segunda-feira, 27 de outubro de 2025

MOLDAGENS SUBJETIVAS

 

 

Sob larga educação para o inusitado,

Subjetiva moldagem para resultado,

Estabelece valor nobre da educação,

Para o desempenho e a competição.

 

Espaço escolar adora a meritocracia,

Divulga e promove com a galhardia,

Imagens de vitoriosos nas disputas,

E ignora os que perderam nas lutas.

 

O centro da educação é o esporte:

De lutas e torneios de toda sorte,

Para exaltar os heróis sobre fracos,

E condecorar os exitosos velhacos.

 

Na tradição coercitiva à submissão,

Ideal respeitoso e pacífica interação,

Ainda valorizava um trato elegante,

Com gesto humanitário e edificante.

 

Uma maneira de pensar e de sentir,

Disciplinada para um solidário agir,

Sublevada para focar desempenho,

Fita habilidade de muito empenho.

 

Vencer, ser herói, aumentar fama,

Vira o melhor e exitoso programa,

Para função da educação escolar,

Na exploração para ser exemplar.

 

A ordem já não é coercitiva direta,

Mas estimulação exaustiva e seleta,

Para vencer e superar concorrentes,

Que sucumbam como descontentes.

 

Quase nada importa boa convivência,

Ou partilha de uma bela experiência,

Mas o inconsciente fixo em produzir,

Para um certo sistema brilhar e reluzir.

 

Como em outro tempo, a moldagem,

Faz da escola uma aparente aragem,

Que faz sonhar em muito heroísmo,

Mas, relega a maioria com cinismo.

 

 

 

sábado, 25 de outubro de 2025

JUSTIFICAÇÃO DOS BONS

 


Velha tentação humana racionalizadora,

Justifica toda e qualquer ação vingadora,

Para ratificar e reafirmar toda desculpa,

De vítimas agredidas sem um mea-culpa.

 

Fácil condição de situar-se no lado bom,

Permite soltar a trela com negativo tom,

Contra toda a imperfeição na lida alheia,

E divulga-la com a ostensiva boca cheia.

 

Ao se pensarem como bons e melhores,

Críticos felinos e perspicazes dos piores,

São os exigentes, injustos e intolerantes,

E se arrostam pelos direitos mandantes.

 

Autossuficientes, e longe da compaixão,

Esmeram-se numa vistosa e altiva oração,

Para inflar o ego da auto-imagem erudita,

E dirigir-se a Deus com sua língua maldita.

 

Acostumados a oprimir e outros espoliar,

Nada possuem para doar, nem empatizar,

Porque centram seu ego aureolado e bom,

Como graça e suporte de um divino dom.

 

Com sua falsa imagem de bons e devotos,

Sequer sabem ativar os controles remotos,

Para desconfiar do modo de viver e fazer,

Sem ver a ninguém para se compadecer.

 

Como se arrogam a parcela do grupo bom,

Falam da vida alheia como celestial dom,

Que oferece os modelos do agrado divino,

Aos pobres humanos, pecadores e cretinos.

 

Como não se sentem omissos, nem falhos,

Não carecem de perdão, como frangalhos,

E se tornam imutáveis no tradicionalismo,

A assegurar-lhes o status do fisiologismo.

 

Atrapalham convivência pelo que pensam,

Pois desferem a humilhação com ofensas,

E esperam condecoração de dádiva divina,

Pela sua atitude nada altruísta, mas cretina.

 

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

DEUS DO LADO POBRE

 


Seria afirmação de poder dos fracos,

Para ampliar a força contra velhacos,

Ou, seria uma apelação justificadora,

Para a ganância humana vingadora?

 

Deus, com certeza não se colocaria,

Numa vulgaridade de tanta baixaria,

Mas, alegar Deus no lado dos pobres,

É senso de que são produtos alfobres.

 

Afirmar Deus no lado dos oprimidos,

Significa dizer que são os explorados,

Ou vítimas injustiçadas de poderosos,

Que efetuam procedimentos danosos.

 

Muitos destes supostos bons cristãos,

Usurpam a religião e se afirmam bons,

Longe da orientação justa e respeitosa,

Para agradar a Deus na forma mimosa.

 

Louvam e agradecem pelos seus bens,

No olhar avesso aos dos pobres reféns,

Porquanto os culpam pela larga miséria,

Sujeitos merecedores de muita pilhéria.

 

Será que Deus quer acepção de pessoas,

Para valorizar tão somente aquelas boas,

E deixar ao léu os que não se enquadram,

E no emprego espoliador não se alvidram?

 

Fartura de fariseus modernos agradecidos,

Enaltece a Deus com os louvores coloridos,

Mas, bem distante da humildade sugerida,

Acha-se justa, sem a consciência merecida.

