Nossos dias, assustadoramente
obcecados e induzidos ao consumo,
Somente nos apontam uma única
premissa de felicidade no rumo,
Consumir muito e descartar tudo, para
poder consumir ainda mais,
E evitar que os outros absorvam o
mesmo desejo e se tornem rivais.
Quando a fé já não vê nenhuma pobreza,
nem negligência com a terra,
Obsessiva pelo divino para que venha
auferir mais que todo bem encerra,
Perde-se a comunhão profunda com o
que contorna a condição humana,
E já não se capta na grandiosa vida
do cosmos o sinal divino que emana.
O empobrecimento dos sentidos para
apenas produzir e muito consumir,
Faz com que a pulsão profunda da
afetividade humana passe a subsumir,
Sob a possessiva manipulação dos
desejos induzidos a favor do mercado,
E na amnésia do vital para as
relações culturais aniquila-se o rico legado.
Quando a capacidade de diálogo é
canalizada para não aprender a amar,
E se coloca como auge o consumo de
alimentos insalubres para devorar,
O confinamento sedentário nos
estabelece no nível da engorda dos bois,
Restringindo toda qualidade humana em
função do consumo para depois.
Sem a sensibilidade de nos enriquecer
com o entrono da vida do planeta,
Revelamos uma patologia de
espiritualidade alienante e de mera mutreta,
Que não respeita os recursos naturais
para fruí-los na sua ampla inteireza,
E assim perde-se a dimensão do divino
que ali se revela com toda beleza.
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