sexta-feira, 29 de setembro de 2017

SAGRADO E IMAGEM MIDIÁTICA


João Inácio Kolling

            Quando os anjos deixam a função de serem portadores de boa mensagem de Deus, perdem a razão de serem anjos. Sobra-lhes, então, a aposta no próprio corpo para encantar as pessoas.

SINOPSE

            A rica dimensão simbólica do Sagrado perde a capacidade de articular “centros organizadores” para criar sintonia entre os seres humanos no seu desejo de interação com o Sagrado. Com isso, perde também a virtualidade de facilitar bom entendimento humano, em sintonia com a ação inefável, divina ou sagrada de um ser superior.
            Sem os referenciais simbólicos e fundantes, o Sagrado é transformado em mero produto de consumo. Assim, as celebrações religiosas e litúrgicas passam a evidenciar-se como espetáculos nos quais se imita o aparato imagético televisivo.
Papavras-chave: Sagrado – mídia – espetáculo – show - emoção e transe.

1 - Preâmbulo

            São conhecidas duas grandes maneiras de interpretar o mundo e as coisas: a visão profana e a religiosa. Neste texto damos ao termo “Sagrado” a conotação de divino, transcendente e inefável e que se situa além do nosso mundo de referências.
             A leitura religiosa vê o mundo e a vida a partir do Sagrado, como “centro organizador” e a organização da vida de uma entidade religiosa, quer facilitar o bom ordenamento do Sagrado, a fim de que a “ordem” prevaleça sobre o “caos” no mundo dos humanos.
            O grande papel das instituições religiosas, de forma geral, na sua longa história e no seu empenho de colaborar com o Sagrado – teve sempre o intento de criar uma boa circularidade em torno do Sagrado.
            Sem estes referenciais, o campo do Sagrado fica delimitado ao contexto da mídia e concorre com outros meios de consumo, através da oferta de espetáculos e entretenimentos afetivos.
            Em nosso tempo, vem ocorrendo uma inversão da capacidade de aglutinação e de organização das relações humanas por parte das entidades religiosas, porquanto perdem, paulatinamente, a capacidade de alargar e de agregar pessoas em comunidades, pois, este papel foi absorvido pelo sistema de mercado, que transformou tudo em virtual produto de boa venda para o consumo.
            Com a mudança, o conjunto dos ritos religiosos litúrgicos e as celebrações festivas, com vistas a colaborar com o Sagrado e criar um entorno que lhe facilita dominar e harmonizar o sagrado no profano – agora, destituído da antiga razão simbólica – fica restrito ao consumo de momentos emocionantes.

1 – A mídia como novo centro organizador

            Desde tempos milenares a organização da vida a partir do Sagrado ofereceu aos espaços religiosos e às celebrações litúrgicas o papel decisivo de formação de núcleos organizadores da vida, fora do âmbito divino, mas, vinculados ao divino pelos ritos religiosos e, com o intento de lhe agregar muitas pessoas de forma edificante.
            Observações quase espontâneas permitem constatar uma redução notável da ação do Sagrado e do poder religioso como os melhores meios de propiciar ampliação do ambiente sagrado no meio da convivência humana.
            Segundo Jaime Carlos Patias[1], há visíveis razões para este enfraquecimento do poder sagrado, que, por sua vez, vem se deslocando para novos focos:
a)     O “centro organizador” da vida passa do âmbito sagrado para o interior da sociedade. A perda de prestígio de muitas entidades religiosas faz com que diminua sua capacidade ante os incontáveis outros “centros organizadores” presentes no interior da sociedade;
b)    Os centros organizadores religiosos concorrem com muitos outros “centros organizadores”, científicos, midiáticos, etc., e nem sempre conseguem destacar-se como melhores meios de oferta de sentido para a vida das pessoas;
c)     Da grande disputa dos muitos “centros organizadores”, emerge o refúgio em novo “centro organizador” que é o “eu” individual, e que deixa de sentir-se parte dos membros que constituem a circularidade em torno do Sagrado, mas, ele mesmo se coloca no centro do Sagrado, e olha os outros “centros organizadores” como o entorno que o circunda. Nesta mudança, muda também a tradicional distância entre os centros organizadores religiosos, que através dos ritos religiosos procuravam uma aproximação, pois, o “eu” já não carece entrar no “centro organizador” religioso dos outros para o contato com o Sagrado, porque é ele quem fica no lugar do Sagrado. Em decorrência, muitos indivíduos passam a se sentir um centro sagrado e que já não requer sacrifícios para ativar a fonte de origem da sintonia com o Sagrado.

