quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Nos difíceis rumos da vida



            Nossa condição de seres humanos, mesmo com alguma superioridade técnica, cultural e social sobre os demais seres existentes na terra, - por mais que alcança e  consegue conquistar, - não nos livra da dura tarefa de refazer e de reconstruir o fio do sentido da existência.
            Em muitas e seguidas ocasiões este “fio da meada” é obstruído por decepções profundas; em outras, por medos e ameaças diante do que projetamos como o melhor para o futuro; em outras, ainda, por descrer na própria capacidade de lidar com adversidades cotidianas, de recomeçar diante de perdas e de integrar mágoas, raivas e tantos outros sentimentos que tiram o humor positivo da vida.
            Para pessoas de fé sempre resta o consolo do que Deus possa ajudar na lida para a superação das dificuldades. Entretanto, como perceber a ação e as interpelações de Deus? Basta ficar passivo, e, esperar que ele nos faça felizes e satisfeitos?
            Dos ensinamentos de Jesus Cristo podemos perceber que ele não orientava nem para o fatalismo das desgraças e nem para mágicas divinas capazes de suprir as limitações humanas. Orientava para a mudança de atitudes e, para a busca do melhor caminho do que Deus interpelava, estava uma condição: a da justiça.
            Bem sabemos que a redenção, a salvação e a progressividade no sentido existencial da vida não provêm da mera conquista pessoal. Jesus deu a entender que se trata de um dom de Deus que precisa ser perscrutado. Este dom não equivale a uma ação mágica capaz de livrar-nos de quaisquer sofrimentos, mas é, eminentemente, a capacidade de mudar, de adaptar-se a situações novas e de recomeçar, sempre de novo e muitas vezes, diante de perdas e fracassos.
            Jesus usou a imagem de uma pequena historinha para fazer seus discípulos entender este necessário dinamismo da vida (Mt 21,28-32). Mostrou que inclusive a segurança das coisas estáveis, imutáveis e certas, como tantos cristãos querem insinuar com piedades e rituais exteriores, não constituem certamente o melhor caminho, porque levam as pessoas a se fecharem diante da graça de mudar, e, porque as torna soberbas, dominadoras e obcecadas em torno de certas exterioridades piedosas que as enganam.
            O caminho que Deus deve estar esperando para a nossa vida, com certeza, não pode ser o do rigorismo de alguns atos, rituais e modos formalistas de rezar, pois, precisamente estes tornam difícil a convivência e truncam os relacionamentos com as outras pessoas.
            O humilde itinerário é o de nos tornar capazes de inverter os muitos “nãos” que dizemos e pensamos, para lentos e sofridos “sins” efetivos, de pequenos gestos e atos, capazes de mudar nosso humor e o entorno da convivência.



            

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