segunda-feira, 9 de abril de 2018

DESGASTE PSÍQUICO-EMOCIONAL DOS PRESBÍTEROS



           
            Por mais que padres tenham um histórico de cultivo na fé e de motivações teológicas para serem fortes, animadores, alegres, e, - com sentido de vida para esbanjar, - eles não estão imunes dos efeitos culturais que causam depressão e suicídio.
             Embora não se espera depressão e nem suicídio de padres, eles estão, na verdade, mais sujeitos a estes fenômenos do que outros profissionais que lidam com terceiros, devido ao alto nível de cobranças não ditas que sofrem numa comunidade. São cobrados pelo que fazem e pelo que não fazem.
            A sobrecarga de serviços, aliada à cobrança de metas, quer pessoais ou alheias, direcionam o padre, com muita facilidade, para o complexo messiânico, que o leva a se desleixar totalmente de si mesmos para dedicar-se intensamente aos outros. Sem horários para o cuidado de si mesmo, e, geralmente sem alimentação adequada, produz todas as condições favoráveis a processos entrópicos e depressivos. Mesmo movido por ideais nobres e humanitários, as condições de trabalho produzem um quadro psico-somático para muito sofrimento subjetivo, que, eventualmente, pode desencadear mecanismos de morte.
            Apesar de estatísticas apontarem baixos índices de suicídio no quadro dos presbíteros, se, por exemplo, comparados aos médicos – que apresentam o maior índice mundial de suicídio – não se aguarda esta fatalidade de quem é padre. No entanto, muitos padres com predisposição para o suicídio carregam longa história de marcas traumatizadas e que agem no inconsciente. Muitos, sem o saber, procedem de traumas na gestação e parto, como ameaças de aborto, espontâneo ou desejado, e, a partir deste momento da vida desencadeiam mecanismos de desistência e de auto-destruição que os induzem a procurar na morte um alívio para o sofrimento psíquico muito intenso.
            Embora marcas inconscientes antigas não constituam impreterivelmente um determinismo fatal para o suicídio, o descuidado de si mesmos pode levar padres ao suicídio do mesmo jeito que quaisquer outras pessoas da sociedade.
            O risco revelador do maior perigo para padres entrarem em depressão está no isolamento de colegas, que poderiam ajuda-los pela empatia e indicação de algumas novas balizas para a vida. Outro fator, geralmente agregado, é do sentimento de isolamento ou de não pertença ao presbitério. Por conseguinte, quem cultiva a humildade de admitir que colegas de ministério possam ajuda-lo, com certeza, nunca chegará ao extremo de executar mecanismos de auto-destruição.

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