É interessante observar o quanto as manifestações religiosas neopentecostais exploram o poder divino através do “eu” milagreiro que, em acesso especial com o Sagrado, recebeu o privilégio de curar, de libertar, de efetuar milagres e de resolver todos os problemas cotidianos dos outros “eus”. Assim o divino passa pela pessoa, e não mais por sacramentos e rituais simbólicos que remetem a uma causa fundante.
            Em outras palavras, ocorreu um salto dos “centros organizadores” religiosos como oferecedores da “verdade” das religiões, para as verdades subjetivas de indivíduos que presumem possuir poderes sagrados especiais que os outros não teriam recebido.
Tal deslocamento, afeta direta e profundamente o conceito de “rito religioso” (“ritus”, no latim, significa ordem estabelecida) para estar em sintonia com Deus e adequar-se aos seus desejos de ação, e situar-se na sua ordem, porque as cerimônias religiosas passam a ser substituídas por outras, manifestamente profanas e seculares, com a mesma motivação de estabelecer ordem no meio do caos.
Na naturalidade de se passar de ritos religiosos para os profanos, com vistas ao alcance dos mesmos fins, também se passa dos tradicionais ritos religiosos para ritos midiáticos.
E o que oferece um rito religioso profano? Na centralidade do mundo subjetivo, como lugar sagrado, importa a satisfação emocional: “o rito encontra a sua lógica no momento em que se realiza e se satisfaz em sua intensidade emocional (uma partida de futebol, um capítulo da novela, um concerto...) sem outro projeto a não ser aquele da própria realização sem nenhuma ligação com o mito, mas, só com alguns valores”.[2]
Quando o rito religioso se desvincula do Sagrado, passa a ligar-se a qualquer valor da sociedade, não necessariamente religioso: “o rito se emancipa do contexto religioso no qual era até então obrigatoriamente percebido e é reconhecido como forma geral de expressão da sociedade e da cultura”.[3]
            Nesta mudança, um rito antes religioso, vincula-se apenas a uma utilidade social, que passa a ser repetido para um fim meramente moral na sociedade. Em consequência, a mídia reproduz e reforça, com seus ritos, uma determinada visão de mundo e de sociedade. Os ritos, para tal finalidade, passam a ser multiplicados e adaptados livremente na mídia. O efeito disso é amplo e profundo: enquanto os tradicionais ritos religiosos remetem a uma origem, em vista de uma situação presente para um futuro melhor, os da mídia, são altamente efêmeros porque toda a espetacularização é para pouca duração, porque as simbologias ficam atreladas à moda, a um passageiro conceito de corpo sarado ou à fragmentação dos inúmeros fatos mesclados ao léu.

2 – Sagrado na lógica do mercado

            O mercado não apenas absorveu a religião e o sagrado, mas, apropriou-se da sua oferta de sentido, e passou a consumi-la e a vendê-la, como qualquer outro produto à “La Carte”, isto é, já não é o sagrado que produz instituições de organizações de sentido para a vida, mas, cada pessoa pode escolher muitos cardápios religiosos de acordo com a ocasião e o gosto para determinado momento.
            No lugar do perene, do absoluto e do categórico, impõem-se o fugaz, o efêmero, o instantâneo e o provisório. Longe do compromisso diário para um cultivo da espiritualidade, ou da regularidade cotidiana de fazer as mesmas coisas, valoriza-se o pluralismo de possibilidades para lanches rápidos e refeições rápidas segundo cardápios sugestivos de atendimento via Internet.
            No campo religioso, algo similar se expande, pois, o ditame da sociedade imagética produz uma fé espetacularizada para ser largamente consumida. E precisa agradar ao vasto repertório da demanda “fast-food” de muitos interessados, que sempre estão com muita pressa e que desejam algo rápido, atraente e hiper-real. Para tanto, fazem-se necessários símbolos fortes que possam insinuar o consumo dos variados cardápios.
            Um ritual religioso de espetáculo precisa oferecer muita prosperidade a fim de tornar-se progressivamente eficaz e massivo. As formas religiosas passam a ser apresentadas da mesma maneira que a dos muitos pratos da lista a “La Carte“, oferecidos num restaurante.
            Transformada em produto de venda, a Religião entra no disputado processo de conquistar mercado e uma demanda que produza retorno de venda.
            Uma Religião, como qualquer outra rede de produção de produtos de consumo, requer também técnicas de persuasão, de visibilidade a fim de que possa despertar desejos de consumo: os pregadores precisam ser eloquentes, os templos precisam ser encantadores e os shows religiosos precisam ser altamente sugestivos para atrair mais membros consumistas. E nada mais sedutor do que o uso da palavra “Self”. É a palavra mágica das chaves da crescente demanda neopentecostal, que desloca a dimensão religiosa institucional para o sincretismo religioso onde o indivíduo se serve do que gosta.
            Na lógica da economia de mercado, cabe ao indivíduo escolher o tipo de celebração que lhe apraz: ora se encanta pela fala eloquente, ora pelo rito de hipnose e transe, ora pelo milagre fácil e mágico, ora pelo show musical.
            Na tradicional concepção religiosa o indivíduo ia ao espaço religioso para ser orientado naquilo que lhe seria importante, valioso, e digno de ser feito; agora, como é ele que escolhe o momento e o tipo de celebração do seu gosto, até suporta algumas partes de um ritual religioso, em vista do aproveitamento de outras que o encantam particularmente, como uma cura, uma libertação de crises conjugais, um descarrego, uma bênção específica, e, ele, na sua condição de servir-se a si mesmo, escolhe o que lhe interessa como celebração religiosa. Torna-se uma espécie de “mcdonaldização da fé”: muitas belas caixinhas com imagens hiper-reais oferecem variados sabores e montagens de produtos sugestivos para o consumo prazeroso.

