A ação poderosa das substâncias sápidas,
Ao atingir a língua, o paladar ou o talante,
Recebe em velocidades muito mais rápidas,
Respostas diligentes do satisfeito alarmante.
Acostumado a desapontar-se com o insosso,
Quer empanturrar-se do gosto saboroso;
E no desprezo do insípido de mau endosso,
Reflete no olhar o semblante desgostoso.
Como aurora que irrompe na escuridão,
Deseja encher-se da sensação gostosa,
Para, enfim, saturar-se à exaustão,
Desta excelsa dádiva, tão meiga generosa.
Presente em tantos e tão variados produtos,
Está o sabor, além das almejadas degustações,
A apresentar, nos mais estranhos redutos,
O sinal inconfundível das boas reputações.
Se tantos sabores saciam carentes e sedentos pendores,
Por que não ser tempero para tantos olhares nada sápidos,
Que já perderam da vida a degustação dos melhores penhores,
E carecem de socorros humanos imediatos e muito rápidos?
Se milhões de viventes anelam pelos bons sabores,
Que permitam suplantar as insossas convivências,
Por que não pensar mais em propiciar-lhes alvores,
E deslocar a cega preocupação pelas próprias carências?
Como o sal constituía para povos ancestrais,
Conceituado e excelso produto para conservar;
Possa, nossa vida, sem honrarias magistrais,
Prestar-se para boas relações preservar.
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