quarta-feira, 10 de outubro de 2018

RELIGIOSIDADE AMBÍGUA




Quando ocupa o lugar da espiritualidade,
E se torna ferrenha na rotineira piedade,
Esconde sua verdadeira direção religiosa,
E interage como armadilha bem perigosa.

Para religar os membros crentes ao divino,
Incorre num vulgar e no estranho desatino,
De submissão a práticas políticas e sociais,
Desvinculadas dos argumentos imemoriais.

Mesmo movida para um sentido essencial,
Que dá a razão para o mundo referencial,
Pende para a magia da mediação do além,
E acomoda à passividade que não convém.

Quer produzir envolvimento encantador,
Pelo olhar exclusivista de um dominador,
Para formar grupos sectários de potência,
Sem mediações da valiosa benemerência.

Torna-se bem categórica e controladora,
E ao invés duma atenção reconciliadora,
Entende espiritualidade pelos ativismos,
Efetuados com detalhados maneirismos.

Mede o sucesso pela agitação barulhenta,
E na conquista que sempre mais intenta,
O aumento dos preceitos e mandamentos,
Vira o segredo para motivação de eventos.

No agir paralelo ao da proposta religiosa,
Fita cegamente o olho na ação prodigiosa,
E, sem a construção do Reino anunciado,
Ignora a edificação do convívio almejado.







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