Rebento de longa miscigenação,
Nasceu ele com a condecoração,
De um nome sagrado e religioso,
Todo ungido para ser prodigioso.
Bem distante de raça prestigiada,
Por alguma virtualidade venerada,
Vicejou num terreiro das disputas,
Entre galos briguentos e recrutas.
Tão pequeno no tamanho e força,
Mas, muito ágil e metido na praça,
Descobriu cedo seu cantar de galo,
Para ser algo mais que um vassalo.
Um galo metido a ser imperialista,
Aliciava uns seletos para conquista,
Demonizava outros como inimigos,
Visava só pios e submissos amigos.
Com ele, os outros arrastavam asa,
E ninguém queria ficar na vala rasa;
O galispo, sem lugar no rol político,
Previu sua sorte como o metacrítico.
Na sua plumagem airosa e exibida,
Sentiu a contingência smilingüida,
Mas, teria na graça do espetáculo,
Um superior e vigoroso tentáculo.
Condecorado com o nome Miguel,
Para solucionar confusão de Babel,
E cantar fino bem mais que outros,
Sob argumentos divinos e doutros.
No tirocínio deste sonho visionário,
Foi convencido como extraordinário,
O escolhido pela superior majestade,
Para ser um mediador na sociedade.
Do galispo insignificante e ignorado,
Brotaria a vertente do divino legado,
Venerada e valorizada pela Teologia:
O galispo, ungido para ser santo guia.
Educado para ser instância superior,
Esqueceu seu frágil mundo inferior,
E sentiu-se acima do bem e do mal,
Para coordenar galinha e galo rival.
O gosto da teatralidade imagética,
Elucubrou a sua trajetória estética,
Que ornamento, seu sinal superior,
Seria dom precípuo do pleno fulgor.
Enfeites dourados e multicoloridos,
Rodeado por súditos com os alaridos,
Uns segurando seus panos dourados,
E outros, para acender círios ornados.
Um para segurar vistoso microfone,
Outro, para alcançar-lhe o telefone,
Mais outro para servir copo de água,
E um grupo para dissuadir sua frágua.
O epicentro da magia sobrenatural,
No cenário colorido dum ato teatral,
O galispo prega, sob fina arrogância,
Para fruir sua suposta exuberância.
Impõe o seu autoritarismo frenético,
Ao argumentar sob o perfil fanático,
Que seu corpo permeia algo superior,
Pois, nele se revela o altíssimo Senhor.
Presume possuir exércitos celestiais,
Capazes de combater todos os rivais,
E supõe que Deus age por meio dele,
Para todos aqueles que confiam nele.
Ataca tanto para a direita e esquerda,
A fim de assegurar interesseira cerda,
Quer associa a prosperidade material,
A graça divina vinda do sobrenatural.
Distante da movimentação pacifista,
Quer marchar para Jesus triunfalista,
Para obter boas isenções tributárias,
E muitas e amplas vitórias ordinárias.
Leva a orar a Deus para obter riqueza,
Com farto acúmulo da divina presteza,
Que favoreça todos os seus interesses,
Com derrotas de inimigos, e benesses.
Imagina sua alteza vestido em capas,
Enlevado semideus cheio de atrapas,
Com megalomaníacas obras divinas,
Para obnubilar as reais ideias sovinas.
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