quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Tempo de reconciliação



            Independente das convicções político-partidárias e das razões ideológicas para que uns e não outros devam nos governar, causa estupefação, por exemplo, constatar a veiculação no Facebook e em outros meios de informação, de ofensas a pessoas com assustadores níveis de ódio.
Parece que um clima emocional fala mais alto do que as regras, o bom-senso e a capacidade de discernir diante do que se veicula. Assim, também em nosso meio, a iminência de reações extremistas tende a ameaçar qualquer anseio de paz e de esperança para dias melhores na convivência humana.
            Aos cristãos, abre-se, neste tempo de preparação do natal, uma recordação muito importante da memória do povo de Israel: depois dos múltiplos fracassos do povo, sempre metido em ódios e guerras, e, depois do deprimente exílio na Babilônia, a notícia do fim deste exílio despertou as melhores esperanças nos poucos sobrantes vivos.
 Voltaram a sonhar com o desejo de ajuntar o povo em torno de Jerusalém. O profeta Baruc logo apontou para algo que seria fundamental, a fim de se evitar o velho ciclo de violência e de ódio: o tempo somente poderia ser de salvação e de melhores condições com o requisito imprescindível da misericórdia e da justiça!
            Outro profeta contemporâneo de Baruc, Jeremias, já havia anunciado que Jerusalém deveria mudar de nome: deveria chamar-se Deus nossa Justiça. Baruc, de modo similar, sugeria que o nome daquela cidade deveria ser “Paz da justiça e do bem-estar em Deus”.
            Como a lição tirada dos acontecimentos foi apenas parcial, e o caminho da justiça obteve pouco avanço, em anos anteriores ao nascimento de Jesus Cristo, um terceiro profeta se tornou notável pelo seu discurso: era João Batista a convocar para um processo de conversão. Acabou delineando, com seu discurso radical pela mudança de vida, uma luz nova no meio dos desencontros humanos. A conversão teria que aplainar a estrada de entendimento entre montanhas e precipícios, numa clara alusão aos grandes desníveis do desencontro humano.

            Nosso tempo de bombardeios de informações acaba enchendo e aturdindo a cabeça com expectativas pessimistas a respeito de um possível entendimento entre as pessoas. Por isso, mais do que nunca, precisamos fazer algo para aplainar desencontros humanos e facilitar o entendimento a fim de propiciar regras justas e ações levem a espalhar reconciliação e a vivenciar o modo de ser de Jesus Cristo como luz para tempos tão obnubilados por ódios humanos e desencontros entre pessoas.

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