O desassossegado
Quando o trabalho é intenso,
Quer vida bem mais folgada,
E quando o folgar é imenso,
Esfalfa-se em torno do nada.
Na festa muito alvissareira,
Quer um sossego de bosque,
Mas ali a intensa barulheira,
Aponta o fragor do Quiosque.
No fartar-se com as conversas,
Mescladas aos imensos ruídos,
O tédio sopra forças diversas,
E em nada ameniza os pruridos.
Resta a motivação para dormir,
Mas, na perturbação sem dono,
Abre-se o leque para consumir,
Algo que possa facilitar o sono.
Ao sentir-se no calor mergulhado,
Quer frio intenso e aconchegante,
Mas, diante do gélido tão molhado,
Sonha com espaço mais relaxante.
Ao desejar a tão benfazeja quietude,
Dá-se conta dos infernais zumbidos,
Que ofuscam e podam toda atitude,
Nos chiados dissonantes dos ouvidos.
Refém eivado de volátil perturbação,
Ao não encontrar o almejado sossego,
Sobra, então, envolver-se numa ação,
Para enganar o tedioso desassossego.
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