sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

PARAÍSO

 

 

Antiga e cultivada expectativa,

De católica e religiosa invectiva,

Apontava um paraíso absoluto,

A exigir procedimento impoluto.

 

Muito além do mundo sensível,

Apontava para fruição indizível,

Com plenificação da felicidade,

Para reino de grata eternidade.

 

Na fragmentação das ciências,

Nem as tradicionais sapiências,

Sustentam uma espera ansiosa,

A iniciar com a morte dolorosa.

 

Antipáticas soam orientações,

Contra imediatas degustações,

E ofertas de prazer sem limite,

Para um irrenunciável apetite.

 

A fé muito mais futebolística,

Do que a da religiosa mística,

Prioriza as drogas alucinantes,

E satisfações delas resultantes.

 

Os paraísos das isenções fiscais,

Bem mais  que anelos celestiais,

Já não requerem nem renúncia,

Frente à alucinógena brogúncia.

 

Nem se fita paraíso de saudade,

Quer do passado ou da bondade,

Mas o afã do desfrute obcecado,

Como uma bênção sem pecado.

 

O paraíso da esperança sem lado,

É o do cego consumo de mercado,

Para perecer como verme voraz,

Feito insumo que a outros apraz.

 

 

 

 

 

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