quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A eterna vítima


Sonhada e desejada,
Cada dia, mais visada,
A divina paz anelada,
Fica sempre relegada.

Briga-se para obtê-la,
E a luta para contê-la,
Trucida todos os dias,
Nas formas sombrias.

Os bodes expiatórios,
De vastos repertórios,
Rotulados e execrados,
Ornam ritos sagrados.

Mimetismo de ordem,
Distante da desordem,
Elimina para reiniciar,
Plena paz a proliferar.

Na escolha da vítima,
A morte feita legítima,
Justifica novo começo,
Sob a paz sem tropeço.

Muito unido na defesa,
Todos apoiam a alteza,
Que esvazia vasto ódio,
Deixado com o episódio.

Faz-se então grande festa,
Sobre o sangue sem aresta,
Que escorre nos não ditos,
Atribuídos a atos malditos.

Da violenta morte da paz,
Quer-se redenção que faz,
Uma mimese para guerra,
Que reinaugure outra era.


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