De tanto cultivar o convencimento,
Os termos, feitos mero instrumento,
E usados para persuadir pelo efeito,
Impregnam-se de um ignóbil defeito.
Já não explicitam o estado de alma,
Nem a serenidade que tudo acalma,
Mas o insistente ardor para possuir,
Tanto quanto é possível de usufruir.
O não dito acaba bem mais explícito,
Do que o aparente discurso solícito,
E mais do que o conteúdo de termos,
Contagia até velados espaços ermos.
O não dito revela variados sintomas,
Das sociais e massacrantes redomas,
Bem como a causa efetiva das dores,
Do bloqueio dos genuínos pendores.
O não dito tende a explicitar o
fervor,
Que emerge com incomum pundonor,
Do âmago das entranhas da existência,
E ali não espera nenhuma subserviência.
A geral negligência em torno do não
dito,
Mais do que a contrariedade do
interdito,
Tende a despertar mui variegadas
tensões,
Vindas dos planos e metas de
instituições.
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