quinta-feira, 26 de junho de 2014

FÉ - mais que controle e ousadia



            A comemoração da tradicional Festa de São Pedro e São Paulo sempre nos enseja a atualização da riquíssima memória dos dois homens que, por caminhos muito distintos, se aproximaram notavelmente do jeito de Jesus Cristo.
            A tendência ao controle e à sistematização tende a predominar em algumas pessoas, enquanto que a capacidade de inovar e de partir para algo novo, é marca mais saliente de outras. Muitas vezes, estas duas tendências da vida geram conflitos e tensões, tanto em casais quanto em comunidades cristãs.
 Por vezes o excessivo zelo por uma ou outra destas características pessoais, gera sofrimentos e desencontros graves que acabam em rupturas, mas, por outro lado, quando estas forças são cultivadas na fé, podem constituir-se em valiosa capacidade de síntese e que faz muito bem à vida.
            Tanto a ausência de ordem quanto o excesso de mudança e de inovação tendem a não fazer muito bem à nossa vida. Por isso, lembrar o itinerário de crescimento da vida pessoal de São Paulo e de São Pedro nos remete a um desafio animador. Com histórias de vida muito diferentes, Pedro e Paulo foram mudando gradualmente e se aproximando do essencial da Boa Nova de Jesus Cristo, a ponto de se tornarem capazes de suportar o mesmo martírio pela causa do Reino de Deus.
            Mais do que o zelo e a força de vontade na vida dos dois apóstolos, predominou neles o crescimento dinâmico da fé. A fé foi quem os levou a um paulatino processo que os tornou radicalmente melhores do que eram.
            As múltiplas tensões geradas na vida doméstica e comunitária tendem a revelar que, estas, normalmente se manifestam mais pelas naturais propensões pessoais, ou de controle ou de mudança e inovação do que por motivações de fé. Foi, certamente, a fé de Pedro que o tornou merecedor das “chaves” para ligar e desligar. Em outras palavras, não foi questão de poder, de fama ou condecoração da precedência, mas seu dinamismo de fé foi capaz de torná-lo progressivamente mais apto a aproximar as pessoas em comunidade para a realização do projeto de Jesus Cristo. A “chave” levou Pedro a extraordinária dedicação e serviço.
            Também nós, na medida em que cultivamos mais e melhor nossa fé, podemos experimentar o que realmente gesta e gera transformação de vida, capaz de torná-la mais plena de sentido. Como Pedro e Paulo, somos dotados de riquezas pessoais que podem ser buriladas e nos levar a testemunhar, especialmente por obras e gestos, o crescimento no humilde e progressivo caminho de integração daquelas forças vivas que tornaram os dois apóstolos verdadeiros esteios de Igreja.



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