quarta-feira, 23 de julho de 2025

O GALO CRISPIM

 

 

A cabeça avermelhada do Crispim,

Revela sua genética toda chinfrim,

Pois, como o galo da raça de rinha,

Quer ter último grito sobre galinha.

 

Anda numa crise sem precedentes,

Por sentir apatia dos dependentes,

E seu apelo veemente e totalitário,

Nada salva no seu puleiro solitário.

 

Absorveu aquela doença paranoica,

Da pressuposta onisciência egóica,

Como macho super-macho do sítio,

Vê pinto a gozar seu estado de sítio.

 

Percebe o mando de tantas galinhas,

A negligenciá-lo como galo das rinhas,

E ele constata a perda da hegemonia,

No terreiro do seu canto de artilharia.

 

Galinhas com seus pintos multirraciais,

E frangotes cantando como seus rivais,

Levam o galo Crispim à crise subjetiva,

De ver seu poder e glória numa deriva.

 

Para disfarçar sua crise ainda propala,

Que está faltando macho que se regala,

E engrossa pescoço para grito altaneiro,

De que falta bom macho no galinheiro.

 

Descarrega sua raiva contra as galinhas,

E galinhagem contra frangadas daninhas,

Pois, nos ovos amplamente fecundados,

Já não constam seus genéticos legados.

 

Mesmo cantando que é o imbrochável,

As galinhas fitam outro frango adorável,

E ignoram o frenético discurso machista,

Que, para o galo Crispim, é universalista.

 

Sequer o apelo à sua mitológica função,

De raça superior numa redentora ação,

Aponta a luz no escuro terreiro político,

Para recuperação do seu poder acrítico.

 

O sexismo fanático e violento no terreiro,

Culpa galinhas por pouco macho fagueiro,

Porque não se acocoram para o seu pulo,

E nem encaram seu galanteio todo mulo.

 

Longe da docilidade que ele deseja captar,

As galinhas, frias ao seu sistema disciplinar,

Nem mesmo se encantam com a sua crista,

Ruborizada de tanto fracasso na conquista.

 

Tudo isso deixa o galo Crispim bem raivoso,

Seus bagos seminais sem libido impetuoso,

Para obter galinhas submissas no terreiro,

Pois, já estão seguindo em outro carreiro.

 

A luta incansável pela virilidade de macho,

Do galo forte e guerreiro virou o escracho,

Que nem com o suposto charme recupera,

E, apenas uma galinha que com ele impera.

 

Ambição por colonizar os frangos do sítio,

Nem com as zurzidelas do poder do lítio,

Inibe galo Crispim ante o risco revoltado,

Sujeito a deglutir seus culhões em assado.

 

 

 

 

 

 

 

 

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