João Inácio Kolling
Palavras
introdutórias
O tema envolve história prolongada, com largas interferências
de organizações religiosas particulares na autonomia das esferas públicas e
estatais, e, com vasta reação anticlerical. Além disso, não faltaram muitas polêmicas
em torno dos seus reais e presumidos direitos.
Apesar deste largo substrato, o que surpreende, em nossos
dias, é que este tema vem sendo abordado, - enfaticamente, - não pelas
mobilizações anticlericais, mas, pelo eminente animador da Igreja Católica, o
Papa Francisco. Suas análises relativas ao clericalismo eclesiástico não são
nada abonadoras em favor desta ousadia de organizações religiosas na Igreja e
na sociedade.
Apesar dos rumos apontados pelo Concílio Vaticano II, que
situou o clero – não no patamar de poder hierárquico, mas, no humilde serviço,
- no contexto de cristãos batizados sem regalias especiais, constata-se,
todavia, uma volta integrista e fundamentalista que se fortalece nos
privilégios de um clericalismo ascendente que já deveria estar relegado ao
passado.
Nesta breve abordagem do tema, queremos salientar como
Papa Francisco vem reagindo diante da notável desenvoltura com que o
clericalismo se alarga e avança na Igreja e sobre o espaço público. E se a
crítica mais contundente vem do próprio Papa, indica que esta “peste” apresenta
alto potencial de contaminação, e uma sedutora tentação de ascensão fácil ao
poder, tanto para padres, quanto para leigos da Igreja católica.
1 – O que se pode entender por clericalismo
O dicionário Aulete digital informa que “clericalismo”
constitui uma influência do clero em assuntos seculares. Sabemos que também
implica em ascensão no interior da Igreja. O referido Dicionário igualmente
destaca que, por “clericalismo”, se supõe um “conjunto de ideias e atitudes dos
que apoiam de modo fervoroso, ou incondicional, o clero e suas diretrizes”.
Portanto, o clericalismo também pode envolver pessoas leigas vinculadas ao
clero.
René Remond[1]
nos oferece uma definição ampla de clericalismo e que situa bem o seu campo de
ação: “clericalismo é o vício orgânico e
característica de uma sociedade religiosa com as seguintes características:
clero rigidamente organizado em casta; um governo centralizado, autoritário e
interventor; uma religião que em sua organização e em sua atuação externa, não
está totalmente sujeita ao Estado nem se mantém por completo na margem das
questões e disputas políticas; que é instrumento de governo, e ao mesmo tempo,
tem no governo um instrumento para a defesa e a extensão do seu próprio
domínio”.
Esta definição permite ressaltar duas características
decorrentes do clericalismo: intromissão e intolerância. Neste duplo aspecto,
entra a relação com o Estado e a ação para, através dele, obter garantias ou
vantagens favoráveis a um grupo particular. Sob este sentido, um clericalismo
eclesiástico também constitui uma deturpação do âmbito público, a partir de uma
instituição religiosa de direito privado, mas, com a intenção de exercer um
monopólio sobre o público, a fim de que adote as orientações, que, na verdade,
favoreçam uma determinada associação religiosa.
Um governo democrático certamente deve manter-se sensível
ao que procede dos ambientes religiosos como representação do que eclode do
âmbito dos cidadãos, mas, isto é muito diferente do que acolher o clericalismo,
ação de um grupo organizado, mais movido por assegurar vantagens e interesses
favoráveis ao seu grupo. Por outro lado, “todo clericalismo leva associado ao
seu agir alguma forma de integrismo ou de fundamentalismo”.[2]
O clericalismo move-se para garantir direitos e
privilégios conquistados, ou ilegalmente adquiridos, a fim de assegurar suas
vantagens.
2 – Uma relação promíscua entre o público, o coletivo e o
particular
Pelo menos teoricamente se sustenta que o Estado moderno
é laico e democrático. No desconto das devidas distâncias para uma confirmação
do dado, caberia ao Estado propiciar a liberdade de consciência e o trato
igualitário para todos os cidadãos que são seus membros.
Não caberia, por outro lado, nenhuma ameaça a estes
princípios a partir de alguma instituição religiosa de domínio privado e
legitimado por vias tanto sociais quanto jurídicas para assegurar a sua vigência
e alarga-la em prejuízo de outras instituições religiosas ou do próprio
patrimônio público.