3– O poder agenciador das vestes

            Constatamos por toda parte a tendência imitadora do que se faz no ambiente televisivo, pois, ao engolir o sagrado, o ambiente televisivo o manifesta como espetáculo. Aos induzidos para devorar as imagens ou degusta-las pela sedução hiper-real, os consumidores das imagens passam a ser movidos pelas imagens que assimilaram no processo de consumo.
            Os ritos religiosos tradicionais impregnam-se do papel de remeter ao mito ou princípio fundante. Por exemplo, numa celebração eucarística, ela remete à leitura e ao comentário dos textos bíblicos, a fim de atualizar experiências de reconhecimento do amor de Deus, sempre com vistas a obter uma nova e boa relação com Deus. Uma homilia, mais do que mera explicação acadêmica ou moralizante, terá em vista o alargamento da dimensão simbólica e interpretativa do mundo do texto, a fim de iluminar a vida e o mundo: para que possam apontar novo céu e nova terra...
            Sem esta dimensão simbólica de um imaginário, uma celebração litúrgica pode facilmente descambar no “opium populi”, para tornar-se um momento irracional e emotivo com muitos delírios coletivos: uma espiritualização sem a materialidade da causa fundante e, por isso, equivale a uma carnavalização, uma folia efervescente e bem animada, mas, sem aquela importante função de remeter a um mundo com possibilidade de ação para que ele se torne integrado a melhores condições.
            Assim, um momento celebrativo move-se numa espiritualização desencarnada e, ao invés de alargar uma experiência mística, fica restrito a um momento de emotividade. Já não é uma epifania divina que se situa num ritual religioso, mas, um processo de exteriorização de emoções agradáveis. Sobra, então, um apofatismo vazio, sem o campo simbólico que remete a um “logos”.
            Convém lembrar que uma liturgia cristã deveria nortear-se pela sobriedade de uma “nobre simplicidade” que se ativa quando a razão lógica ou a tentação da folia emotiva pretendem ocupar o centro hegemônico da vida. Com afirma Ângelo Cardita, num rito religioso “desaparece a diferença entre os atores e expectadores e todos se tornam atores diante de Deus, pois interessa a todos a ação divina”.[4]
            Embora nossas celebrações litúrgicas católicas sejam taxadas como excessivamente verbalizadas e demasiadamente focadas no livro e na palavra, já desde a herança judaica, levam, de fato, a maior ênfase ao aspecto racional e discursivo do que ao aspecto visual e corporal.
            “A liturgia é por si só uma celebração na qual prevalece a linguagem dos símbolos. Uma linguagem mais intuitiva e afetiva, mais poética e gratuita... é uma celebração e não uma doutrina ou uma catequese. É a linguagem simbólica que nos permite entrar em contato com o inacessível: o mistério da ação de Deus e da presença de Cristo”. [5]
            Um perigo real que se apresenta atualmente às celebrações litúrgicas é o dos membros da assembléia se contentarem em visualizar o que outros fazem, como mero espetáculo, sem estar em sintonia com o movimento de todos os ritos da liturgia religiosa.
            Outro perigo é o de valer-se das vestes litúrgicas para expressar poder de superioridade sobre os demais. O comum é que se usem vestuários especiais para momentos especiais. Por exemplo, ninguém vai vestir-se de noiva para ir fazer compras no mercado, ou, ir a um velório vestido para banho.
            A roupa diferencia as pessoas (como autoridades, militares, categorias de associações religiosas, etc.) e, mesmo não sendo um elemento essencial e central, exerce uma comunicação expressiva. Já no século V o papa Celestino I escreveu a bispos queixando-se de que alguns sacerdotes tenham introduzido vestes especiais e interrogava: “por que introduzir distinções no hábito, se foi tradição não fazê-lo? Não temos de nos distinguir dos demais pela doutrina, não pela veste, pela conduta, não pelo hábito; pela pureza da mente, não pelos adereços exteriores (PL 50,431)”. [6]
            No ano de 539 o papa Estêvão proibia sacerdotes andarem vestidos de forma especial fora do âmbito da Igreja, mas, mais tarde, no século IX voltou uma onda sacralizadora do uso de vestes e com interpretação do sentido alegórico e moral de múltiplas razões: uso de alva para indicar pureza; casula para referir-se à paixão de Cristo, ou imitação dos sacerdotes vétero-testamentários, e, dali para frente não somente passou-se a abençoar os ornamentos usados em celebrações, mas, até vieram prescrições de preces para serem rezadas no momento de vesti-los.