 

Auto-suficiência com mania de grandeza,

Que leva a achar-se superior na inteireza,

Cega a auto-crítica encobridora de pecado,

E oculta toda a trapaça do sistema viciado.

 

Vida atual com tanta adoração do egoísmo,

Alarga por todo lado, contraditório cinismo,

De que o pobre é culpado pela sua pobreza,

E que não merece nenhum ato de presteza.

terça-feira, 21 de outubro de 2025

ÓDIO COM PODER

 

 

Mérito do rancor produzido e alargado,

Eleva patamar de mídias por todo lado,

Para atiçar quem segue influenciadores,

A incitá-los para os ataques vingadores.

 

Parece nada interessante ser generoso,

Ou valer-se da simpatia pelo grandioso,

De alargar a bondade, com cordialidade,

Para engrandecer o valor da sociedade.

 

Se até pouco, prevalecia maniqueísmo,

De quem se pensava, até com cinismo,

De colaborar a favor do supremo bem,

Até bom Deus explorava como refém:

 

Em nome dele queria combater o mal,

Para obter a vitória numa luta triunfal,

Contra inimigo imaginário e declarado,

A fim de não lhe deixar nenhum legado.

 

Vive-se, assim, a luta diária de um ódio,

A exaurir as energias contra outro ódio,

E o mais perverso será o forte vitorioso,

A descarregar ódio de domínio glorioso.

 

Ainda dá para prever tons moderados,

Com ódio cultivado por todos os lados?

Quando vencedores exigem prostração,

Sobra só o joelho dobrado sem reação.

 

Se redes se afortunam incitando ódios,

Neste vale-tudo de raiva a adversários,

Espalha-se todo cocô jogado no mundo,

Sob o ventilador midiático do iracundo.

 

Ao se confundir liberdade de expressão,

Com a larga difusão de ódio à exaustão,

Adora-se quem é um extremista e feroz,

Que esnoba sobre a vítima, como algoz.

 

Se notícia de ódio, de público garantido,

Vira sucesso para um mundo denegrido,

Resta ficar mais desconectado da mídia,

Para não sucumbir pelo rumo da acídia.

 

Menos elogio e reverência a vencedores,

Poderia ensejar os novos e bons alvores,

Para amenizar tons raivosos e agressivos,

E permitir fruição dos graciosos lenitivos.

 

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

VOZ DA JUSTIÇA

 

 

Velho ditado de que voz da justiça,

É a voz de Deus contra toda cobiça,

Caducou a sua força de persuasão,

E valoriza ironia na argumentação.

 

A interioridade de cada indivíduo,

Vive a briga de estranho resíduo:

Da indefesa pessoa desamparada,

E do juiz corrupto em desandada.

 

E quando se aborda a reta justiça,

Omite-se fonte de toda lei postiça:

Lei do forte contra o fraco indefeso,

Ou da vítima no juiz fautor de leso?

 

É a regra duma representação ética,

Ou, uma oficializada força fanática?

Se os juízes até vendem sentenças,

Querem obter fartas recompensas.

 

E como saber, se os homens da lei,

Não agem contra a lei ética da grei,

Inocentam os fautores da injustiça,

Somente para ampliar sua cobiça?

 

Quando o apelo à legislação divina,

Espera a imediata vingança sovina,

Certamente se amplia mecanismo,

Para a cega vingança com cinismo.

 

Mais do que pedir Deus na justiça,

Requer-se ação contra o que atiça,

A exploração dos poderes fortes,

Contra os vitimados sem suportes.

 

Se pobreza amplia vulnerabilidade,

Ecoa clamoroso grito por lealdade,

Para que o modo de viver a justiça,

Ultrapasse as leis caducas da cobiça.

 

Os juízes perversos da consciência,

Precisam ouvir a forte insistência,

Dos clamores do humano coração,

Em favor de justiça com o perdão.

 

Do contrário, o mecanismo de ódio,

Alargado pela fantasia do episódio,

Torna-se um iníquo com a maldade,

Instaurada na hodierna sociedade.

 

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

A ENGOLIDORA DA MEMÓRIA

 

 

Como a Covid roeu os fios da memória,

A moderna tecnologia rouba sua glória,

Submetendo os humanos às máquinas,

E deixando valores culturais em ruínas.

 

Enquanto alimentos superprocessados,

Produzem os tipos humanos obcecados,

Tecnologia de ponta na mão de doentes,

Desorienta os hominídeos já padecentes.

 

Devora todo sentido coletivo no tempo,

E rouba a razão de pacífico entretempo,

Pois, já trocou razão ética pela estética,

E busca o poder, segundo a aritmética.