Os tipos de clericalismo podem variar de acordo com os
intentos que estão em jogo por parte de associações particulares de grupos
religiosos, na sua capacidade de intrometer-se no âmbito público e nele,
boicotar o exercício dos direitos individuais através de um poder público
ilegítimo.
Esta ação sobre o Estado, pelo menos, teoricamente chamado
de democrático e de direito, implicaria em negar ao Estado os princípios e
valores que o constituem. É evidente que não é apenas uma associação religiosa
pode praticar esta intervenção a fim de avantajar-se por regras e decisões do
espaço público.
Existem também
ações similares procedentes de um “clericalismo civil” e que impõe sobre o
Estado uma determinada opção política, valendo-se de uma força de influência e
de ação não legitimada, mas, que interfere até na autonomia espiritual das
múltiplas organizações particulares de outras associações religiosas presentes
em uma sociedade. Salazar, na Espanha, ofereceu um belo exemplo de hipertrofia
do privado para que se convertesse ilegitimamente em público, explicitando uma
tendência de monarquia de direito divino ou regime teocrático.
Além desta relação com a instituição pública, o
clericalismo também atua a nível interno da Igreja, sobretudo, pela ênfase do
papel do clero em assuntos da Igreja. Ocorre certo elitismo clerical explicitado
como evidente superioridade dos sacerdotes sobre os leigos.
3 – Alertas do Papa Francisco contra o clericalismo
eclesiástico
Em diferentes lugares e ocasiões, o Papa falou alertando
os cristãos contra os riscos do clericalismo eclesiástico.
Em carta escrita
ao cardeal Marc Quellet, Presidente Pontifício da Comissão para a América e o
Caribe, no dia 27 de abril de 2016, o Papa denunciou o clericalismo como fonte
da criação de uma “elite” de leigos na Igreja. Segundo Iacopo Scaramuzzi[3] o
Papa falou: “geramos uma elite laical
acreditando que são leigos comprometidos apenas àqueles que trabalham em coisas
dos ‘padres’ e esquecemos, ignorando o fiel que muitas vezes queima a sua
esperança na luta cotidiana para viver a fé. Não é o pastor que deve dizer ao
leigo aquilo que ele deve fazer e dizer, na vida pública”.
Na mesma conversa o Papa, destacou: “ninguém foi batizado nem padre e nem bispo”, mas, “o clericalismo leva a uma deformação do
laicato, homologando-o e tratando-o como ‘mandatário’, o que limita iniciativas
e esforços, bem como audácias para levar a Boa Nova do Evangelho a todos os
âmbitos da atividade social e, sobretudo, política.” E, assim, o Papa
alertava que a tendência do clericalismo era a de apagar paulatinamente a chama
do fogo profético, ao qual toda a Igreja estava sendo chamado para dar
testemunho no coração de seus povos. Por outro lado, o Papa destacou que o
clericalismo constitui uma das maiores deformações a ser enfrentada pela Igreja
da América Latina.
Numa homilia feita, na capela da Residência Santa Marta,
no dia 14 de dezembro de 2016, o Papa Francisco salientou: ”o clericalismo instrumentaliza e a lei
tiraniza o povo.” O povo humilde e pobre, movido pela fé no Senhor acaba
sendo a maior vítima dos intelectuais da religião, sedutores para o
‘clericalismo’ que, no Reino dos céus, será precedido pelos pecadores
arrependidos.[4]
Em outra homilia[5], o
Papa comparou um texto bíblico, contrastando a autoridade de Jesus com a dos
doutores da lei, e salientou três aspectos notáveis da autoridade de Jesus,
para destacar um necessário discernimento em torno do risco de clericalismo. A
autoridade de Jesus estaria baseada:
a) Pelo serviço
que prestava às pessoas, algo que os doutores da lei não prestavam devido à sua
psicologia de príncipes: porquanto se declaravam, mestres, autoridades e que
diziam o que devia ser feito. “Nós mandamos e cabe a vocês obedecer”;
b) Pela proximidade
que Jesus estabelecia com as pessoas, através de uma autoridade real e efetiva
e, não pela mera ação de um sedutor. A autoridade de Jesus lhe era auferida
pela proximidade, pois, não era um alérgico a pessoas, mas tocava leprosos e
doentes. Já a presumida autoridade dos fariseus, que desprezavam os pobres e
ignorantes, era a do exibicionismo, com esnobe e desfile nas praças;
c) Pela sua coerência -
enquanto a atitude clericalista dos entendidos da época era eminentemente
hipócrita, típica da postura clericalista de príncipes, que falavam uma coisa e
faziam outra, numa nítida incoerência de hipocrisia sem autoridade.
