sábado, 5 de julho de 2014

Silêncio



Difícil e quase impossível para alguns,
É portador das linguagens complexas,
E fala mais do que as coisas comuns,
Sobre situações atônitas e perplexas.

Bem multifário nos mil significados,
Expressa os sentimentos e mundos,
E deles emite os mais claros recados,
No alcance dos níveis mais profundos.

Oh! Se pudesse entender os meandros,
Desta efusão tão mais forte que verbal,
E separar dentre os intentos malandros,
Aqueles que irradiam grandeza colossal.

Bem casado com os múltiplos olhares,
Atinge o âmago da profunda comoção,
E lhe repassa dos momentos e lugares,
A memória do que alterou o coração.

Por vezes significa empatia profunda,
Em outras ocasiões, protesto violento,
Igualmente solta o mundo que afunda,
Eivado por dores, com muito desalento.

Apreciável é o silêncio da humildade,
Que transcende as falácias enganosas,
E acalma as procelas da farta vaidade,
Para interações ricas e mais bondosas.

Encantadora é a linguagem da quietude,
Quando se move para acolher o mistério,
Da grandiosa vida que envolve a finitude,
E leva a erradicar tudo o que é deletério.

Dolorida se torna sua dura linguagem,
Quando impregnada de sutil agressão,
E sob a bem disfarçada camaradagem,
Mira direto no que centraliza o coração.

Muito distinto e variado nos seus efeitos,
O silêncio se eleva à grandeza magistral,
Mas quando, obstinado, vinga os defeitos,
Propicia ambiente bem ríspido e infernal.



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