Independente
das convicções político-partidárias e das razões ideológicas para que uns e não
outros devam nos governar, causa estupefação, por exemplo, constatar a
veiculação no Facebook e em outros meios de informação, de ofensas a pessoas com
assustadores níveis de ódio.
Parece que um clima emocional fala
mais alto do que as regras, o bom-senso e a capacidade de discernir diante do
que se veicula. Assim, também em nosso meio, a iminência de reações extremistas
tende a ameaçar qualquer anseio de paz e de esperança para dias melhores na
convivência humana.
Aos
cristãos, abre-se, neste tempo de preparação do natal, uma recordação muito
importante da memória do povo de Israel: depois dos múltiplos fracassos do povo,
sempre metido em ódios e guerras, e, depois do deprimente exílio na Babilônia, a
notícia do fim deste exílio despertou as melhores esperanças nos poucos
sobrantes vivos.
Voltaram a sonhar com o desejo de ajuntar o
povo em torno de Jerusalém. O profeta Baruc logo apontou para algo que seria
fundamental, a fim de se evitar o velho ciclo de violência e de ódio: o tempo
somente poderia ser de salvação e de melhores condições com o requisito
imprescindível da misericórdia e da justiça!
Outro
profeta contemporâneo de Baruc, Jeremias, já havia anunciado que Jerusalém
deveria mudar de nome: deveria chamar-se Deus nossa Justiça. Baruc, de modo
similar, sugeria que o nome daquela cidade deveria ser “Paz da justiça e do
bem-estar em Deus”.
Como a lição
tirada dos acontecimentos foi apenas parcial, e o caminho da justiça obteve
pouco avanço, em anos anteriores ao nascimento de Jesus Cristo, um terceiro
profeta se tornou notável pelo seu discurso: era João Batista a convocar para
um processo de conversão. Acabou delineando, com seu discurso radical pela
mudança de vida, uma luz nova no meio dos desencontros humanos. A conversão
teria que aplainar a estrada de entendimento entre montanhas e precipícios,
numa clara alusão aos grandes desníveis do desencontro humano.
Nosso tempo
de bombardeios de informações acaba enchendo e aturdindo a cabeça com
expectativas pessimistas a respeito de um possível entendimento entre as
pessoas. Por isso, mais do que nunca, precisamos fazer algo para aplainar
desencontros humanos e facilitar o entendimento a fim de propiciar regras
justas e ações levem a espalhar reconciliação e a vivenciar o modo de ser de
Jesus Cristo como luz para tempos tão obnubilados por ódios humanos e desencontros
entre pessoas.
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