No desencanto iluminista,
Tão liberal e progressista,
Sob felicidade prometida,
Amarga-se vida desiludida.
A vasta pandemia virótica,
Escancara a ilusória ótica,
Desta felicidade individual,
Isenta de um vínculo social.
A peste também escancara,
Com evidencia muito clara,
O colapso iminente da vida,
Da nossa Terra ensandecida.
O sentimento tão humano,
Ante sistema social insano,
Já no limite do suportável,
Produz desgaste inexorável.
O cansaço carcome sonhos,
E causa pesadelos bisonhos,
Com torpor de incapacidade,
E engole a boa solidariedade.
O cansaço do senso coletivo,
Sem ânimo e já sem lenitivo,
Eclode na ineficiente política,
E refuta a economia acrítica.
Cansaço ante o desemprego,
Dum espoliante descarrego,
De elites que se enriquecem,
E pobres multidões padecem.
Cansaço para reação coletiva,
Ante a espoliadora invectiva,
Do fundamentalismo brutal,
Causa acuo de medo fulcral.
Na quase invisível esperança,
Diante do roubo e lambança,
Lateja uma frágil emergência,
De novo modo de convivência.
O cansaço indica premência,
De ilibada razão de vivência,
Solidária bem acima do lucro,
E sem este capitalismo xucro.
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