A noção de
bondade humana encontra, seguidamente, percalços de atos violentos e, capazes
de apavorar. Há pessoas bem traumatizadas por pavores assimilados em
tempestades. Outras de apavoram diante de sapos, de baratas, de camundongos e até
de pequenos animais altamente inofensivos, porquanto a socialização infantil
lhes incutiu este pavor.
Mesmo
desejando intensamente uma vida de convivência agradável, pacífica e ordeira,
não conseguimos isentar-nos de seguidos momentos de conflitos e desapontamentos,
capazes de nos induzir à prostração.
Muitos dos
nossos sofrimentos decorrem de excessiva auto-confiança, parecida com a de
Pedro em tempestade na noite escura. Parece que lhe faltou a capacidade de
oração para lidar com as dificuldades.
No Evangelho
de Mateus (14,23-33) encontramos uma descrição de um episódio, aparentemente
mágico, mas que, sob um aspecto alegórico, é muito claro e elucidativo para remeter
a uma constatação importante: enquanto Pedro se afundava na tempestade, Jesus
estava rezando e, depois, passou a caminhar sobre as águas!
Mais do que
um episódio de uma noite escura e difícil no mar da Galiléia, a abordagem de
Mateus parece remeter para questões mais significativas do âmbito da fé: se nós
vivemos mergulhados em seguidos temporais de medo, de pavor e de confusão nos
tormentos das noites escuras em que a consciência revira e agita mil
sentimentos de insegurança, poderia a capacidade de rezar – como aconteceu com
Jesus Cristo, levar-nos a procedimentos bem mais serenos e calmos. Andando
sobre as águas, ele acalma a tempestade!
Na mensagem parece estar presente um
indicativo do porque Pedro ia se afundando nas águas, e, também do porque nós
muitas vezes nos damos mal em nossas remadas ou decisões em meio a tempestades
mentais de noites escuras.
A interpelação também pode remeter a
uma avaliação do desmantelamento de muitas lidas, pastorais e movimentos, no
interior da Igreja: não estariam muito legalistas, exteriorizadas, formalistas
e fundamentalistas em evidente processo de afundamento? Pode estar faltando o
imprescindível para poder andar sobre as águas destas ondas apavorantes: será
que Cristo não está interpelando a respeito de algo que deverá acontecer acima
destes problemas de previsões nada animadoras e que levam a sucumbir no caminho
da fé?
Que o procedimento de Pedro, nos
indique um itinerário capaz de trazer calmaria, a fim de que, os modernos
Leviatãs dos mares, não se tornem monstros capazes de afundar os que remam
desesperadamente e, mesmo assim, não saem da tempestade. Possivelmente teremos
que aprender outro jeito de rezar!
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