domingo, 5 de fevereiro de 2023

ARAPONGA

 

 

Teu canto estridente e estridulante,

No som agudo de ferreiro distante,

Invade meus recatados sentimentos,

De que não soltas eufóricos intentos.

 

Monótono, repetitivo e muito triste,

Ecoa nos ares sua lamúria sem riste,

Da vinda de longe e mercantilizado,

Sofres na gaiola o estado aprisionado.

 

Mesmo ecoando por longa distância,

Teu canto não encontra ressonância,

De um congênere que possa escutar,

E reagir com uma mensagem salutar.

 

Cantas por horas e horas todos os dias,

No som elevado ao mundo de porfias,

E ninguém devolve sinal de liberdade,

Para poderes cantar longe da maldade.

 

Sequer o timbre mais forte do mundo,

Do som metálico de alcance profundo,

Repercute nesta feia prisão engaiolada,

E deixa a sua cantoria toda empolada.

 

O teu canto é para ecoar bem altaneiro,

E sobre elevadas copas ser cancioneiro,

Para animar na fina irradiação metálica,

O melhor recurso da sua massa cefálica.

 

Tampouco mereces ser associado a espião,

Da ação secreta de um falsificado lampião,

Pois com voz poderosa da solidez de ferro,

Tens uma garganta que racha e trinca-ferro.

 

 

 

 

 

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