quarta-feira, 10 de junho de 2020

ABANDONO

 

No endeusamento da ciência,

O valor da alta competência,

Pelo mito frankensteiniano,

Gera o legado social insano.

 

Quer-se o perfeito à imagem,

De semelhança e roupagem,

Dos científicos aventureiros,

Que não gestam herdeiros.

 

Relegam seus filhos gestados,

Ao abandono dos degradados,

Pois o que criaram na ciência,

Afigura-se filho de demência.

 

Abandonado na própria sorte,

Sem empático olhar de aporte,

Não aprendeu a ser cuidadoso,

Nem sujeito sensível e bondoso.

 

Relegado na condição indefesa,

A criatura cresceu sem inteireza,

Porque abandonada pelo criador,

Não adquiriu humano pundonor.


Sem o valor de si e da auto-estima,

Encontrou na solidão a subestima,

Da vida toda fracassada e trágica,

Monstrenga e na fantasia mágica.

 

O orgulho da conquista científica,

Que abandona sua cria magnífica,

Gera monstros que ficam isolados,

Anti-sociais e de perigosos legados.

 

A anomalia atenta contra o criador,

Do deus positivista e conquistador,

Ávido por domínio, poder e saber,

Mas, sem a ação de se enternecer.

 

Nesta tragicidade do nosso tempo,

Com este inesperado contratempo,

Todo ódio da criatura pelo criador,

Perpetra-se em desumano torpor.

 

 


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