4 – Irrefreabilidade da imagem midiática sobre a imagética litúrgica

            Há uma força quase compulsiva a arrastar a mídia eletrônica para o culto ao próprio corpo. Até mesmo as celebrações em lugares distantes de comunidades situadas longe das cidades, o ditame para o modo de celebrar vem do critério televisivo.
            Onde ainda existem templos, eles são transformados em auditórios. Os púlpitos, que antes constituíam o lugar para o anúncio da palavra e para simultaneamente esconder o corpo para dar maior ênfase a quem anunciava a mensagem, passam a ficar de lado diante do palco, que é o presbitério, onde a palavra já não é mais relevante, mas, some diante de corpos que são mitificados mediante spots de luz e roupas de muito contraste, a fim de propiciar um grande espetáculo e que, impreterivelmente, acaba no culto à imagem.
            Os amplos espaços físicos separam os mundos do palco e da plateia. Integração efetuada pela mídia eletrônica ocupa o espaço do ambiente e os celebrantes principais aparecem e somem como os artistas em palcos. Eles ficam no mesmo clima das estrelas de TV diante de seus fãs. Também o culto se reveste da natureza midiática, que, mesmo sem vistosas câmaras de filmagem e projeção, esteticamente estes espaços religiosos passam a assemelha-se aos auditórios de televisão.
            Como Alberto Klein salienta, “se no caso da Renovação Crismática, o padre Marcelo é apenas uma seta apontada para Jesus, como ele afirmou muitas vezes, cabe-nos refletir sobre a auto-referencialidade desta seta. Não há muitas dúvidas de que a seta acaba iluminando a si mesma, em razão do seu forte brilho”. [7]
            De modo sutil, acaba o mediador religioso obscurecendo a mensagem que quer explicitar, pois, acaba evidenciando-se a si mesmo e passa a agir como anjo que quer transmitir uma boa mensagem da parte de Deus, mas, apenas se delimita a apresentar detalhes do seu corpo e de suas asas...
            “A ostensividade dos antigos ícones religiosos ressurge nos espetáculos religiosos contemporâneos... Está claro que vivemos em um universo que se multiplica diariamente em imagem na proporção em que surgem novas mídias. Um mundo que para existir, precisou ver seu reflexo no espelho.”[8]
            O próprio corpo é transformado em imagem como meio de assegurar existência no meio social; e, a própria experiência do sagrado já começa a ser delineada sob o olhar televisual. Assim o homem atual não é apenas criador (senhor e produtor) da obra midiática, mas resultou simultaneamente em produto da mesma obra midiática, uma sofisticada máquina de produzir imagens.

