Muitos
objetos remetem a boas recordações: são fotografias, pequenos ícones, imagens,
roupas, pequenas lembranças, etc. Elas remetem a momentos do passado e despertam bons
sentimentos em relação à pessoa que se aviva com a recordação de seu gesto. Por
isto mesmo os sinais simbólicos falam com muito maior intensidade do que outros
sinais comuns. O presente, ou o sinal deixado, remete à outra realidade. Assim
fotografias e quadros, mesmo antigos, nos avivam importantes momentos da vida.
O povo do
primeiro testamento da Bíblia lembrava e relembrava em muitos momentos da vida um
fato muito marcante: que a fome suprida com frutinhas de tamareira, no meio do
deserto, onde já estavam sem comida, significou, na sua experiência religiosa,
um presente caído do céu. Graças a estas frutas, a maior parte do povo não
pereceu. A simples recordação deste importante momento da trajetória dos
antepassados lembrava, ao povo dos tempos posteriores, que Deus havia agido
bondosamente e que, por isto mesmo, poderia revelar outros sinais da mesma
bondade.
Se pão e
vinho passaram a ser assimilados como sinais de avivamento do antigo gesto,
adquiriam, ao mesmo tempo, uma virtualidade de jogar as pessoas para frente e
lhes abrir perspectivas de sentido diante deste amor envolvente de Deus.
Em Jesus Cristo, a tradicional
significação do pão e do vinho, adquiriu uma dimensão nova e muito
significativa. Ao perceber que na festa da Páscoa ele seria envolvido em
passagem que acabava com sua existência, ele se despediu dos discípulos e lhes
expressou o desejo de continuar a ser presença no meio deles. Para tal ato de recordação
e memória escolheu os sinais da antiga festa de Páscoa, a fim de lhes permitir
a atualização de sua presença.
Por isto, quando hoje celebramos a
festa do Corpo de Cristo, continuamos a memorizar o que mais marcou seus gestos
e sua presença extraordinária que transformava o rumo das pessoas. Seu corpo e
sangue, ou aquilo que ele mais fez, podem ser resumidos e reconhecidos como o
maior gesto enternecido daquele mesmo Deus que despertara, no povo antigo, os
melhores sentimentos através das pequenas frutas de tamareira. O sentimento
grato daquela gente foi o de dizer que era pão, caído do céu!
Jesus Cristo passou a ser lembrado
como gesto ainda maior do que aquele experimentado com as frutas da tamareira.
Nele se revelaram gestos de amor muito mais amplos e significativos à condição
humana.
O evangelista São João, ao reler e
reinterpretar os grandes acontecimentos da passagem de Jesus Cristo aplicou
nova significação comparativa ao da antiga experiência com o maná, afirmando que
Jesus é o verdadeiro pão que desceu do céu.
Ao fazer esta bela recordação, ou
memória de Jesus, acabamos avivando e renovando sua presença entre nós, com a
alegre expectativa de que nossa passagem nesta vida, também possa
aproximar-nos mais do seu modo de ser e nos levar a fazer um itinerário
parecido como o dele.
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