quarta-feira, 9 de julho de 2025

O GALISPO MIGUEL

 


Rebento de longa miscigenação,

Nasceu ele com a condecoração,

De um nome sagrado e religioso,

Todo ungido para ser prodigioso.

 

Bem distante de raça prestigiada,

Por alguma virtualidade venerada,

Vicejou num terreiro das disputas,

Entre galos briguentos e recrutas.

 

Tão pequeno no tamanho e força,

Mas, muito ágil e metido na praça,

Descobriu cedo seu cantar de galo,

Para ser algo mais que um vassalo.

 

Um galo metido a ser imperialista,

Aliciava uns seletos para conquista,

Demonizava outros como inimigos,

Visava só pios e submissos amigos.

 

Com ele, os outros arrastavam asa,

E ninguém queria ficar na vala rasa;

O galispo, sem lugar no rol político,

Previu sua sorte como  o metacrítico.

 

Na sua plumagem airosa e exibida,

Sentiu a contingência smilingüida,

Mas, teria na graça do espetáculo,

Um superior e vigoroso tentáculo.

 

Condecorado com o nome Miguel,

Para solucionar confusão de Babel,

E cantar fino bem mais que outros,

Sob argumentos divinos e doutros.

 

No tirocínio deste sonho visionário,

Foi convencido como extraordinário,

O escolhido pela superior majestade,

Para ser um mediador na sociedade.

 

Do galispo insignificante e ignorado,

Brotaria a vertente do divino legado,

Venerada e valorizada pela Teologia:

O galispo, ungido para ser santo guia.

 

Educado para ser instância superior,

Esqueceu seu frágil mundo inferior,

E sentiu-se acima do bem e do mal,

Para coordenar galinha e galo rival.

 

O gosto da teatralidade imagética,

Elucubrou a sua trajetória estética,

Que ornamento, seu sinal superior,

Seria dom precípuo do pleno fulgor.

 

Enfeites dourados e multicoloridos,

Rodeado por súditos com os alaridos,

Uns segurando seus panos dourados,

E outros, para acender círios ornados.

 

Um para segurar vistoso microfone,

Outro, para alcançar-lhe o telefone,

Mais outro para servir copo de água,

E um grupo para dissuadir sua frágua.

 

O epicentro da magia sobrenatural,

No cenário colorido dum ato teatral,

O galispo prega, sob fina arrogância,

Para fruir sua suposta exuberância.

 

Impõe o seu autoritarismo frenético,

Ao argumentar sob o perfil fanático,

Que seu corpo permeia algo superior,

Pois, nele se revela o altíssimo Senhor.

 

Presume possuir exércitos celestiais,

Capazes de combater todos os rivais,

E supõe que Deus age por meio dele,

Para todos aqueles que confiam nele.

 

Ataca tanto para a direita e esquerda,

A fim de assegurar interesseira cerda,

Quer associa a prosperidade material,

A graça divina vinda do sobrenatural.

 

Distante da movimentação pacifista,

Quer marchar para Jesus triunfalista,

Para obter boas isenções tributárias,

E muitas e amplas vitórias ordinárias.

 

Leva a orar a Deus para obter riqueza,

Com farto acúmulo da divina presteza,

Que favoreça todos os seus interesses,

Com derrotas de inimigos, e benesses.

 

Imagina sua alteza vestido em capas,

Enlevado semideus cheio de atrapas,

Com megalomaníacas obras divinas,

Para obnubilar as reais ideias sovinas.

 

 

 

 

 

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