sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O ADORADO ESPELHO

 

 

Magistral para a auto-egolatria,

Requer-se espelho de simetria,

Que todo dia aumenta retorno,

Para glorificar o próprio adorno.

 

A procura frenética pelo sucesso,

Adorada como fonte de progresso,

Produz narcisismo doentio e fatal,

De quem quer manter-se imortal.

 

Único encantamento por si mesmo,

Desloca a auto-estima para o esmo,

Pois vale o ser admirado e ingerido,

Para o sonho de muito fã aguerrido.

 

Na oblação de consumo, o lucro fácil,

Manda muito mais que amigo grácil,

Já que centralizada venda da imagem,

Constitui fascínio de famosa miragem.

 

Sentir-se digerido por larga admiração,

Revela um agudo egoísmo sem direção,

Pela dependência da apreciação alheia,

Com a bajulação e apreciação galanteia.

 

Somem os bons vínculos afetivo-sociais,

Já que os espelhos dos mundos virtuais,

Aparentemente condecoram a imagem,

Oferecida com diversificada roupagem.

 

Um Ego todo carente de ser consumido,

Revela-se bem dependente e deprimido,

Quando sua imagem criada e fantasiada,

Não vem a ser vendida e comercializada.

 

Noticiários destacam sortidas imagens,

De influenciadores em pífias postagens,

A esnobar requintes de fortunas ilícitas,

Que apontam ausências éticas implícitas.

 

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

FUMAÇA

 

 

A fumaça tóxica de fumantes,

Ainda vai agredindo andantes,

Mas, a outra azul e venenosa,

Causa doenças em polvorosa.

 

Vinda da longínqua Amazônia,

Leva a dias e noites de insônia,

Seguindo leitos de rios aéreos,

Sem a água com seus critérios.

 

Em vez da lufada de boas águas,

Espalham-se toxinas ambíguas,

Misturadas na fumaça azulada,

A intoxicar de forma desvelada.

 

Já não é o céu azul das canções,

Mas o das mortais conjunções,

Com gases altamente nocivos,

Ao vasto mundo de seres vivos.

 

Sem acesso ao bom ar oxigenado,

Pois, resta apenas o envenenado,

Que cria a dificuldade respiratória,

E com uma bronquite compulsória.

 

Queimadas crescentes a cada ano,

Sem controle no vasto desengano,

Fazem do agronegócio ambicioso,

Lei que silencia de modo capcioso.

 

Ordem severa para mais produção,

Ignora a saúde e a básica condição,

E avança sobre quaisquer florestas,

Insensível às científicas admoestas.

 

Nas ambições de polpudos lucros,

Vendem-se articulados simulacros,

Para despertar uma cega obsessão,

Que degenera a humana condição.

 

Sofridos e ofegantes respiradores,

Vitimados pelos alérgenos odores,

Vão definhando no sofrido torpor,

Anestesiados por frígido impudor.

terça-feira, 13 de agosto de 2024

GEMIDO DA TERRA

 

 

Uma cruel e perversa ideologia,

Enche nossa cabeça noite e dia:

A felicidade vem da economia,

A desenvolver-se na isonomia.

 

Olhar fito sobre bens da Terra,

Desperta a ambição que berra,

Para ampliar saque à natureza,

E cumular-se de farta riqueza.

 

Humano feito veneno danoso,

Metido a destruidor perigoso,

É atentado contra própria vida,

No desrespeita a Terra querida.

 

Faz-se dono, sendo parte dela,

E mata mundos sob falsa trela,

Que atingem o seu organismo,

Ferindo-o com sádico cinismo.

 

Esquece que é parte da terra,

E mera condição que encerra,

A sagrada condição simbiótica,

Na vasta macro e micro-biótica.

 

Não capta o mundo circundante,

E nem se sente dele participante,

Pois alienado do que o deixa vivo,

Mata-se no procedimento reativo.

 

No direito de propriedade privada,

Faz com ela o que bem lhe agrada,

E esquece que ao matar sistemas,

Cria para si incontáveis problemas.

 

Estimulado para o economicismo,

Deste desenfreado destrutivismo,

Atenta contra a sagrada condição,

De fazer parte de vasta interação.

 

Se não é dono, mas apenas parte,

Deve alargar com desvelo e arte,

Uma convivência multisistêmica,

Para evitar propensão endêmica.

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

VIOLÊNCIA TOLERADA

 

 

Ao lado do mimetismo humano,

A disfarçar procedimento insano,

Somou-se o poder de informação,

Para anestesiar toda a população.

 

À preparação das armas de guerra,

Segue-se uma persuasão que acirra,

A necessidade de eliminar inimigos,

Da vida ordeira de pacatos amigos.

 

Ao se perpetrar estúpida violência,

Usa-se comunicação de indecência,

Para persuadir a todos que tal fato,

Fora precípuo e justo para tal trato.

 

Cobra-se de mandantes a aprovação,

Para endossar perversa e bélica ação,

E que alinha, ao lado dos agressores,

Muitos outros arrogantes malfeitores.

 

Sob o vasto convencimento exaustivo,

Anestesia-se todo consciente resistivo,

A aprovar e aceitar violência praticada,

Como uma necessária ação sofisticada.

 

Cessam então informações veiculadas,

E se alargam as matanças acumuladas,

Sob forçada quietude de aparente paz,

Dos vitimados pela crueldade mordaz.

 

A consciência larga da insensibilidade,

Aceita toda e qualquer arbitrariedade,

Desde que não afete bolso e ambição,

Para seguir consumo sem moderação.

