quinta-feira, 28 de junho de 2018

FASTIO DOS DESEJOS




Nas incontáveis indústrias dos apetites,
Fabricam-se fantasias e tarados palpites,
Para a economia centrada no consumo,
Ainda que desaponte todo lúcido rumo.

São tantos desejos a serem alcançados,
Que os apetites já ficam desengonçados,
E desiludidos nas preferências de gosto,
Agregam tudo quanto propicia desgosto.

A decepção chega a sentimentos íntimos,
E fustiga detalhes abscônditos e ínfimos,
Perturbando os sentimentos arraigados,
Nos mais valorosos e humanos legados.

O paraíso sem fim de chances amorosas,
Torna quaisquer oportunidades valiosas,
Sombras fugitivas a sumir na escuridão,
Para deixar somente rastros de solidão.

Quando tudo acaba provisório e fugaz,
Nenhum bom acalanto objetivo apraz,
Para pactuar uma experiência gostosa,
Que aponte uma intuição mais ditosa.

Ainda bem que no rolo das decepções,
Sempre voltam as renitentes emoções,
Que indicam pistas para atos de amor,
E recriam o centro do humano clamor:

O grito vibrante de achego e amizade,
Para além da euforia de prosperidade,
Que viabiliza o sentido do bem viver,
E a genuína ternura de se enternecer.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

<center>ERA DIGITAL E DESCARTABILIDADE</center>

    Criativa e super-rápida na inovação, A era digital facilita a vida e a ação, Mas enfraquece relacionamentos, E produz humanos em...