segunda-feira, 19 de julho de 2021

O INFERNO DA CANSEIRA

 

 

Aquele projetado como sofrimento,

Já não oferece mais razoável alento,

Pois, causticar pelos erros e enganos,

Nem cansa como atuais desenganos.

 

O nosso estágio de cansaço infernal,

Sequer decorre da ruptura fraternal,

Mas do estar super e hiper ocupado,

Na pressão de desempenho drupado.

 

Ser potente e superprodutivo é a lei,

Do forte poder anônimo para a grei,

Que requer produtividade e prazer,

E desempenho para nada arrefecer.

 

O imperativo da potência do fazer,

Saturado por falso mito de crescer,

Descortina os medos obrigatórios,

De arcar com resultados irrisórios.

 

O outro sempre constitui ameaça,

Para possível e iminente desgraça,

Porque, já constituído como rival,

Superaquece todo o medo estival.

 

No remédio para tudo o que dói,

Abre-se dependência que condói,

No consumo diário que restringe,

Tudo o que a publicidade impinge.

 

Até nas “emotics” das mensagens,

Volta bombardeio de sabotagens,

Para expressar o gosto e desgosto,

De algum inquietante pressuposto.

 

No ardente e infernizado cansaço,

Cobrança reabilitária do amasso,

Não supõe o outro como objetivo,

Mas como a ameaça sem lenitivo.

 

A noção do inferno deste chifrudo,

Mesmo cadavérico e todo sanhudo,

Parece tão leve, suave e relaxante,

Ante pressão categórica e broxante.

 

 

 

 

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