quinta-feira, 26 de abril de 2018

NOVOS MANDINGUEIROS




Distantes da típica ancestralidade,
E da marca cultural da antiguidade,
Os novos mandingueiros religiosos,
Sabem explorar fatos miraculosos.

Sob o transe produzido e cultivado,
Veem cura e milagre por todo lado,
Mas diluem o ar da velha feitiçaria,
Sem vínculo algum com a bruxaria.

As proclamadas curas e libertações,
Tão simpáticas a sofridos corações,
Ruborizam as mui exaltadas faces,
De pregadores fanáticos e rapaces.

Na nova hierarquização de poderes,
Repetem obsoletos apelos e dizeres,
Para o estado de transe propagar-se,
E eles, em sua grandeza inebriar-se.

O abuso dos instrumentos musicais,
Para canções agressivas e infernais,
Cria um efeito hipnótico favorável,
Que desencadeia prodígio inefável.

Palavras cadenciadas e alucinantes,
Berradas como melodias cantantes,
Impõem ordem autoritária de cura,
Na hipnótica e dissuadida diabrura.

Falam, então, dos recados especiais,
Auferidos pelas instâncias celestiais,
Que lhes informam dados secretos,
Para produzirem efeitos prediletos.

Mandingados pela própria grandeza,
Exalam um arrogante ar de nobreza,
Pelos seus especiais poderes de cura,
Mas que atrelam viventes na secura.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...