Da simbólica estrela do oriente,
Que apontou para um vivente,
Acolhido como Deus entre nós,
Abriu caminho seguro e veloz.
Da outra imagem duma nuvem,
A dialogar com inseguro homem,
Lembra o Deus próximo e cordial,
Sem nada de arrogância triunfal.
Nestas experiências hierofânicas,
Sem exibição de ações ufânicas,
Ativado o apelo a favor do outro,
Fitava-se solidário jeito essoutro.
Da experiência concreta vivida,
Para a convivência enternecida,
Criou-se Deus da ideia abstrata,
De ação amorfa, vaga e secreta.
O Deus sem irradiar bom cheiro,
Da ideia dum distante altaneiro,
Somente favorável às vaidades,
É cria da mente de habilidades.
Ou é deus da noção platônica,
Da moderna técnica eletrônica,
Ou deus da fantasia devocional,
Para largo conforto sentimental.
Nossos dias também aprontam,
Nas ritualizações que afrontam,
O deus mágico do culto pessoal,
A agir no perfeccionismo ritual.
Ótimo deus a elevar a vaidade,
Do pregador divino à saciedade,
Como um iluminado repassador,
Dum secreto acesso ao criador.
Este deus o incita contra cinismo,
Do perverso e nefasto comunismo,
Sem apontar para a justiça social,
E sem combate à injustiça social.
Já não é mais um Deus-conosco,
Mas deus a ordenar tolo enrosco,
Para derrotar quaisquer inimigos,
Rotulados de insubmissos perigos.
A nuvem que orienta esta crença,
É a nuvem digital para a pertença,
Ao exército dos fiéis obedientes,
De tecnofeudalismos dominantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário