Milênios de ordens sobre amar,
Em prédicas, além do alto-mar,
E com incontáveis orientações,
Produziram muitas conversões.
Pouco alargaram o testemunho,
Menos ainda, irradiaram cunho,
Duma reciprocidade respeitosa,
Para vida humana mais graciosa.
Com amor pregado nos altares,
E ódio cultivado nos patamares,
Solidificou-se uma bipolaridade,
Que fez muito mal à sociedade.
Também o amor dos romances,
Tão exaltados em largos lances,
Cantados em populares cantos,
Exaltam intrigas e desencantos.
Amor virou palavra tão ambígua,
Que até para a intimidade exígua,
Representa ódio e larga vingança,
De mórbida posse com abastança.
Sob o amor dos cantos românticos,
Espalham-se os ódios piromânticos,
Da perseguição com dura vingança,
Sem respeito e dó à nova andança.
Como amor e ódio andam casados,
E vivem sob os rompantes odiados,
Convém recuperar o uso do termo,
Do significado de aturar-se no ermo.
O ambiente fechado e homogêneo,
Em grupos com o ódio heterogêneo,
Não admite que na diferença social,
Haja respeito para distinção
cultural.
Assim, carecemos de ação urgente,
Para reaprender a noção premente,
De nos aturar nas tantas diferenças,
E persistir na tolerância de crenças.
Minguado fruto do amor apregoado,
Em meio a tanto ódio bem cultivado,
Nos aponta para difícil e dura
guerra,
De aturar-nos para viver nesta Terra.
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