quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O que Deus merece da nossa vida?



            A condição religiosa parece viver uma tentação constante: a de aproveitar vestes e poderes para barganhar elogios e merecimentos especiais. Por isso, um dos pecados mais cometidos, e, certamente o menos confessado, é o da busca de precedência: se não é possível estar no posto mais elevado dos elogios e das bajulações, procura-se, pelo menos, um lugar de destaque e de honra.
            O problema é que esta busca de precedência vem normalmente acompanhada pela ambição de mais posses de bens, sejam simbólicos ou materiais. Deste modo, o status das honras tende a ser altamente injusto, pois, o foco no aparecer diante dos outros, leva a ignorar os direitos elementares destes outros, e, assim, se passa por cima das leis, das regras éticas e até do respeito elementar à vida alheia.
Jesus alertou muito insistentemente seus discípulos contra esta grande tentação, e que se manifestava escancaradamente nos escribas do seu tempo (cf. Mc 12,38-44). Os escribas sustentavam a exterioridade do culto e, do formalismo religioso de meras aparências de santidade, sem, todavia, alargar os frutos desta santidade no meio social.
 As situações similares de nossos dias parecem também cegar e obcecar tanto nas instâncias do poder civil quanto nos espaços religiosos. E como existe adoração de pano e de aparato litúrgico, como clara manifestação ambiciosa de poderes e de honras supostamente superiores e privilegiados nos âmbitos espirituais. Desta precedência, engendra-se a tentação de obtenção de vantagens para passeios turísticos, presumidamente religiosos, e, para ser envolvido em condecorações e festas fartas e bem sortidas. Com isso, o que se dá para Deus, para além das aparentes bajulações com vistas a mais honras?
Jesus fazia uma comparação entre a oferta do escriba, feita de forma pública, ostensiva e, com valor que pudesse impressionar. Assim, o doador poderia ser assimilado como alguém merecedor de ainda mais grandeza. Jesus salientou também outra cena de oferta: a de uma pobre viúva, que colocava sua condição de pobre na confiança de Deus. Entregou sua vida e não uma pequena parcela supérflua, mesmo do pouco que possuía. Por isso, Jesus falou que esta oferta era superior à do escriba.

Em outras palavras, Jesus orientava para que os discípulos não entrassem no jogo de devorar as casas das viúvas em desenfreada cobiça, mas, que procurassem ofertar para Deus as razões do viver. Seu ensinamento interpela a respeito das piedades de falsa santidade e das encenações que se fazem para alcançar honras, elogios e merecimentos. Já não importa real, humilde e efetiva busca de Deus, mas, simplesmente importa o cultivo da pretensão de destaque e reconhecimento pelo poder.

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