Um dos
assuntos mais falados e comentados dos últimos meses é, certamente, o do
impacto da corrupção e da desonestidade de pessoas que dizem trabalhar para o
bem do povo.
Numa afronta
à legislação e num desrespeito profundo aos direitos auferidos ao povo, iguais a
todas as pessoas deste país, a ambição desmesurada de parte deste povo, deixa a
outra grande maioria das pessoas em situações muito precárias e difíceis.
Se olharmos
para a história do povo bíblico, vemos que algo similar se manifestou em
diversos momentos. Basta lembrar os discursos dos profetas, sobretudo, nos
períodos de monarquia. Na intuição destes profetas manifestava-se uma tônica e uma esperança comum: um olhar para além da crise e do momento desanimador, provocado pela
desonestidade e falsidade ideológica de setores daquela sociedade.
Os profetas, ao mesmo tempo, reliam o
passado e procuravam detectar as raízes causadoras do desequilíbrio social.
Jeremias (31,31-34), por exemplo, num momento de crise aguda, apontava a
misericórdia de Deus diante da quebra da antiga aliança estabelecida sobre o
monte Sinai. As importantes regras éticas dos 10 mandamentos, já não produziam
efeitos eficazes, e, tampouco, sensibilizavam as pessoas para a honestidade.
Jeremias passou a anunciar o desejo
de Deus, disposto a uma nova aliança: teria que ser uma lei a mover o coração e
as entranhas! A partir desta disposição interior, não haveria mais necessidade
de moralização do outro e, nem de sua condenação por pecados cometidos. Em
outras palavras, a intuição de Jeremias, apontava para além da imagem, da
aparência e do disfarce de ser bom, o valor essencial do testemunho de vida.
Entranhas e coração significam a profunda coerência para realmente testemunhar
– mais do que falar – os valores religiosos.
Quando tantos pecados sociais refletem
a falência das regras estabelecidas e, nos incitam a entrar no mesmo jogo, com a
perspectiva das melhores vantagens pessoais, cabe um oportuno critério
profético para além desta praxe. Um dos possíveis caminhos é o de aceitar os
pecados que aconteceram, mas, predispor-se para assumir outros critérios mais
coerentes.
Segundo o evangelista São João (12,
20-33), quando gregos foram a Jerusalém com o desejo de adorar Jesus Cristo, este
mandou alguns discípulos informá-los de que seu discipulado implicava em angústia,
em cruz e em morte, e, simultaneamente, lhes apontou que aquele momento
presente constituía o julgamento, pois, na medida em que a maldade deste mundo
fosse evadida, os envolvidos neste processo, seriam atraídos a Jesus Cristo.
Por conseguinte, mais do que adorar um Jesus divino, convém acolher sua
interpelação para um modo de ser reto e honesto, que mais se aproxima do seu
modo de ser, e que será capaz de apontar um caminho que realmente salva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário