quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Húmus e cinzas



Da mais antiga intuição humana,
Acolhemos o arquétipo cultural,
Do vínculo, que da terra emana,
Para uma existência tão natural.

A dedução da procedência divina,
Levou a desconsiderar o entorno,
E a lidar de maneira mui cretina,
E, sem o real valor do contorno.

Dependentes do húmus da terra,
E reféns da vida que dela resulta,
Não dá para ignorar que encerra,
Muito mais que a mente ausculta.

Qual Fênix que renasce da cinza,
E brota com majestade de vida,
Nossa condição frágil e ranzinza,
Requer uma terra não denegrida.

Enquanto glúteos são enaltecidos,
E, coroados os abundantes seios,
Negam-se tantos seres combalidos,
Em seus mais elementares anseios.

As cinzas que lembram o pó da terra,
Apontam para irredutível conversão,
De mergulhar no que a vida emperra,
Para deixá-la fruir em larga profusão.

Faz mal à terra a consciência farisaica,
De transformar a alegria carnavalesca,
Em excessos e abusos de lida arcaica,
E esperar purificação da cinza grotesca.




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