sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O divino do profundamente humano



Nossos dias, assustadoramente obcecados e induzidos ao consumo,
Somente nos apontam uma única premissa de felicidade no rumo,
Consumir muito e descartar tudo, para poder consumir ainda mais,
E evitar que os outros absorvam o mesmo desejo e se tornem rivais.

Quando a fé já não vê nenhuma pobreza, nem negligência com a terra,
Obsessiva pelo divino para que venha auferir mais que todo bem encerra,
Perde-se a comunhão profunda com o que contorna a condição humana,
E já não se capta na grandiosa vida do cosmos o sinal divino que emana.

O empobrecimento dos sentidos para apenas produzir e muito consumir,
Faz com que a pulsão profunda da afetividade humana passe a subsumir,
Sob a possessiva manipulação dos desejos induzidos a favor do mercado,
E na amnésia do vital para as relações culturais aniquila-se o rico legado.

Quando a capacidade de diálogo é canalizada para não aprender a amar,
E se coloca como auge o consumo de alimentos insalubres para devorar,
O confinamento sedentário nos estabelece no nível da engorda dos bois,
Restringindo toda qualidade humana em função do consumo para depois.

Sem a sensibilidade de nos enriquecer com o entrono da vida do planeta,
Revelamos uma patologia de espiritualidade alienante e de mera mutreta,
Que não respeita os recursos naturais para fruí-los na sua ampla inteireza,
E assim perde-se a dimensão do divino que ali se revela com toda beleza.








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