O humor é
afetado por muitas e imprevisíveis situações. Ora é surpreendido por quadros desagradáveis, ora por encantadoras surpresas. Em alguns momentos o humor alarga o
melhor dos entusiasmos; já em outros, aponta melancólico desfecho de algo que
parecia importante e valioso.
O entusiasmo
por algo novo, estável, melhor e mais duradouro, marca grandes momentos
existenciais, geralmente celebrados com ritos de passagem e com as melhores
promessas. Mesmo assim, certos momentos marcantes fenecem rapidamente, porque
aparecem outros horizontes e possibilidades totalmente inéditas; ainda outros
grandes pactos se fragilizam, com o tempo, por falta de atualização. Mesmo
aqueles melhores entusiasmos que queremos tornar inesquecíveis, precisam ser reativados
para continuar a nos encantar.
O entusiasmo
depende muito mais do que da vontade própria, do entorno dos ambientes sociais
e coletivos e, facilmente, leva-nos a oscilar de uma perspectiva a outra:
vai-se ao encontro de alguém para expressar alegria e amizade e volta-se
frustrado; quer-se fazer um protesto pacífico e acaba-se em atos de violência;
quer-se honrar a palavra dita, prometida e confirmada e, rapidamente, faz-se o
avesso.
A
proximidade da celebração da Páscoa, culminada na grande passagem de Jesus, nos
ativa a memória de como foi curto o entusiasmo dos que receberam Jesus na
entrada de Jerusalém. Num momento, acolheram-no com os mais expressivos
símbolos da alegria e do contentamento e, poucos dias depois, já se posicionaram
do outro lado, e toleraram sua eliminação através de morte, pregado numa cruz.
Os textos evangélicos salientam que, ao lado da efusiva acolhida, Jesus entrou
na cidade montado num jumento.
Trata-se de um símbolo muito
importante: reis, nobres, guerreiros e invasores entravam nas cidades montados
em cavalos amestrados e velozes. Jamais alguém ousaria confrontar-se montado
num jumento para guerrear contra alguém sobre um cavalo e, tampouco, alguém
ousaria fazer guerra utilizando-se da montaria de jumentos, pois, são animais
lerdos, embora fortes pelo seu tamanho.
A recordação deste episódio da semana
que antecedeu a morte de Jesus Cristo, desperta a constatação de quão
facilmente também nós esquecemos propósitos, pactos, promessas e solenes
celebrações de procedimentos para o resto da vida, mas que, por razões as mais
variadas, esfriaram, perderam elã e, de repente, passaram a ser vistos como um
jugo insuportável ou como situação sem nenhum sentido e, por isso mesmo, foram
relegados.
Possa a nossa motivação despertada em torno da
memória da Páscoa, reavivar o entusiasmo pelos bons sentimentos de passagem a
fim estes voltem a apontar mais qualidade ao nosso oscilante mundo de
entusiasmos e tornar mais estáveis as forças da ação solidária e da boa
conservação do planeta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário