quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Expectativas messiânicas



            A memória histórica dos grandes intentos para estabelecer paz duradoura, parece constituir argumento incontestável de que guerras, armadas, verbais ou intimidadoras, não gestam as necessárias condições de paz e de entendimento justo entre povos e raças.
            O profeta Jeremias ao experimentar no couro a crueldade de um contínuo estado de guerra e de perseguição, esperava que finalmente o bom-senso pudesse entrar na cabeça das pessoas e, seu país, poderia então viver o bem estar no lugar da destruição. Para isso, sonhava o profeta (Jr 33,14-16) com um rei disposto a fazer a vontade de Deus e que levasse vida reta e justa. Com um rei justo o povo poderia, enfim, realizar-se como povo.
            O exercício do governo abriria, sob a justiça, uma nova forma de relacionamento com os países vizinhos, pois o pânico da destruição deixaria de constituir o assunto central das mentes. Os frutos do amor de Deus passariam a ser semeados diretamente no coração humano, pois, uma educação para o respeito e a cordialidade, já não careceria de violência e muito menos de armamentismo.
            Séculos mais tarde, os acontecimentos vivenciados em torno de Jesus Cristo, apontavam aos seus discípulos que Ele se revelava justo e, portanto, capaz de estabelecer a paz, tão almejada em meio aos horrores das guerras. Se os babilônicos já não eram os cruéis matadores como no tempo de Jeremias, estavam agindo outros matadores ainda piores: os romanos, que, devastaram o país e destroçaram a capital Jerusalém. A angústia, o medo e o caos estabelecido entre os sobreviventes, tomava conta da vida e inviabilizava qualquer sonho restaurador em torno das regras ético-religiosas.
            O evangelista Lucas, em meio ao estado de pânico, apontou aos discípulos de Jesus Cristo que seu modo de ser constituiria para a humanidade uma razão profunda de alegria, capaz de substituir a inquietação e o medo: a volta de Cristo poderia encontrar a todos em pleno desfrute do novo tempo que Ele instaurou. Lucas convocava os desanimados a uma vigilância positiva para fazer alargar-se o grande processo de libertação, pois este poderia levar à plenitude de Deus e sua bela obra poderia propiciar, entre os humanos, a realização das antigas esperanças, realimentadas ao longo de tantos séculos. Seria uma convivência de entendimento no lugar do desencontro de guerra; um cultivo de oração poderia mover as pessoas a se tornarem melhores, sem o formalismo exterior que insensibiliza o âmago do coração humano.

            

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