quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Vacilações na fé



            A noção de bondade humana encontra, seguidamente, percalços de atos violentos e, capazes de apavorar. Há pessoas bem traumatizadas por pavores assimilados em tempestades. Outras de apavoram diante de sapos, de baratas, de camundongos e até de pequenos animais altamente inofensivos, porquanto a socialização infantil lhes incutiu este pavor.
            Mesmo desejando intensamente uma vida de convivência agradável, pacífica e ordeira, não conseguimos isentar-nos de seguidos momentos de conflitos e desapontamentos, capazes de nos induzir à prostração.
            Muitos dos nossos sofrimentos decorrem de excessiva auto-confiança, parecida com a de Pedro em tempestade na noite escura. Parece que lhe faltou a capacidade de oração para lidar com as dificuldades.
            No Evangelho de Mateus (14,23-33) encontramos uma descrição de um episódio, aparentemente mágico, mas que, sob um aspecto alegórico, é muito claro e elucidativo para remeter a uma constatação importante: enquanto Pedro se afundava na tempestade, Jesus estava rezando e, depois, passou a caminhar sobre as águas!
            Mais do que um episódio de uma noite escura e difícil no mar da Galiléia, a abordagem de Mateus parece remeter para questões mais significativas do âmbito da fé: se nós vivemos mergulhados em seguidos temporais de medo, de pavor e de confusão nos tormentos das noites escuras em que a consciência revira e agita mil sentimentos de insegurança, poderia a capacidade de rezar – como aconteceu com Jesus Cristo, levar-nos a procedimentos bem mais serenos e calmos. Andando sobre as águas, ele acalma a tempestade!
Na mensagem parece estar presente um indicativo do porque Pedro ia se afundando nas águas, e, também do porque nós muitas vezes nos damos mal em nossas remadas ou decisões em meio a tempestades mentais de noites escuras.
A interpelação também pode remeter a uma avaliação do desmantelamento de muitas lidas, pastorais e movimentos, no interior da Igreja: não estariam muito legalistas, exteriorizadas, formalistas e fundamentalistas em evidente processo de afundamento? Pode estar faltando o imprescindível para poder andar sobre as águas destas ondas apavorantes: será que Cristo não está interpelando a respeito de algo que deverá acontecer acima destes problemas de previsões nada animadoras e que levam a sucumbir no caminho da fé?
Que o procedimento de Pedro, nos indique um itinerário capaz de trazer calmaria, a fim de que, os modernos Leviatãs dos mares, não se tornem monstros capazes de afundar os que remam desesperadamente e, mesmo assim, não saem da tempestade. Possivelmente teremos que aprender outro jeito de rezar!


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