Dobrada sobre o peso dos anos,
Vetusta e ferida por desenganos,
Anda desequilibrada e insegura,
Com a sua filharada em diabrura.
Os anos lhe roubaram a beleza,
E apesar de toda a sua inteireza,
Seus filhos mimosos já ingratos,
A agridem de modos insensatos.
A corcunda, torta de sofrimentos,
Vive só com minguados alentos,
Na resistência do amor maternal,
Apesar de filhos em ação infernal.
Cansada pelos desaforamentos,
Dos ambiciosos procedimentos,
De filhos ingratos e agressivos,
Já definha com os atos abusivos.
Tanto fez para que cuidassem,
E, entre si, muito se amassem,
Mas eles, no ar autossuficiente,
Destruíram jardim tão decente.
Sem colaborar com sua expansão,
Produziram o fogo da destruição,
E matam as plantas tão apreciadas,
E suas condições vitais e sagradas.
Resolveram buscar mais felicidade,
Na acumulação para sua saciedade,
Sem dó e, sem a ética de respeito,
Mas, causaram relação de despeito.
Esta obsessão doentia por acúmulo,
Faz com que fogo os leve ao túmulo,
E o superaquecimento mate a Terra,
Mãe que não os gestou para guerra.
Na falsa felicidade da acumulação,
O frenético avanço pela ambição,
Produziu tantos pobres relegados,
A inalar ares fétidos e acalorados.
Sem olhar para a velha corcunda,
Sequer refrescam a sua cacunda,
E não encontram um hidratante,
Nos gemidos do calor sufocante.
Cegos ante alterações climáticas,
Fazem guerras em ações erráticas,
E espalham tanto veneno mortal,
Que acaba com toda inalação vital.
Ainda resta meio de ajudar a Terra,
Com zelo pela rica vida que encerra,
Para que a saúde e alegria de viver,
Ensejem festa da criação a antever.
Não pode seguir a inércia de ação,
Diante desta fragorosa destruição,
Que produz as vítimas injustiçadas,
Em ambientes e vidas já colapsadas.
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