quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

VAZIO DO LEGADO

 

 

Quanto ao seu passado,

Teria relato condensado,

Como credencial valioso,

Para o desfrute de gozo?

 

Nesta dura sina da vida,

Também fica preterida,

Toda a causa idealizada,

Para vida reta e ilibada.

 

Nem obras e nem gestos,

Tampouco atos honestos,

Pesam na ação julgadora,

Para uma lida agregadora.

 

Do efeito das impressões,

Dos que indicam direções,

Sobe a voz da autoridade,

Com suposta sinceridade.

 

Pesa somente a utilidade,

E nada da especificidade,

Para execução de tarefas,

Com estabelecidas blefas.

 

O que assegura a função,

É aquela rígida abjunção,

Do agrado para o deleite,

Em vista do belo enfeite.

 

Se não prolifera agrados,

Recebe indiretos legados,

De impróprio para função,

E é cobrado para remoção.

 

A ninguém interessa saber,

Do quanto fez enternecer,

A vida em dores profundas,

De derrotas nauseabundas.

 

Como um lixo é descartado,

Sem a memória do passado,

E já relegado ao ostracismo,

É apenas velho sem batismo.

 

Nada do memorial saudoso,

Do tempo de perfil vigoroso,

Para uma elevação humana,

De solidariedade que irmana.

 

Fadado a subsumir como lixo,

Sobra-lhe só o subjetivo nicho,

De rememorar para a solidão,

O quanto fez com sua aptidão.

 

 

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