sexta-feira, 3 de julho de 2015

Febre mariológica



Com temperaturas alteradas no quadro orgânico,
Emergem expressões de automatismo mecânico,
Que já distantes do caminho indicado por Jesus,
Explicitam uma doença na qual a fé pouco reluz.

Mesclada a sintomas ambíguos da exterioridade,
Advindas de um estado mórbido da subjetividade,
Transformou-se a devoção num produto de venda,
Com mediação de cura e de bricolagem que renda.

Aparentemente é muito bom tudo quanto é mariano,
Mas existem manobras ingênuas de interesse insano,
Que inibem a pertença e adesão a Jesus e seu projeto,
E manipulam na exterioridade de um controle abjeto.

Conduzida na pragmática da intencionalidade pastoral,
Porque agrada, agrega e justifica uma atividade laboral,
Esvazia comunidades dos compromissos humanitários,
Sob um aparente sucesso de formalismos reacionários.

Deslocada da mediação para Jesus e para seu itinerário,
Maria, restrita a santa poderosa e de um afável ideário,
Fica refém da eficácia das fórmulas e detalhes nos ritos,
E afasta o cunho bíblico-litúrgico dos básicos quesitos.

O perfil evangélico de Maria, longe da visão ingênua e purista,
Para além do afã de grupos midiáticos de exploração moralista,
Indica com certeza itinerário e horizonte de ação mais eclesial,
E, menos mãezinha do céu, aponta ao filho Jesus na base local.


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