domingo, 16 de agosto de 2020

PRÁTICAS REPARATÓRIAS



Largo tempo da vida humana,

E de fazeres da lida cotidiana,

É empreendido nos reparos,

Para contornar os anteparos.

 

Muitíssima gente do planeta,

Vive da prática de ampulheta,

Para reparar desde banheiros,

A portões, jardins e terreiros.

 

Outros lidam com os doentes,

E múltiplos tipos deficientes,

Quer os psíquicos e afetivos,

Aos de carentes de lenitivos.

 

Com as reparações mentais,

Existem terapêuticas vitais,

A exigir reparos cirúrgicos,

Com enxertos metalúrgicos.

 

Inúmeros centros estéticos,

Ao lado daqueles protéticos,

Reparam estragos e feiuras,

Para aparências de canduras.

 

Os mecânicos e lanterneiros,

Encanadores e enfermeiros,

Aos reparadores de fraturas,

Nenhum oferece caricaturas.

 

Na complexa rede de reparos,

Os corpos e objetos tão caros,

Transformam seres humanos,

Em híbridos cheios de planos:

 

Parafusos, conexões e válvulas,

Com próteses, enxertos e bulas,

Preenchem imaginário estético,

Sem a memória de código ético.

 

Perde-se identidade e memória,

E tantos gostam de uma glória,

Constituídos somente objetos,

Das vitrines e aparatos abjetos.

 

  Na adoração da objetalidade,

O corpo alterado à saciedade,

É domesticado para a venda,

De multiuso de boa oferenda.

 

Até os sorrisos e belas imagens,

Rodeados de muitas bricolagens,

Viram reféns dos manipuladores,

Que sugam imagéticos pendores.

 

 

 

 

 

 


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