Por mais que padres tenham um histórico de cultivo na fé
e de motivações teológicas para serem fortes, animadores, alegres, e, - com
sentido de vida para esbanjar, - eles não estão imunes dos efeitos culturais
que causam depressão e suicídio.
Embora não se
espera depressão e nem suicídio de padres, eles estão, na verdade, mais
sujeitos a estes fenômenos do que outros profissionais que lidam com terceiros,
devido ao alto nível de cobranças não ditas que sofrem numa comunidade. São
cobrados pelo que fazem e pelo que não fazem.
A sobrecarga de serviços, aliada à cobrança de metas,
quer pessoais ou alheias, direcionam o padre, com muita facilidade, para o
complexo messiânico, que o leva a se desleixar totalmente de si mesmos para
dedicar-se intensamente aos outros. Sem horários para o cuidado de si mesmo, e,
geralmente sem alimentação adequada, produz todas as condições favoráveis a
processos entrópicos e depressivos. Mesmo movido por ideais nobres e
humanitários, as condições de trabalho produzem um quadro psico-somático para
muito sofrimento subjetivo, que, eventualmente, pode desencadear mecanismos de
morte.
Apesar de estatísticas apontarem baixos índices de
suicídio no quadro dos presbíteros, se, por exemplo, comparados aos médicos –
que apresentam o maior índice mundial de suicídio – não se aguarda esta
fatalidade de quem é padre. No entanto, muitos padres com predisposição para o
suicídio carregam longa história de marcas traumatizadas e que agem no
inconsciente. Muitos, sem o saber, procedem de traumas na gestação e parto,
como ameaças de aborto, espontâneo ou desejado, e, a partir deste momento da
vida desencadeiam mecanismos de desistência e de auto-destruição que os induzem
a procurar na morte um alívio para o sofrimento psíquico muito intenso.
Embora marcas inconscientes antigas não constituam
impreterivelmente um determinismo fatal para o suicídio, o descuidado de si
mesmos pode levar padres ao suicídio do mesmo jeito que quaisquer outras
pessoas da sociedade.
O risco revelador do maior perigo para padres entrarem em
depressão está no isolamento de colegas, que poderiam ajuda-los pela empatia e
indicação de algumas novas balizas para a vida. Outro fator, geralmente
agregado, é do sentimento de isolamento ou de não pertença ao presbitério. Por
conseguinte, quem cultiva a humildade de admitir que colegas de ministério
possam ajuda-lo, com certeza, nunca chegará ao extremo de executar mecanismos
de auto-destruição.
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