quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Corrupção e alegres expectativas



            Os que já celebraram muitas festas de natal sabem que nem todo acalanto de sonhos, deste tempo de especial consumismo, produz alegria e bem-estar, mesmo com o consumo de iguarias gostosas. Também sabem que, mais do que mera festa, o natal representa para os cristãos a simbologia para festejar a luz que Jesus Cristo representa para o anseio humano.
            Ao lado das variadas motivações alimentadas para um natal muito significativo, sabemos que a festa, que lembra o nascimento de Jesus Cristo, nos interpela para um tipo de relações humanas, nem sempre muito destacadas em nossa convivência. Um problema tão candente e atual de nossos dias é o da corrupção. O evangelista Lucas (3,10-18) salienta como já antes do nascimento de Jesus Cristo, este problema era preocupante: a religião do povo tinha se transformado num sacrificialismo exterior, sem efeitos práticos para a vida e o respeito humano foi, gradualmente, substituído pela prepotência de invasores imperialistas, com cooptação de soldados e sacerdotes.
 Por isso, Lucas, ao reler os fatos que antecederam o nascimento de Jesus Cristo, salienta a pregação do profeta João Batista: este conclamava o povo da região do rio Jordão a um batismo, para expressar purificação das situações de pecado. O profeta dava uma resposta aos grandes anseios naquele povo pobre, oprimido e espoliado do seu tempo: evitar que pessoas ficassem sem roupa e sem comida, ameaça que aumentava progressivamente, e, que, quem mais extorquia o povo já empobrecido, - os soldados e cobradores de impostos, - parassem de roubar.
Nossos dias apresentam um quadro ainda mais complexo do que aquele que antecedeu o nascimento de Jesus Cristo, porque o número de ladrões além de proporcionalmente maior, se manifesta em níveis mais amplos da sociedade. Assim como as pessoas contemporâneas de João Batista olhavam com saudades para os tempos da dinastia de Davi, - muito diferente e melhor, - passaram a sonhar com a restauração daquela dinastia.

Este espírito carregava algo especial nas esperanças: recuperar a alegria da boa convivência. De maneira similar, olhamos para o que Jesus Cristo fez e nos sensibilizamos para o que anunciou no meio de um quadro político, econômico e social altamente desigual e injusto. À luz das suas orientações, que já  não nos remete a desejar uma dinastia davídica, e, nem tampouco, qualquer forma de ditadura monárquica, desejamos, o que a maioria da nossa sociedade certamente deseja: uma convivência mais justa, ordeira e, por isso mesmo, mais alegre. Mais do que a festa, importa o sentido para a vida!

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