segunda-feira, 1 de junho de 2020

O SENIL

 

Mesmo sem vetusta idade,

Já é contado na senilidade,

E visto na condição fulcral,

De novo descartado social.

 

Respeitado pela exigência,

Mas sem a benemerência,

Seu histórico não importa,

Para a síntese que reporta.

 

Propicia disfarçado enfado,

E pouco acalanto de agrado,

Pois, seu marco referencial,

Não indica algo substancial.

 

Nada interessa a memória,

De sua conquistada vitória,

E os fracassos suplantados,

Que lhe auferiram legados.

 

Na eira de projetos ousados,

Os seus palpites já ignorados,

O tornam assistente passivo,

Da perspicácia do hiperativo.

 

Sem crédito para a futurição,

Está aprisionado em alçapão,

Feito um ornamento saudoso,

Para algum esporádico gozo.

 

A função exercida como útil,

No sistema que o deixa fútil,

Come no silêncio contencioso,

Todo o seu passado laborioso.

 

Mantido na reserva do ofício,

Resta a luta contra o suplício,

De esperar para além da vida,

A  afetuosa ação enternecida.

 

Se custa muito e rende pouco,

O sentido auditivo fica mouco,

E toda a flexibilidade sociável,

Acaba numa inação deplorável.

 

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...