domingo, 8 de junho de 2014

Poder anônimo



Livros e mais livros dos anais,
Contam e recontam a tirania,
Das grandes vitórias cruciais,
De triste e desumana mania.

Reis despóticos e soberanos,
Mandaram invadir e destruir,
 Movidos pelos piores arcanos,
Para amealhar mais e usufruir.

Se nos arrepia avivar a maldade,
Muito mais repugna a safadeza,
Cultivada sem dó e sem piedade,
Para matar com maior destreza.

Enquanto exércitos e guerrilheiros,
Transformam humanos em brutais,
Para matar em crescentes milheiros,
Ceifam as básicas condições frugais.

Em nossa era de vasto conhecimento,
E da rápida e planetária informação,
O velho poder despótico, com alento,
Gera um poder anônimo de perversão.

Tão tirano quanto os outros poderes,
Ignora a precária vida de tanta gente,
E obcecado, manipula os seus prazeres,
E tira a dignidade de modo mui ingente.

O poder anônimo anda sem fronteiras,
E escraviza da forma mais humilhante,
Ignorando, das regras éticas as barreiras,
Deixa multidões em situação causticante.

No intenso processo da descartabilidade,
As cidades se enchem de muitas favelas,
E já distantes da elementar afabilidade,

Ficam relegadas nas virulentas sequelas.

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