5 – Grupos de canto como grupos de espetáculo

            As chamadas “equipes de animação” de canto, também conhecidas como “ministério da música”, constituem a ilustração mais visível de como o canto não constitui serviço de animação da assembleia em celebração, mas, constitui um legítimo espetáculo para encantar e impressionar a assembleia.
            Os cantos da celebração litúrgica são cada vez mais intimistas e, de maneira similar aos músicos e cantores profissionais, querem os cantores religiosos notabilizar-se pela qualidade do seu show.
            Os eventos religiosos públicos como procissões, marchas, celebrações festivas, louvações, etc. são cada dia mais disputados pelos grupos de canto porque constituem momentos de afirmação do grupo e tais ocasiões permitem demonstrar o diferencial do seu nível e da sua qualidade em relação aos outros grupos concorrentes.
            Ao lado da imitação das características de bandas e de cantores profanos em shows midiáticos, os grupos religiosos também deslocam a razão do seu serviço litúrgico: em vez de animar a assembleia, esperam que ela, silenciosa, os aprecie e que aplauda a apresentação. Assim, o mundo simbólico dos cantos litúrgicos cede lugar à religião “light”, distante da Teologia e do rubricismo litúrgico, pois, a novidade é o que mais importa. Parece que a razão principal é oferecer um espetáculo, que surpreenda e desperte grande emoção e muito “transe”. Como um grande espetáculo de futebol, supõe-se que a missa produza comoção coletiva da mesma intensidade.
            Reforça-se, pois, a materialização do “endeusamento do consumo”, marca do nosso tempo, pelo qual importa, acima de tudo, motivações que encantem para elevados níveis de sentimentos e paixões. Dali também decorre a ênfase na insistência em repetir exaustivamente cantos de louvor.

Epílogo

         A “mundanização” do Sagrado e sua banalização à condição de se constituir num produto banal e comum, na disputada publicidade de consumo, não somente esvazia o mundo simbólico das celebrações religiosas e cúlticas, mas, as nivela no mesmo patamar do espetáculo e do show.
            A perda da carga simbólica do Sagrado e do seu significado no campo religioso para a “organização da vida”, certamente levará a religião a ostentar mais anjos, mas destituídos de qualquer boa mensagem da parte de Deus, pois, estão mergulhados no comércio de si mesmos, já idolatrados diante da grandiosidade da sua própria imagem e da visibilidade dos seus corpos esbeltos, atraentes e encantadores, com vistas a distrair públicos variados.

BIBLIOGRAFIA:

ALDAZABAL, José. Gestos e símbolos. São Paulo: Loyola, 2005.
CARDITA, Ângelo. Liturgia e Educação: para uma educação da alma. In: VER. INTERD. Em CULTURA E SOCIEDADE (RICS), São Luís, v.1, nº 1, julho/dezembro de 2015, p. 9-32.
KLEIN, Alberto. A religiosidade da mídia e o fim dos iconoclastas. In: REVISTA DE COMUNICAÇÃO, CULTURA E TEORIA DA MÍDIA, São Paulo, outubro de 2002, nº1, p. 8-17.
LIRA, André Agra G. O tempo das tribos: as missas schow, as raves, as torcidas e o schows de rock. In: andreagraagra.blogspot.com.br/2010/01/o-tempo-das-tribos-as-missas-schow-as.html.
METZ, Cristian Leandro e ROCHA, Ana Luzia Carvalho da. O poder de agência atribuído à vestimenta e aos objetos sob a ótica da Antropologia social e cultural. 5ª ENP Moda (Encontro Nacional de pesquisa e moda)2014.
PATIAS, Jaime Carlos. O sagrado e o profano: do rito religioso ao espetáculo midiático. Trabalho apresentado no II Simpósio de Comunicação na Sociedade do Espetáculo, realizado nos dias 5 e 6 de outubro de 2007, na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo.
PAEGLE, Eduardo de Moura. O culto como schow entre os evangélicos brasileiros. In: anais.anpuch.org/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUCH.S25.0189.pdf
PIERONI, Geraldo. A imagética inquisitorial: religião, representação e poder. In: SAECULUM – Revista de História {30}, João Pessoa, jan/jun 2004, p. 63 -74.
VALE, Renilda Santos do. Trajes do clero: diálogos sobre patrimônio, poder e comunicação. In: revistas.ubusofona.pt/index.php/cadernossocioeomologia/article/view/5907/3556 ; acessado dia 26/09/2017.



[1]  PATIAS, Jaime Carlos. O SAGRADO E O PROFANO: do rito religioso ao espetáculo midiático. (Trabalho apresentado no II SIMPÓSIO de COMUNICAÇÃO na SOCIEDADE DO ESPETÁCULO, realizado nos dias 5 e 6 de outubro de 2007, na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo).
[2]  Idem, ibidem.
[3] Idem, ibidem.
[4]  CARDITA, Ângelo.  LITURGIA E EDUCAÇÃO: Para uma educação da alma. In: VER. INTERD. EM CULTURA E SOCIEDADE (RICS), São Luís, v. 1, nº1, julho/dezembro de 2015, p. 18.
[5] ALDAZABAL, José. Gestos e símbolos. São Paulo: Loyola, 2005, p. 14.
[6]  Idem, p. 43.
[7]  Op. Cit. p.13.
[8]  Idem, p. 14.

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