 

Impõe suprema lei do tudo é permitido,

Com isso, arrosta todo humano sentido,

Interfere na política, manipula resultado,

Para impor avanço num poderoso legado.

 

Corrompe valores religiosos e os politiza,

Como se fossem a ordem divina de guiza,

Para impor os ditames da possessividade,

E arregimentar toda e qualquer sociedade.

 

Qual animal moribundo e muito fedido,

Faz a guerra de morticínio ensandecido,

Ser aclamada pelo absurdo da dominação,

Na prepotência sobre a humana condição.

 

Na velha tara humana, insiste na tirania,

Do imperialismo colonialista sem alegria,

Que deixa sofrer e morrer estupidamente,

Em nome de um deus cristão prepotente.

 

Quando mal a outros, pensado como bom,

Se torna referência para absolutizar o tom,

Manda só a animalidade perversa e bruta,

Que se esmera por leis da mortífera luta.

 

A tecnologia deslocada da função de meio,

Tornou-se fim para poderoso jogo de enleio,

E deixa os humanos sem sentido no mundo,

Desorientados por convencimento iracundo.

 

À tecnologia, nada importa nossa natureza,

Mas suga última gota de sangue com crueza,

E, último litro de petróleo do nosso subsolo,

Precisa satisfazer psiquismo doentio o tolo.

 

Sobra imensa massa humana sem história,

Já desprovida da lídima raiz e da memória,

Angustiada pelo imprevisível do seu porvir,

Sem capacidade mobilizadora para intervir.

 

sábado, 11 de outubro de 2025

VINHO NOVO

 

 

Jesus recomendou barril novo,

Para um vinho bom de renovo.

O vinho era o símbolo de festa,

E não deveria deixa-la molesta.

 

Ao participar dum casamento,

Motivo para magnífico evento,

Com duração de uma semana,

E muito canto na festa bacana.

 

O estranho detalhe constatado,

De talhas vazias sem um legado,

Virou imagem para estado de fé:

Esvaziada, andava na marcha ré.

 

A secular tradição de purificação,

Tinha se tornado inerte, sem ação,

E não ia além de ritualismo vazio,

Que deixava toda a festa no fastio.

 

Interpelação aos seus seguidores,

Na imagem do vinho dos odores,

Indicava sumiço da razão de festa,

Por encaixar tudo em regra besta.

 

O novo era enquadrado no velho,

E esvaziado pelo agir escaravelho,

Fazia o reforço dos velhos hábitos,

Anular novidade pelos descréditos.

 

Vinho novo servido para bela festa,

Associa jeito de Cristo como giesta,

Para que razão profunda da alegria,

Não fosse estragada por velha azia.

 

Cristãos dos nossos dias hodiernos,

Diluem os bons valores sempiternos,

Em velha concepção conservadora,

E tolhem toda motivação inovadora.

 

O símbolo de encher talhas vazias,

Para uma razão festiva de alegrias,

É o convite para conferir os frutos,

Para a fé com inovadores atributos.

 

Talha vazia representa fé sem ação,

Nela o rigor toma lugar do coração,

Não inova diante dos velhos barris,

Azedando o vinho no vetusto ardiz.

domingo, 5 de outubro de 2025

A DITA RECOMPENSA

 

 

Movidos pela sutileza capitalista,

Cristãos transformam sua aposta,

Para captar de Deus ajuda valiosa,

Favorável à acumulação suntuosa.

 

No negócio pelo próprio interesse,

Deus é almejado pelo seu repasse,

Distante da noção “generosidade”,

E sem disposição para gratuidade.

 

Não se pensa em disponibilidade,

Mas em acumulação na saciedade,

A fim de obter muito e alto louvor,

Sem honesto e humanitário fervor.

 

No autocentramento voluntarioso,

Some a motivação de ser bondoso,

E alarga-se o nível da mesquinhez,

Sem sensibilidade ante a escassez.

 

Como a fé foca vaidade e egoísmo,

Some todo o solidário humanismo,

E capacidade de doação generosa,

Some no fito de ascensão vaidosa.

 

Ação de construir mundo fraterno,

Não percebe o mundo subalterno,

Que não experimenta amor de Deus,

Nem sente os sinais de entornos seus.

 

Tentação de exaltar poder de Jesus,

Apenas para alargar glória sem cruz,

Leva a exaltar sua própria conquista,

Sem a mediação de ação benquista.

 

Espera-se muita fé da parte de Deus,

Mas só para engrandecer os corifeus,

Sem abertura de espaço para doação,

E, sem elã para agir na boa intenção.

 

 

 

<center>VER PARA ESCUTAR</center>

  Quando as imagens sobrepostas, Numa alta velocidade de apostas, Prende no enxergar e ouvir ordens, O psiquismo só fornece desorden...