4 – Como o clericalismo se manifesta
Phyllis Sagano[6]
declarou que o clericalismo é real. “Conta
com idas a restaurantes chiques, com setores VIPs em eventos esportivos, bem
como, tem presença em cruzeiros para o Caribe. Com jantares caros, os membros
deste clube trocam suas fichas e ouvem fofocas. Tudo aí tem a ver com
carreirismo, e nada com o ministério.”
E prosseguiu: “Fico
me perguntando se não é isso o que faz bons padres diocesanos abandonarem o sacerdócio. O pior de tudo é a
politicagem em busca do poder e do prestígio. As conversas geralmente giram em
torno de quem vai ter mais destaque e onde: no jantar, na cerimônia, no
evento...”.
Muitos, bem escondidos sob as batinas, constituem-se em
grandes degustadores de vinhos finos, Whiskies, licores e de outras iguarias
sofisticadas, sequer acessíveis ao comum dos mortais. Caberia a pergunta a
respeito do que lhes dá acesso a este mundo privilegiado.
Na sua visita à Colômbia, nos dias 27 a 30 de agosto de
2016, o papa Francisco concedeu uma entrevista e voltou a tratar sobre os
resíduos do clericalismo, que foram específicos dos tempos pós-tridentinos até
o concílio Vaticano II; e que, agora, ressurgem com novo ímpeto, sob as
aparências da Igreja pós-conciliar. Trata-se de uma das maiores deformações que
merece ser enfrentada.
Segundo o Papa Francisco, “o clericalismo se instaura lá onde os pastores não vivem
suficientemente essa proximidade misericordiosa, evangelizadora e solidária com
as próprias pessoas. Quando não expressam a alegria de estar no meio do seu
povo, quando não conhecem a fundo a experiência viva e concreta daqueles que
lhes foram confiados, porque falta esta compenetração afetiva que dá o amor,
quando não sentem a urgência e a paixão de responder com o Evangelho os
sofrimentos e esperanças de seus povos...”; acabam se perdendo em seus
próprios refúgios clericais e fechamentos.
Na mesma entrevista o Papa foi interrogado a respeito da
existência de um possível clericalismo leigo, e ele respondeu que se trata de
uma tendência à “funcionalização do laicato”, e o trata como se fosse simples
executor de obras e de planos.
Os sacerdotes acabam considerando os leigos como meros
colaboradores paroquiais e pastorais, quando deveriam, pelo contrário, buscar
as modalidades mais adequadas para educar, valorizar e apoiar, junto com toda a
comunidade cristã, sua presença no mundo, sua presença ‘secular’ para construir
formas de vida mais humanas.
Uma notável ausência de vozes e iniciativas vem sendo
sentida nos espaços universitários, comunicativos e políticos, através de
personalidades fortes e de vocação abnegada diante dos seus princípios éticos e
religiosos.
Por isso o Papa Francisco indicou dois aspectos
importantes para superar o clericalismo:
a)
Evitar que existam leigos de série A e de
série B, longe do elitismo de raiz neofascista que leva os leigos a se
definirem como “leigos adultos” e “comprometidos” ou, “leigos militantes”, que
passam a usar estes qualificativos como meros recursos para fazerem seu
autoelogio;
b)
Falar de leigos sempre com a necessária
evocação do santo povo de Deus.
As duas perspectivas
inseparáveis, de batizados no santo povo de Deus e a ‘revolução evangélica’,
acabam requerendo uma conversão pessoal por um renovado encontro com Jesus
Cristo.
