segunda-feira, 28 de julho de 2014

Idealizações



Da convenção de que é preciso sonhar,
Ao excessivo acúmulo de idealizações,
Reina cisão profunda a desentranhar,
A anulação das diuturnas realizações.

Do entusiasmo despertado pelos ideais,
Decorre o vazio da rica energia amorosa,
Que embota todas as alegrias vivenciais,
E gera tensão em desandada polvorosa.

Da melhor motivação de prolífero amor,
Surge o declínio do propalado imagético,
E a decrepitude do entusiasmado fervor,
Atrai um frustrado nervosismo magnético.

As decepções com as pessoas bem achegadas,
Desentrosam os encontros de motivos fortuitos,
E, na ausência, deixam as alegrias desandadas,
E o coração esvaziado de sentimentos gratuitos.

Os outros, ao invés de bons receptáculos de amor,
E de fontes de inspiração, parecem rivais perigosos,
Que desmantelam toda a serenidade do pundonor,
E causam momentos mui deprimentes e escabrosos.

Acrescentam-se coações da estrutura burocrática,
Que deixa solta e desandada a avareza do poder,
E se alia sorrateiramente a toda ambição errática,
Para persuadir, agredir, calar, torturar e ofender.

Resta o difícil itinerário do cuidado de si mesmo,
Apesar da sensação de insuficiência do sonhado,
Para voltar a contribuir e não ficar jogado a esmo,
E, perambular pela vida, com coração renovado.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...