A
comemoração da tradicional Festa de São Pedro e São Paulo sempre nos enseja a
atualização da riquíssima memória dos dois homens que, por caminhos muito
distintos, se aproximaram notavelmente do jeito de Jesus Cristo.
A tendência
ao controle e à sistematização tende a predominar em algumas pessoas, enquanto
que a capacidade de inovar e de partir para algo novo, é marca mais saliente de
outras. Muitas vezes, estas duas tendências da vida geram conflitos e tensões,
tanto em casais quanto em comunidades cristãs.
Por vezes o excessivo zelo por uma ou outra
destas características pessoais, gera sofrimentos e desencontros graves que
acabam em rupturas, mas, por outro lado, quando estas forças são cultivadas na
fé, podem constituir-se em valiosa capacidade de síntese e que faz muito bem à
vida.
Tanto a
ausência de ordem quanto o excesso de mudança e de inovação tendem a não fazer
muito bem à nossa vida. Por isso, lembrar o itinerário de crescimento da vida
pessoal de São Paulo e de São Pedro nos remete a um desafio animador. Com
histórias de vida muito diferentes, Pedro e Paulo foram mudando gradualmente e
se aproximando do essencial da Boa Nova de Jesus Cristo, a ponto de se tornarem
capazes de suportar o mesmo martírio pela causa do Reino de Deus.
Mais do que
o zelo e a força de vontade na vida dos dois apóstolos, predominou neles o
crescimento dinâmico da fé. A fé foi quem os levou a um paulatino processo que
os tornou radicalmente melhores do que eram.
As múltiplas
tensões geradas na vida doméstica e comunitária tendem a revelar que, estas,
normalmente se manifestam mais pelas naturais propensões pessoais, ou de
controle ou de mudança e inovação do que por motivações de fé. Foi, certamente,
a fé de Pedro que o tornou merecedor das “chaves” para ligar e desligar. Em
outras palavras, não foi questão de poder, de fama ou condecoração da
precedência, mas seu dinamismo de fé foi capaz de torná-lo progressivamente
mais apto a aproximar as pessoas em comunidade para a realização do projeto de
Jesus Cristo. A “chave” levou Pedro a extraordinária dedicação e serviço.
Também nós,
na medida em que cultivamos mais e melhor nossa fé, podemos experimentar o que
realmente gesta e gera transformação de vida, capaz de torná-la mais plena de
sentido. Como Pedro e Paulo, somos dotados de riquezas pessoais que podem ser
buriladas e nos levar a testemunhar, especialmente por obras e gestos, o
crescimento no humilde e progressivo caminho de integração daquelas forças
vivas que tornaram os dois apóstolos verdadeiros esteios de Igreja.
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