quinta-feira, 3 de agosto de 2023

SOB CULTURA DO DESCARTE

 


Um longo processo cultural,

Em traço visto como natural,

Seleciona alguns, e descarta,

Diante duma demanda farta.

 

Assim, velhos vão sobrando,

Menos eficazes não obrando,

Pois a eficiência é valorizada,

E a sua queda é preconizada:

 

Sabe que o jogo do descarte,

Não condecora com baluarte,

Mas, relega ao conformismo,

Da ordem de sádico cinismo.

 

Uma vez relegado do direito,

Perece todo valioso respeito,

Que competência propiciava,

E na intuição se preconizava:

 

Rumar para a marginalidade,

E acalantar a doce saudade,

Do tempo passado já quieto,

Povoado de sonho irrequieto.

 

Até campo religioso descarta,

Em nome de uma divina carta,

E muda teologia em ideologia,

Para firmar-se numa apologia.

 

Ao dizer que Deus quer assim,

Defende-se ideologia chinfrim,

Captada de vetusta afirmação,

Para negar alguma modificação.

 

Mulher, na eira da comunidade,

Numa suposta lei da divindade,

Assegura seleta elite masculina,

Para garantir poder que domina.

 

Na vasta sacralização do poder,

Nada de novo se quer aprender,

De que chamado à governança,

Não é divina e precípua herança.

 

Descarte contra o jeito de Cristo,

Ignora todo seu modo benquisto,

E eleva num falso apelo ao cargo,

Poder superior, livre de embargo.

 

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...