quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

HIPERMODERNA ESCRAVIDÃO




Enquanto a antiga espoliava raças,
A hipermoderna alarga desgraças,
E escraviza a hominídia condição,
Para felicidade de muita aquisição.

Feitos vermes vorazes de consumo,
E induzidos para um mesmo rumo,
Este bombardeio de propagandas,
Engole todos nas indicadas ondas.

Quando comprar equivale a amor,
O objeto materializado por clamor,
Insinua com novidades imperdíveis,
As chances para posses irresistíveis.

Sob a necessidade de mais coisas,
A falta de dinheiro para as loisas,
Obriga a esticar horas de trabalho,
Mas, o corpo, acaba em frangalho.

Somem tempos mínimos e triviais,
Para lidar com coisas bem frugais,
E esvai toda capacidade empática,
Para negociar com a lida enfática.

No obstinado foco de ser mais feliz,
Homens e mulheres em vida infeliz,
Materializam velho círculo vicioso,
A trocar amor por presente vistoso.

Quanto mais conseguem abocanhar,
Tanto mais suas forças de barganhar,
Substituem os momentos familiares,
E alargam os prazeres de outros ares.

A escravidão se aguça nas exigências,
Da vida flexível, solta de ingerências,
Sem vinculações afetivas e familiares,
Para prestar-se a trabalhos variáveis.

Basta somente produzir e consumir,
E numa mórbida incerteza subsumir,
Sem marco espontâneo e acolhedor,
Para desandar num rol estarrecedor.









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