Nossa
condição de seres humanos, mesmo com alguma superioridade técnica, cultural e
social sobre os demais seres existentes na terra, - por mais que alcança e consegue conquistar, - não nos livra da dura
tarefa de refazer e de reconstruir o fio do sentido da existência.
Em muitas e
seguidas ocasiões este “fio da meada” é obstruído por decepções profundas; em
outras, por medos e ameaças diante do que projetamos como o melhor para o
futuro; em outras, ainda, por descrer na própria capacidade de lidar com
adversidades cotidianas, de recomeçar diante de perdas e de integrar mágoas,
raivas e tantos outros sentimentos que tiram o humor positivo da vida.
Para pessoas
de fé sempre resta o consolo do que Deus possa ajudar na lida para a superação
das dificuldades. Entretanto, como perceber a ação e as interpelações de Deus?
Basta ficar passivo, e, esperar que ele nos faça felizes e satisfeitos?
Dos
ensinamentos de Jesus Cristo podemos perceber que ele não orientava nem para o
fatalismo das desgraças e nem para mágicas divinas capazes de suprir as
limitações humanas. Orientava para a mudança de atitudes e, para a busca do
melhor caminho do que Deus interpelava, estava uma condição: a da justiça.
Bem sabemos
que a redenção, a salvação e a progressividade no sentido existencial da vida
não provêm da mera conquista pessoal. Jesus deu a entender que se trata de um
dom de Deus que precisa ser perscrutado. Este dom não equivale a uma ação
mágica capaz de livrar-nos de quaisquer sofrimentos, mas é, eminentemente, a
capacidade de mudar, de adaptar-se a situações novas e de recomeçar, sempre de
novo e muitas vezes, diante de perdas e fracassos.
Jesus usou a
imagem de uma pequena historinha para fazer seus discípulos entender este
necessário dinamismo da vida (Mt 21,28-32). Mostrou que inclusive a segurança
das coisas estáveis, imutáveis e certas, como tantos cristãos querem insinuar
com piedades e rituais exteriores, não constituem certamente o melhor caminho,
porque levam as pessoas a se fecharem diante da graça de mudar, e, porque as
torna soberbas, dominadoras e obcecadas em torno de certas exterioridades piedosas
que as enganam.
O caminho
que Deus deve estar esperando para a nossa vida, com certeza, não pode ser o do
rigorismo de alguns atos, rituais e modos formalistas de rezar, pois,
precisamente estes tornam difícil a convivência e truncam os relacionamentos
com as outras pessoas.
O humilde
itinerário é o de nos tornar capazes de inverter os muitos “nãos” que dizemos e
pensamos, para lentos e sofridos “sins” efetivos, de pequenos gestos e atos,
capazes de mudar nosso humor e o entorno da convivência.
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