terça-feira, 14 de julho de 2020

DEUS DAS COISAS E LOISAS

 

Como deus cananeu adorado,

Em majestoso touro dourado,

Em reino de prazer e vaidade,

Cultua-se o corpo à saciedade.

 

O poder superior da divindade,

Aponta para toda a sociedade,

Que altar do capital absorvido,

É auge do herói bem-sucedido.

 

Sob a prosperidade do dinheiro,

Todo negócio ilícito aventureiro,

Na graça do oligopólio da mídia,

Constitui a abençoada perfídia.

 

Profetas disputam e negociam,

Com dinheiro que reverenciam,

A felicidade plena do consumo,

E o entretenimento sem rumo.

 

O imagético do sagrado superior,

Não requer a qualidade interior,

Mas a astúcia para bom negócio,

Que permita máximo lazer e ócio.

 

Indiferença atinente à vida alheia,

Oferece um segredo de divina teia:

Fazer sonhar com incrível consumo,

E levar todos no idolátrico aprumo.

 

A santidade máxima do automóvel,

Se alarga no contínuo sonho móvel,

De um carro novo mais sofisticado,

Para graduação no âmbito sagrado.

 

Por isso o planeta morre entulhado,

De carro novo e velho por todo lado,

Mas, que prenuncia um fim fatídico,

Da ilusão infeliz de sonho inverídico.

 

Restam loisas sobre vidas alienadas,

Que frias pedras deixam soterradas,

E que o deus adorado e tão dourado,

Deixou a sina da morte sem legado.

 

 

 

 

 


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