Certamente, pela mesma
razão, o Papa Francisco, ao acolher uma comunidade religiosa espanhola, que
comemorava 125 anos de existência, insistia: “Fujam da peste do carreirismo eclesiástico”! E prosseguiu: “Por favor, fujam do carreirismo
eclesiástico, é uma peste”. Não se esqueçam: “o diabo entra pelo bolso!”.[7]
5 – Perigos do clericalismo
Apesar do golpe sofrido pelo clericalismo diante da
mudança de auto-imagem da Igreja católica no Concílio Vaticano II, pois,
ressaltou o sacerdócio comum de todos os fiéis através do batismo e a noção de
circularidade dos diferentes ministérios, - no lugar da concepção hierárquica
de poder, - mesmo assim, constata-se em nossos dias, uma evidência de forte
expansão da força clericalista, sobretudo, entre recém ordenados e candidatos a
serem padres. Há poucos dias um menino de cerca de sete anos declarou, categoricamente,
que pretendia ser padre, mas, padre somente por alguns anos. Depois queria
arrumar uma mulher e ser bispo... O imaginário já reflete esta concepção
carreirista.
O editorial da Revista
católica britânica The Tablet, do dia 21-05-2011, já destacava que: “No vestuário e na atitude, alguns deles
parecem ansiar - quase narcizicamente – por uma restauração do elevado status
do padre que caracterizava a vida paroquial nos anos 1950. Uma forma mais suave
de clericalismo ainda está aparente nas estruturas diocesanas e no próprio
vaticano, onde poucos leigos podem ser encontrados e, geralmente, em posições
relativamente inferiores. E o clericalismo automaticamente marginaliza ou
exclui as mulheres”.
Em nosso ambiente
brasileiro, sobretudo, em capitais e na região centro-oeste, é altamente
ostensiva a busca de precedência pela veste e por outros aparatos religiosos que
eram ostentados em tempos anteriores ao Concílio Vaticano II.
Jorge Hernandez,
respeitável pensador mexicano, ao comentar o discurso do papa para a
coordenação do CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano), no Rio de Janeiro
em 2007, salientou o risco de três tentações, das piores, para o catolicismo:
a)
Ideologização
do Evangelho – que se vale de chaves de interpretação
do Evangelho, fora do Evangelho e que pode apresentar quatro variantes: 1 – Psicologismo – que reduza a fé a
meras experiências agradáveis. E como tal característica se encontra
disseminada em grande parte das celebrações litúrgicas!; 2 – Gnosticismo moderno – que intelectualiza
o Evangelho para grandes debates e com emissão de críticas sem comunhão real
com a Igreja; 3 – Um Pelagianismo –
que desconfia da graça de Deus e, por isso, somente foca soluções disciplinares
rígidas; 4 – Reducionismo socializante
– que interpreta tudo apenas pelas ciências sociais;
b)
Tentação
funcionalista – que paralisa a Igreja e a transforma em
ONG, para focar e visar somente uma eficácia de resultados;
c)
Tentação
clericalizante – que reduz a experiência eclesial ao que
é feito pelo clero. Segundo Hernandez, é a pior tentação e, em boa parte, por culpa
dos leigos, através da excessiva delegação de trabalhos aos sacerdotes.
Poder-se-á também
acrescentar outro traço da realidade brasileira em que leigos financiam
viagens, roupas caríssimas e criam um enorme aparato de bajulações em torno do
padre, que, por sua vez, vira seu refém como “um príncipe encantado” e, figura
meramente ornamental.
No dia 24 de novembro de
2016, ao falar na 36ª Congregação dos Jesuítas, o Papa Francisco ressaltou: “o clericalismo é rico. E se não é rico, tem
um apego às posses. Ele não se deixa ser criado pela mãe pobreza, mas deixa que
protejam o muro da pobreza. O clericalismo é uma das piores formas de riqueza
pelas quais a Igreja é acometida, ao menos em alguns lugares da Igreja e mesmo
nas experiências mais cotidianas”.
Em audiência privada ao
brasileiro, padre Vilson Groh, de Florianópolis, no dia 16 de fevereiro de
2017, o Papa recomendou como central para uma “Igreja em saída”, que os leigos
terão que ser os grandes protagonistas contra o clericalismo crônico que no Brasil
e na América Latina vem se manifestando: “A
Igreja no Brasil e na América Latina é muito clericalizada (clericalismo como
substituição da centralidade de Jesus Cristo pela hierarquia da Igreja) e que é
preciso romper com isso e abrir um tempo de protagonismo leigo... É preciso se
pensar no Brasil, nas celebrações presididas por leigos formados, e não apenas
por padres”.
