A cabeça avermelhada do Crispim,
Revela sua genética toda chinfrim,
Pois, como o galo da raça de rinha,
Quer ter último grito sobre galinha.
Anda numa crise sem precedentes,
Por sentir apatia dos dependentes,
E seu apelo veemente e totalitário,
Nada salva no seu puleiro solitário.
Absorveu aquela doença paranoica,
Da pressuposta onisciência egóica,
Como macho super-macho do sítio,
Vê pinto a gozar seu estado de sítio.
Percebe o mando de tantas galinhas,
A negligenciá-lo como galo das
rinhas,
E ele constata a perda da hegemonia,
No terreiro do seu canto de
artilharia.
Galinhas com seus pintos
multirraciais,
E frangotes cantando como seus
rivais,
Levam o galo Crispim à crise
subjetiva,
De ver seu poder e glória numa
deriva.
Para disfarçar sua crise ainda
propala,
Que está faltando macho que se regala,
E engrossa pescoço para grito
altaneiro,
De que falta bom macho no galinheiro.
Descarrega sua raiva contra as
galinhas,
E galinhagem contra frangadas
daninhas,
Pois, nos ovos amplamente fecundados,
Já não constam seus genéticos
legados.
Mesmo cantando que é o imbrochável,
As galinhas fitam outro frango
adorável,
E ignoram o frenético discurso
machista,
Que, para o galo Crispim, é
universalista.
Sequer o apelo à sua mitológica
função,
De raça superior numa redentora ação,
Aponta a luz no escuro terreiro
político,
Para recuperação do seu poder
acrítico.
O sexismo fanático e violento no
terreiro,
Culpa galinhas por pouco macho
fagueiro,
Porque não se acocoram para o seu
pulo,
E nem encaram seu galanteio todo
mulo.
Longe da docilidade que ele deseja
captar,
As galinhas, frias ao seu sistema
disciplinar,
Nem mesmo se encantam com a sua
crista,
Ruborizada de tanto fracasso na
conquista.
Tudo isso deixa o galo Crispim bem
raivoso,
Seus bagos seminais sem libido
impetuoso,
Para obter galinhas submissas no
terreiro,
Pois, já estão seguindo em outro
carreiro.
A luta incansável pela virilidade de
macho,
Do galo forte e guerreiro virou o
escracho,
Que nem com o suposto charme recupera,
E, apenas uma galinha que com ele impera.
Ambição por colonizar os frangos do
sítio,
Nem com as zurzidelas do poder do
lítio,
Inibe galo Crispim ante o risco
revoltado,
Sujeito a deglutir seus culhões em
assado.
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