 

A cruel frieza diante dos congêneres,

Afeta básicas condições biogêneres,

E aliena os assistentes com miragens,

De carnificinas com mórbidas imagens.

 

Desinformados de notícias impactantes,

As mentes anestesiadas, mas diletantes,

Enquadram na larga e solta consciência,

O progressivo estágio da sua demência.

 

 

 

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

PREITO ÀS LEITORAS E LEITORES

 

 

Ao chegar no 1.200º texto,

Arrumo pequeno pretexto,

Para reconhecer interação,

E exaltar esta bela fruição.

 

Acesso anônimo a escritos,

Destes assuntos constritos,

Sugerem midiática relação,

Como um meio de afeição.

 

Sem saber quem visualiza,

Ideias que o blog sinaliza,

Me induz seguir o intento,

De gerar lufada de alento.

 

Na fidelidade aos leitores,

Exponho parcos pendores,

Na aposta duma elevação,

Do rumo da humana ação.

 

Espero poder sensibilizar,

Contra modo de banalizar,

O agir humano no planeta,

Sem respeito na sua meta.

 

A necessidade de conviver,

E de boas relações reviver,

Nos remete ao vasto mundo,

Vivo no interagir profundo.

 

Nesta simbiose hospedeira,

Eleva-se de forma altaneira,

A responsabilidade humana,

Para evitar uma ruína sacana.

 

 

CUIDADOS

 

 

Ante alertas para análises cuidadosas,

E convites para apreciações atenciosas,

Inquirimos sobre repercussão possível,

Que contorne eventualidade indizível.

 

Já na dimensão do desvelo e bom trato,

Costuma prevalecer tratamento ingrato,

Pois um cuidado específico a si mesmo,

Deixa todo entorno na condição a esmo.

 

Nos cuidados precípuos da maternidade,

Transparecem indicativos de alteridade,

Com emotividade e relações edificantes,

Para um clima de estimulações vibrantes.

 

Outros cuidados remetem aos preceitos,

A evitar abuso através dos preconceitos,

Que ampliam a vulnerabilidade humana,

Tão afetada pela relacionalidade insana.

 

Sem uma normatividade para cuidados,

Criamos problemas para todos os lados,

Sucumbimos na anestesia da tolerância,

Ou incidimos no excesso da inconstância.

 

Larga tolerância com a falta de cuidados,

Insensibiliza diante de seres injustiçados,

E este relativismo frívolo do olhar vago,

Produz e dissemina irreparável estrago.

 

Se é louvável cuidar do que possuímos,

Convém cuidar do que não carecemos,

A fim de que a vida dos sistemas todos,

Evite que sejamos seus falsos rapsodos.

 

 

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

PODER DA CALÚNIA

 

 

Vicejante na condição humana,

Para qualquer lado se promana,

Na arte mesclada com maldade,

Para ferir na perversa frialdade.

 

Detona-se culpado por fracasso,

E cria-se consternado embaraço,

Para denegrir ascendentes rivais,

Com desmerecimentos especiais.

 

Acusação injusta de ato obscuro,

Enseja argumento do mais seguro,

Para destruir uma imagem alheia,

E irradiar uma auto-imagem cheia.

 

Solta a demonização do adversário,

Admite-se qualquer juízo temerário,

Desde que seja favorável à ambição,

E sem algum obstáculo de proibição.

 

Assim, aponta-se para possível paz,

E se faz guerra cruel pelo que apraz,

Com jogo sujo para alcançar poder,

E criminalizar quem quer ascender.

 

Sob argumentação para liberdade,

A pratica da ampla arbitrariedade,

Vira direito para uma luta injuriosa,

Com vistas à consagração gloriosa.

 

Dissolve-se a regra e lei para reinar,

E fechada a porta para não aglutinar,

Discrimina-se concorrente perdedor,

Sem valorizar o seu genuíno pendor.

terça-feira, 6 de agosto de 2024

DERROTAS

 

 

Verdadeira neurose pelo sucesso,

Ignora todo e qualquer insucesso,

E gera multidões de admiradores,

Aos bem exitosos prevaricadores.

 

Adorados e bajulados semideuses,

Mordem ouro que louva as bases,

Das trajetórias e das competições,

Que os enlevam às divinas ilações.

 

A persistência com foco na vitória,

Movida pelo desejo da maior glória,

Supõe a competição nada amistosa,

Para alcançar repercussão faustosa.

 

Adorada como alta fonte de sucesso,

A vitória não cogita nenhum fracasso,

E a dor dos derrotados e perdedores,

É ignorada na exaltação de pendores.

 

Vivas e fartos aplausos a vencedores,

Levam à identificação de bastidores,

Dos que vivem simulacro da disputa,

Sem se empenhar em cotidiana luta.

 

A torcida pelos eminentes vitoriosos,

Na exaltação dos heróis portentosos,

Revela que nem todo sucesso é bom,

Pois se escora em muita humilhação.

 

Paradigma que enaltece competição,

O miolo da capitalista procrastinação,

Desfaz a capacidade de compartilhar,

E menospreza a cortesia de colaborar.

 

Em sociedade do não querer competir,

Poderiam todos os seus membros fruir,

Dum prazer de benfazeja cordialidade,

Bem mais interessante que a rivalidade.

 

 

 

 

<center>OBSESSÃO POR POSSE</center>

    No vale-tudo pelo que uma pessoa quer, Já não reina o respeito e limite qualquer, Nem importam genuínas lidas humanas, Ante as a...