terça-feira, 9 de janeiro de 2018

FORNICAÇÃO



Uma antiga característica,
Tornou-se a nova mística,
Que fez do pecado abjeto,
A virtude do agir correto.

Das restrições e censuras,
Com os alertas e mesuras,
Tudo em assunto afetivo,
Indicava limite definitivo.

Do corpo dessacralizado,
Veio um vigoroso legado:
Tudo é permitido e lícito,
E em sexo tudo é solícito.

Na nova escola libertina,
Um dado vital se ensina:
Cabe escolher o gênero,
Mesmo sendo efêmero.

O foco da boa adoração,
É o corpo em exposição,
Para ser usado e fruído,
E evitar ficar preterido.

No pico da libertinagem,
Ausenta-se a sacanagem,
Pois tudo o que dá prazer,
Serve para se comprazer.

Importa desfrute intenso,
Captado num rol imenso,
Pois o outro corpo objeto,
Logo vira um artigo abjeto.

Descartabilidade constante,
Reduz o amor a irrelevante,
E o respeito à coisa passada,
Ao lado da conduta ilibada.

No aviltamento às pessoas,
As coisas somente são boas,
Se factíveis para a vantagem,
Dos afoitos da libertinagem.

Amor e respeito à alteridade,
Também revelam à saciedade:
Nem tudo o que é permitido,
Serve ao amor comprometido.





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