A memória
histórica dos grandes intentos para estabelecer paz duradoura, parece
constituir argumento incontestável de que guerras, armadas, verbais ou
intimidadoras, não gestam as necessárias condições de paz e de entendimento justo
entre povos e raças.
O profeta Jeremias
ao experimentar no couro a crueldade de um contínuo estado de guerra e de perseguição,
esperava que finalmente o bom-senso pudesse entrar na cabeça das pessoas e, seu
país, poderia então viver o bem estar no lugar da destruição. Para isso,
sonhava o profeta (Jr 33,14-16) com um rei disposto a fazer a vontade de Deus e
que levasse vida reta e justa. Com um rei justo o povo poderia, enfim,
realizar-se como povo.
O exercício
do governo abriria, sob a justiça, uma nova forma de relacionamento com os
países vizinhos, pois o pânico da destruição deixaria de constituir o assunto
central das mentes. Os frutos do amor de Deus passariam a ser semeados
diretamente no coração humano, pois, uma educação para o respeito e a cordialidade,
já não careceria de violência e muito menos de armamentismo.
Séculos mais
tarde, os acontecimentos vivenciados em torno de Jesus Cristo, apontavam aos
seus discípulos que Ele se revelava justo e, portanto, capaz de estabelecer a
paz, tão almejada em meio aos horrores das guerras. Se os babilônicos já não
eram os cruéis matadores como no tempo de Jeremias, estavam agindo outros
matadores ainda piores: os romanos, que, devastaram o país e destroçaram a
capital Jerusalém. A angústia, o medo e o caos estabelecido entre os
sobreviventes, tomava conta da vida e inviabilizava qualquer sonho restaurador
em torno das regras ético-religiosas.
O
evangelista Lucas, em meio ao estado de pânico, apontou aos discípulos de Jesus
Cristo que seu modo de ser constituiria para a humanidade uma razão profunda de
alegria, capaz de substituir a inquietação e o medo: a volta de Cristo poderia
encontrar a todos em pleno desfrute do novo tempo que Ele instaurou. Lucas
convocava os desanimados a uma vigilância positiva para fazer alargar-se o
grande processo de libertação, pois este poderia levar à plenitude de Deus e
sua bela obra poderia propiciar, entre os humanos, a realização das antigas
esperanças, realimentadas ao longo de tantos séculos. Seria uma convivência de
entendimento no lugar do desencontro de guerra; um cultivo de oração poderia
mover as pessoas a se tornarem melhores, sem o formalismo exterior que insensibiliza
o âmago do coração humano.
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