terça-feira, 22 de julho de 2025

DEUS-CONOSCO


Da simbólica estrela do oriente,

Que apontou para um vivente,

Acolhido como Deus entre nós,

Abriu caminho seguro e veloz.

 

Da outra imagem duma nuvem,

A dialogar com inseguro homem,

Lembra o Deus próximo e cordial,

Sem nada de arrogância triunfal.

 

Nestas experiências hierofânicas,

Sem exibição de ações ufânicas,

Ativado o apelo a favor do outro,

Fitava-se solidário jeito essoutro.

 

Da experiência concreta vivida,

Para a convivência enternecida,

Criou-se Deus da ideia abstrata,

De ação amorfa, vaga e secreta.

 

O Deus sem irradiar bom cheiro,

Da ideia dum distante altaneiro,

Somente favorável às vaidades,

É cria da mente de habilidades.

 

Ou é deus da noção platônica,

Da moderna técnica eletrônica,

Ou deus da fantasia devocional,

Para largo conforto sentimental.

 

Nossos dias também aprontam,

Nas ritualizações que afrontam,

O deus mágico do culto pessoal,

A agir no perfeccionismo ritual.

 

Ótimo deus a elevar a vaidade,

Do pregador divino à saciedade,

Como um iluminado repassador,

Dum secreto acesso ao criador.

 

Este deus o incita contra cinismo,

Do perverso e nefasto comunismo,

Sem apontar para a justiça social,

E sem combate à injustiça social.

 

Já não é mais um Deus-conosco,

Mas deus a ordenar tolo enrosco,

Para derrotar quaisquer inimigos,

Rotulados de insubmissos perigos.

 

A nuvem que orienta esta crença,

É a nuvem digital para a pertença,

Ao exército dos fiéis obedientes,

De tecnofeudalismos dominantes.

 

 

  

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