Em outra ocasião, falando à
União Internacional das Superioras Gerais, no dia 12 de maio de 2016, o papa
reforçava seus alertas contra o clericalismo: “Pensemos que hoje mais de 60 por cento das paróquias, das dioceses
não sei, - talvez um pouco menos - não tem conselho para os assuntos econômicos
nem o conselho pastoral. Que significa? Que aquela paróquia ou diocese é guiada
com um espírito clerical, só pelo padre, que não concretiza aquela sinodalidade
paroquial ou diocesana”.
O Papa comentava esta
exigência, já contida no Direito Canônico, pois, é obrigação do pároco dispor
de um conselho de leigos, para e com os leigos, leigas, e religiosos, no que
diz respeito à pastoral e aos assuntos religiosos.
Como em tantas ocasiões,
também aos 85 capitulares do Capítulo Geral dos Missionários do Sagrado Coração
de Jesus, no dia 24 de novembro de 2016, o papa Francisco insistia: “Jamais cedam ao mal do clericalismo que
distancia o povo e, especialmente, os jovens da Igreja...”.
Nesta surpreendente
insistência do Papa contra o clericalismo, mais do que uma decorrência da sua
hermenêutica bíblica para a orientação da Igreja Católica, transparece a ação
perversa de grupos religiosos muito bem organizados e que não aceitam perder o
status quo de seus privilégios.
Epílogo
Dos muitos alertas
emitidos pelo Papa Francisco contra o clericalismo em expansão efervescente e,
com inovados tentáculos no interior da ação evangelizadora da Igreja, depreende-se
uma inquietação estranha: porque estas enfáticas apelações do Papa causam tão tímida
e frívola reação entre padres e leigos da Igreja católica?
Infelizmente, um sintoma,
merecedor de uma análise mais aprofundada, vem soltando indícios: boa parte do
clero e das lideranças leigas consideradas “conscientes, ativas e atuantes”,
que está na animação dos principais movimentos da Igreja no Brasil, repete
abusivamente citações de frases do Papa Bento XVI e de João Paulo II, mas, não
cita e nem faz a menor referência ao Papa Francisco.
Bem sabemos que a visão
teológica e eclesiológica do Papa atual tem perspectiva evangélica radicalmente
diversa daquela dos papas anteriores, que, através do estímulo dado aos
movimentos eclesiais, abafaram e soterraram a rica caminhada de fé na América
Latina em torno das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), tão marcante na vida
e na ação evangelizadora do Papa Francisco, antes de assumir o Papado. Em decorrência,
os “bem formados” para o clericalismo, - na animação dos movimentos mais prestigiados
- não cultivam o menor interesse por uma “Igreja em saída”, porque esta, a dos
resultados afetivos e milagreiros, já lhes assegura uma bela e confortável
precedência.
Apesar da inoperância de
passos efetivos para uma “Igreja em saída”, a orientação do Papa Francisco é,
certamente, de um alcance incomparavelmente mais profético e plausível para o
rumo futuro da Igreja, do que aquela resultante das prescrições de seus
antecessores.
[2]
IGLESIA, César Tejedor de la. El assedio
del clericalismo eclesiástico à la democracia. Astrolabio.Revista
internacional de Filosofia. Ano 2012. Nº13, p. 406-415.
[3]
Publicado no sítio Vatican Insider, no dia 26-04-2016, traduzido por Moisés
Sbardelotto.
[4]
Segundo reportagem de Iacopo Scaramuzzi, publicada no Vatican Insider, de
13-12-2016, com tradução de André Langer.
[5]
Feita no dia 11 de janeiro de 2017, segundo a reportagem de Débora Donnini,
publicada no sítio Radio Vaticana, de 10-01-2017 e com trad. De Moisés
Sbardelotto.
[6]
Pesquisadora na Ofstra University de Hemstead, Nova Yorg, em artigo publicado
por National Catholic Reportes de 01-06-2016, com trad. De Isaque Gomes Correa.
[7] Segundo reportagem de Iacopo Scaramuzzi,
publicada no Vatican Insiders, 30-03-2017, trad. Cepat.
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