até mesmo reduziu o tempo livre com a prática abusiva de horas extras. Mascarenhas, Fernando, Op. cit, p. 70.

[16] MASI, Domênico de. O ócio criativo. ( trad. Léa Manzi), RJ: Sexante, 2000.

[17] MASI, Domênico de. “O ócio criativo. Op. Cit.

[18] Idem, ibidem.

[19] MASI, Domênico de. A lentidão que nos faltava. Op. Cit.

[20] Idem, ibidem.

[21] CABEZA, Manuel Cuenca. Aproximación al ócio valioso. In: 432-texto do artigo-2311-2-10-20140612. Pdf  [Link]

[22]  Idem, ibidem.

[23] Idem, ibidem.

[24] Idem, ibidem.

[25] CABEZA, Manuel Cuenca. Ócio y Formación – hacia la equiparación de oportunidades mediante la educación del ócio, p. 18.

[26] Idem, p. 14.

[27] Idem, p. 18.

[28] Idem, p.19.

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