quarta-feira, 8 de agosto de 2018

ORAÇÕES ARROGANTES




Longe da humildade perseverante,
Que clama com um ardor anelante,
Em vista de alguma causa solidária,
Sobressai uma arrogância arbitrária.

Uso político de negociar barganhas,
Em favor das interesseiras manhas,
Distorce a razão última da religião,
E a torna refém da própria ambição.

Impregnadas de violência e poder,
Tantas pregações só sabem ofender,
Distantes de serem gestoras de paz,
E do mínimo de respeito que apraz.

Por horizontes de identidade forte,
Em ambições estamentais de porte,
Assimetrias de visível ambiguidade,
Enganam a translúcida boa vontade.

Sob o fanatismo do “nosso grupo”,
Acha-se em texto sagrado o apupo,
Para enaltecer o poder da palavra,
Contra toda manifestação macabra.

No abuso dos poderes discursados,
Aumento notável dos subordinados,
Interessa bem mais que agir divino,
E valiosa solidariedade de peregrino.

Na ideologia de posse e de domínio,
E a superior batalha de condomínio,
Explora-se a seleta barca de amigos,
Contra ousada diabrura dos inimigos.

Na apelação exclusivista de barganha,
Ante tanta prostração que se acanha,
Impõe-se velho maniqueísmo do bem,
A enfrentar astúcia diabólica do além.

Mais do que predispor-se a nova pista,
Interessa a rápida e exitosa conquista,
Para aumentar o domínio e território,
E ser proclamado por título meritório.








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